A sociedade americana do câncer ressalta que, para a maioria dos americanos que não fumam, a dieta e a atividade física são os fatores modificáveis mais importantes na redução do risco de desenvolvimento da doença. De fato, evidências de que a atividade física esta associada à prevenção, ou redução no risco de desenvolvimento do câncer tem sido acumuladas rapidamente. Atualmente, os dados epidemiológicos classificam o efeito do exercício na redução do rico de câncer como “convincente” para cânceres de mama e cólon, “provável” para câncer de próstata, “possível” para pulmão e câncer de endométrio e “insuficiente” para outros locais. A realização de mais pesquisas certamente permitirá que possamos melhor estabelecer a relação entre o risco de desenvolvimento de diversos tipos de câncer e atividade física, bem como permitirá um melhor detalhamento dos mecanismos biológicos que explicam tais associações.
Organizações de saúde calculam que o câncer seja responsável pela morte de seis milhões de pessoas anualmente no mundo (Rennie & Rusting, 1996), sendo que 50% desses indivíduos morrem nos primeiros cinco anos após diagnosticada a doença. Apesar da incidência de alguns tipos de câncer ter apresentado diminuição nos países em desenvolvimento, de forma geral os casos de câncer têm aumentado consideravelmente nos últimos anos (Trichopoulos, Li & Hunter, 1996).
Os processos pelos quais o câncer se desenvolve não são totalmente compreendidos, mas a maioria das teorias sobre o assunto utilizam um modelo com dois passos básicos. O primeiro passo consistiria na alteração do material genético celular. O segundo passo caracterizar- se- ia pela divisão da célula alterada e transmissão de seu material genético para células filhas.
De acordo com Weinberg (1996), o câncer é a substituição progressiva de células normais de um determinado tipo por células alteradas. O crescimento acelerado do tumor contraposto à lenta taxa de mortalidade das células cancerosas resulta no crescimento da massa tumoral. Em algumas situações, as células dessa massa deslocam-se de seu local de origem, propagando- se através da circulação, formando colônias de células cancerosas por todo o organismo, denominadas metástases. Massas tumorais de origem metastática podem impedir a função de inúmeros orgãos, podendo resultar em morte.
Weinberg (1996) relembra que a palavra “câncer” é um termo generalizado que abrange mais de 100 formas da doença e, embora cada tipo de câncer tenha aspectos particulares, causas básicas comuns parecem estar envolvidas no seu desenvolvimento. Diversos fatores são apontados como agentes potencialmente envolvidos no desencadeamento e/ ou desenvolvimento da doença. Esses fatores foram descobertos a partir de observações realizadas em estudos epidemiológicos, capazes de identificar aspectos comuns no histórico de indivíduos portadores de câncer. Fatores como dieta, fumo, contato com substâncias tóxicas, consumo de álcool, infecção por diferentes patógenos, diversos tipos de radiação e poluição ambiental são considerados importantes. Nos EUA, por exemplo, os dois primeiros fatores, dieta e fumo, são reconhecidamente os maiores responsáveis por mortes devido ao câncer (Trichopoulos et alii, 1996).
De acordo com Calabrese (1990) considera- se que o sistema imunológico (SI) apresenta um papel fundamental na defesa contra o câncer dado a capacidade desse sistema de reconhecer fatores estranhos ao organismo (tais como células cancerosas). Uma característica comum entre os vários fatores relacionados ao desenvolvimento do câncer é que todos são capazes de exercer influências sobre o SI (provocando imunossupressão). Vale ressaltar, porém, que muitos aspectos específicos dos mecanismos através dos quais esses fatores contribuem para o estabelecimento do câncer não são conhecidos (Trichopoulos et alii, 1996).
O desenvolvimento do câncer esta associado com proliferação e crescimento celular desordenado. Diferentes mecanismos podem ser iniciadores do processo, tais como auto- suficiência na geração de sinais de crescimento, insensibilidade aos sinais anti-crescimento, desvio das vias de apoptose (um tipo de morte celular), elevado potencial para proliferação e angiogênese (formação de novos vasos). Como conseqüência ocorre a expansão de uma massa celular, denominada tumor, capaz de invadir tecidos adjacentes. O crescimento do tumor passa por diferentes estágios conhecidos como iniciação, promoção e progressão. Em muitos casos, células deste tumor ganham a corrente sanguínea, instalando-se em regiões diversas do organismo, o que é denominado metástase. Do ponto de vista clínico, o termo câncer é aplicado a tumores metastáticos, também denominados tumores malignos.
Efeitos do exercício sobre a incidência e desenvolvimento do câncer:
O câncer hoje é compreendido não como uma única doença, mas como um conjunto de mais de 400 distintos diagnósticos histológicos, cada qual estando associado com comportamentos biológicos e modelos de expansão específicos. Apesar da grande diversidade do câncer, há notáveis similaridades nas manifestações clínicas de pacientes com a doença. Mesmo pacientes sem metástases experimentam efeitos sistêmicos tais como anorexia e caquexia.
A caquexia é uma síndrome caracterizada por perda de peso, anorexia, astenia, anemia e alterações profundas no metabolismo de carboidratos, lipídeos e aminoácidos. O estado caquético está invariavelmente associado com a presença e crescimento do tumor, e leva a um estado de desnutrição devido à indução de anorexia ou decréscimo da ingestão de alimentos. A caquexia parece originar-se de uma persistente resposta à doença, resultando na produção de citocinas pró-inflamatórias e hormônios catabólicos que impedem o uso apropriado dos nutrientes.
A perda de peso em pacientes caquéticos deve-se igualmente à perda de gordura e de massa muscular, e o processo é caracterizado por um aumentado catabolismo de proteínas musculares esqueléticas e um decréscimo na síntese protéica. Este processo também envolve proteínas cardíacas, resultando em importantes alterações na performance do coração.
Apesar do grande desenvolvimento científico e tecnológico na área da saúde nos últimos tempos e dos inúmeros esforços para encontrar tratamento e cura para o câncer, fica evidente que os principais avanços na pesquisa estão mais focados na prevenção que na cura da doença.
Exercício e risco de desenvolvimento do câncer
Evidências de que a atividade física esta associada à prevenção, ou redução no risco de desenvolvimento do câncer tem sido acumuladas rapidamente. A sociedade americana do câncer ressalta que, para a maioria dos americanos que não fumam, a dieta e a atividade física são os fatores modificáveis mais importantes no risco da doença. Atualmente, os dados epidemiológicos classificam o efeito do exercício na redução do rico de cancer como “convincente” para cânceres de mama e cólon, “provável” para câncer de próstata, “possível” para pulmão e câncer de endométrio e “insuficiente” para outros locais. A realização de mais pesquisas certamente permitirá que possamos melhor estabelecer a relação entre o risco de desenvolvimento de diversos tipos de câncer e atividadedetalhamento dos mecanismos biológicos que explicam tais associações.
Mecanismo
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Tipos de câncer potencialmente afetados
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Hormônios sexuais
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Mama, endométrio, próstata
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Insulina, glicose
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Cólon, Mama, pâncreas e diversos cânceres associados a obesidade, como de esôfago, renal,tireóide e endométrio.
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Inflamação
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Maioria dos tipos de câncer
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Função imunitária
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Maioria dos tipos de câncer
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Adipocinas
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Diversos cânceres relacionados à obesidade, como cólon, mama (pós-menopausa), esôfago,renal, tireóide e endométrio.
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Tabela 1. Mecanismos plausíveis dos efeitos do exercício na redução do risco de câncer. Adaptado de McTiernan
Na próxima postagem sobre Exercício e Câncer aprofundaremos os mecanismos pelos quais a atividade física previne o surgimento do câncer. Não deixe de ler, e lembre-se...
http://sergionunespersonal.blogspot.com/2011/06/exercicio-e-cancer-parte-ii.html (PARTE 2)
http://sergionunespersonal.blogspot.com/2011/06/exercicio-e-cancer-parte-iii.html (PARTE 3)
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