Músculo esquelético secretando IL-6, e representação esquemática de suas possíveis funções.
Os efeitos do exercício sobre a inflamação são mediados por diversos mecanismos, contudo, a descoberta de que o músculo esquelético produz e secreta na circulação moléculas com função anti-inflamatórias tem recebido grande atenção na literatura atual. Dentre estas, a interleucina 6 (IL-6) é consideradas uma das mediadoras dos efeitos protetores do exercício em patologias que envolvem quadros inflamatórios, como diabetes, aterosclerose e câncer. Esta citocina é produzida pelo músculo esquelético durante contração muscular e suas concentrações aumentam até 100 vezes acima aquelas observadas no repouso. IL-6 exerce efeitos potencialmente antiinflamatórios, de modo marcante, sua habilidade em inibir moléculas próinflamatórias (ex. TNF-α) esta bem estabelecida atualmente. Outros efeitos do exercício envolvem alterações nas enzimas responsáveis pela síntese de importantes mediadores inflamatórios, como por exemplo, a enzima ciclooxigenase-2 (COX-2), reduzindo produção de prostaglandina E.
Exercício e função imunitária
Os efeitos da atividade física sobre a função imunitária são sugeridos como um mecanismo adicional na prevenção do câncer. Uma hipótese é a de que a atividade física possa melhorar o número e a função de células natural killer (NK), as quais têm importante função na supressão do crescimento tumoral. Existe uma relação dose-resposta que resulta um gráfico em forma de J invertido com atividade física moderada resultando em melhora, enquanto atividade exaustiva leva a decréscimo de diversos parâmetros da função imunitária. Contudo, os efeitos da atividade física nas funções imunes relacionada à prevenção do câncer carecem de mais investigações.
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Correlação entre função imunitária, risco de infecção e volume e intensidade de exercício |
Em resumo, a atividade física de intensidade moderada esta associada a risco reduzido de diversos tipos de câncer, incluindo câncer de mama, cólon e endométrio. A atividade física melhora ou reverte as principais disfunções fisiológicas relacionadas com um risco aumentado do desenvolvimento destes cânceres, como resistência á insulina, hiperinsulinemia, hiperglicemia e diabetes tipo 2. A atividade física reduz os níveis de estrógenos e andrógenos, e também modula a função menstrual, principalmente por seu efeito sobre a adiposidade. A atividade física ainda reduz o quadro de inflamação sistêmica, tanto de modo independente como dependente dos seus efeitos sobre a adiposidade. Para diversos tipos de câncer, um efeito dose-resposta parece existir, com sessões mais longas de exercício, ou sessões mais intensas promovendo uma redução maior no risco de desenvolvimento da doença. De fato, atividade moderada a intensa, com duração de 45 ou mais minutos, cinco ou mais dias é necessária para maior metabolização de gordura corporal acumulada e para modificar funções fisiológicas como as concentrações de insulina, estrógenos, andrógenos, prostaglandinas e a função imune.
Como este é um tema de grande complexidade e muito extenso, um último post será produzido abordando os aspectos relacionados a prescrição do exercício para tratamento do câncer.
Até lá,
E não se esqueça
Tenha uma alimentação saudável, e pratique atividade física...
Leia Também:
Exercício e Câncer (Parte 1) -
Exercício e Câncer (Parte 3) -
Referências:
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