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Profissional especializado em Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida. Sérgio Nunes e sua empresa QualiFis, pretendem desenvolver junto aos seus alunos e clientes a ideia da verdadeira Saúde, que obviamente não é apenas a ausência de doença, mas também o Encantamento com a Vida, dotando-os de um entendimento adequado de se Priorizar, de compreender que vale a pena Investir no seu Potencial de Ser, através do investimento na melhoria da Qualidade de Vida, aprimorando a saúde e usando como meio, a Atividade Física, em suas mais diferentes possibilidades.

“As informações, dicas e sugestões contidas nesse blog têm caráter meramente informativo, e não substituem o aconselhamento individual e o acompanhamento de médicos, nutricionistas, psicólogos e profissionais de educação física.”

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segunda-feira, 11 de julho de 2016

TREINANDO NA TEIA NEUROMIOFASCIAL - (Parte 2)

Por Thomas Myers
ADVERTÊNCIA: Só para quem gosta de ler ² Rsrsrsrsrsrs...


Treinando a Teia Neuromiofascial -
Se a fáscia é um singular espaço de organização ajustável (regulando a tensegridade, ou seja, as forças de tensão e compressão que atuam no corpo) que atravessa o corpo todo e regula, localmente e globalmente, a biomecânica de tensão e compressão, podemos nos perguntar:
Como treinamos este sistema, em conjunção com o trabalho dos músculos e o controle neural, para prevenir e reparar lesões e construir resiliência no sistema?
A resposta à esta questão ainda está se desenvolvendo, rapidamente, nos laboratórios e nos espaços de treinamento. Algumas pesquisas estão confirmando imagens e práticas, como elas se desenvolveram e são tradicionalmente aplicadas. Aqui nos focamos em um pequeno conjunto de achados que irão (ou logo irão) mudar nossas ideias a respeito de como a rede neuromiofascial realmente trabalha e qual o papel do tecido conectivo no desenvolvimento do condicionamento físico para a vida.
Achado #1: Treinamento específico pode aumentar a elasticidade fascial, essencial para a resiliência sistêmica.
A elasticidade fascial não era reconhecida para estudos aprofundados até recentemente, e os mecanismos envolvidos ainda estão sendo analisados (Chino et al. 2008). Apesar disso, aplicações ao treinamento já são evidentes. A notícia básica é que os tecidos conectivos – mesmo tecidos densos como tendões e aponeuroses – são muito mais significativamente elásticos do que se pensava anteriormente. A segunda parte essencial desta notícia é que a elasticidade fascial é armazenada e retorna rapidamente. Em outras palavras é muito mais como uma superbola do que uma medicinebol feita de areia (Superbola, são aquelas bolas que quicam MUITO, encontradas em tudo quanto é camelô por aí. Enquanto que uma medicinebol recheada com areia quica muito pouco).
Portanto, elasticidade fascial é um fator a ser considerado somente quando o papel é cíclico e repetido rapidamente, como na corrida, caminhada ou uma série de saltos -bouncing- (Bouncing, em inglês, cuja tradução livre aproximada seria “quicar”. Uma série de saltos com o mínimo tempo de contato com o solo possível), mas não numa pedalada, em que o ciclo repetitivo é muito lento para tirar vantagem destas propriedades elásticas.
Estudos de medidas do alongamento da panturrilha durante a corrida têm mostrado que muito do comprimento requerido para dorsiflexão está vindo de um alongamento estático da fáscia, enquanto o músculo está contraindo isometricamente (Kubo et al. 2006). Isto contradiz nosso prévio entendimento de que o tendão não era elástico e que os músculos é que estavam alongando e encurtando durante esses movimentos cíclicos, antes e após o pé tocar o solo.
Os corredores que treinam esse componente e empregam mais desta elasticidade estarão usando menos potência muscular (leia-se menos glicose = menor gasto de energia) durante suas corridas, já que eles estão armazenando energia no alongamento e em seguida liberando esta energia. IMPORTANTE: Portanto, eles serão capazes de correr por mais tempo com menos fadiga.
Construir esta elasticidade é questão de colocar uma demanda nos tecidos para desempenharem desta forma. Fazer isto lentamente (comparado com o treinamento muscular) é um atributo definitivo do treino da fáscia (pode levar de 6-24 meses para construir elasticidade fascial).
1) O que está dentro:
a) Saltos (quicando... Bouncing em inglês): Quando se aterrissa na parte anterior do pé, desaceleramos e aceleramos de modo que não somente fazemos uso da elasticidade, mas também a construímos, nos tendões e na rede fascial inteira.
b) O melhor efeito de treinamento parece seguir o princípio do prazer: sentir aquele senso de elegância, uma ressonância ideal com mínimo esforço e máxima facilidade.
Contramovimento preparatório: Se preparar para o movimento ao fazer um contramovimento.
Por exemplo: Flexionar antes de estender para ficar em pé, mover o kettllebell para trás antes de impulsioná-lo para frente e para cima (em um kettlebell swing). São maneiras de se fazer o máximo uso do poder da elasticidade fascial para ajudar a tornar o movimento fluido e eficiente.
2) O que está fora:
a) Movimentos e mudanças bruscas de direção: Imagine pular corda e aterrissar somente sobre os calcanhares. O estresse em todos os sistemas seria enorme e você não iria construir elasticidade no seu sistema fascial.
b) Grande demanda muscular na arrancada dos movimentos: Usar o recuo elástico fascial diminui a demanda por um enorme esforço muscular durante o início dos movimentos, tornando-os mais confortáveis, menos árduos e com menor consumo energético.

Achado #2: O sistema fascial responde melhor à variação do que a um programa repetitivo.
A evidencia sugere que o sistema é melhor treinado por uma larga variedade de vetores – em ângulo, tempo e carga (Huijing 2007). Isolar músculos sobre um eixo (Ex.: Em uma máquina de musculação) pode ser útil para estes músculos, mas não para todos os tecidos ao redor. Colocar sobrecarga no tecido sempre da mesma maneira significa que ele estará despreparado quando a vida, que raramente é repetitiva, impuser uma sobrecarga a qual ele não está preparado.
1) O que está dentro:
a) Movimentos globais: Engajar longas cadeias miofasciais e movimentos com o corpo todo é a melhor maneira de treinar o sistema fascial.
Iniciação Proximal: É melhor iniciar movimentos com um pré-alongamento dinâmico (extensão distal), mas acompanhado de uma iniciação proximal na direção desejada, deixando as partes mais distais do corpo seguir em sequência. Como um pêndulo elástico (Em resumo, como o movimento do swing com kettlebell).
Movimento Adaptativo: Movimentos complexos requerem adaptação, como o parkour e são superiores à programas repetitivos de exercício.
2) O que está fora:
a) Movimentos repetitivos: Máquinas que fazem com que os clientes trabalhem sempre na mesma orientação espacial não constroem muito bem a resiliência da fáscia.
b) Treinar sempre com cargas de nível superior: Cargas variáveis constroem diferentes aspectos da fáscia. Usar sempre cargas perto do limite irá fortalecer alguns ligamentos, mas enfraquecer outros. A variação de cargas é a melhor maneira.
c) Sempre treinar com o mesmo Tempo: Da mesma forma, variar o tempo permite construir resiliência e força em diferentes estruturas fasciais.
(“Tempo” nesse caso, pode ser entendido como cadência do exercício, geralmente vem expresso em 3 números. Ex: Tempo – 2-0-1. O primeiro número é a fase excêntrica, o segundo a isométrica e o terceiro a fase concêntrica. No exemplo de 2-0-1: 2 segundos -excêntrica- /0 segundos -isométrica- /1 segundo -concêntrica).

Achado #3: O sistema fascial é muito mais inervado que o muscular, então propriocepção e cinestesia são primariamente fasciais, não musculares.
Este é um conceito difícil para muitos profissionais do fitness aceitarem, mas é um fato: Existem 10 vezes mais receptores sensoriais nos tecidos fasciais do que nos músculos (Stillwell, 1957). Os músculos têm fusos que medem a mudança no seu comprimento (e com o tempo, a taxa de mudança do comprimento). Até estes fusos podem ser vistos como receptores da fáscia, mas sejamos gentis e os deixemos para os músculos (Van der Wal, 2009). Para cada fuso, existem cerca de 10 receptores na fáscia ao redor – na superfície do epimísio, no tendão e fáscia associada, nos ligamentos próximos e nas camadas superficiais. Estes receptores incluem, o Órgão Tendinoso de Golgi que mede a tensão (através do alongamento das fibras), Terminações de Pacini que medem pressão, Terminações de Ruffini que informam ao sistema nervoso central a respeito das forças de cisalhamento nos tecidos moles e as pequenas e onipresentes Terminações Nervosas Intersticiais que podem reportar todas essas sensações e, aparentemente, dor (Stecco et al. 2009; Taguchi et al. 2009).
Então, quando você diz que está sentindo seus músculos moverem, é um pouco inadequado. Você está “escutando” os tecidos fasciais muito mais do que os músculos. Aqui estão 3 achados interessantes que vão junto com esta revelação básica:

  • Ligamentos são principalmente arranjados em série com os músculos, não em paralelo (Van de Wal, 2009). Isso significa que quando se coloca tensão em um músculo, os ligamentos são automaticamente tensionados para estabilizar a articulação, não importando qual sua posição. Nossa ideia de que os ligamentos não funcionam até que a articulação esteja em completa extensão ou torção está fora de moda. Ex: Os ligamentos funcionam em toda a amplitude de uma rosca bíceps, não apenas na amplitude final do exercício.
  • Terminações nervosas se organizam sozinhas de acordo com as forças que são comumente aplicadas em determinado local de um determinado indivíduo, não de acordo com um plano genético, e definitivamente não de acordo com uma divisão anatômica que chamamos de músculo. Não existe uma representação do músculo “deltoide” dentro do cérebro. Esse é apenas um conceito dentro do córtex cerebral, não em sua organização biológica.
  • Aparentemente, sensores na pele ou próximos dela são mais ativos em detectar e regular movimento do que os receptores nos ligamentos articulares (Yahia, Pigeon & DesRosiers 1993).
1) O que está dentro:
a) Estímulos na pele e no tecido superficial para estimular a propriocepção: Friccionar ou mover a pele e os tecidos superficiais é importante para melhorar a propriocepção fascial. Alguns levantadores de peso olímpico estão tendo bons resultados esfregando-se com uma escova vegetal antes de competições.
b) Direcionar clientes a sentirem seus tecidos fasciais: Tirar a atenção, sua e de seus clientes, dos músculos e colocá-la nos tecidos ao redor pode ajudar a prevenir lesões e tornar a percepção sinestésica mais precisa. Sentir a atividade corporal em conjunto com um alto nível de acuidade cinestésica (Pense no gato) pode ajudar a prevenir lesões de maneira mais efetiva do que ser durão.

2) O que está fora:
a) Orientação muscular isolada: Exercitar um único músculo ou grupo muscular é quase impossível. Cada exercício está estimulando múltiplos nervos, envolvendo múltiplos músculos e empregando tecidos fasciais ao redor do local do esforço.
b) Ênfase em receptores articulares: Dado que ligamentos frequentemente são tensionados pelos músculos, a ênfase em receptores articulares, embora importante, precisa ser substituída por uma atenção mais geral, a partir da pele.

A discussão têm se focado nos fatores biomecânicos, omitindo fatores de humor ou nutricionais, assim como as diferentes constituições da fáscia, que recentemente têm sido estudadas. Um entendimento mais profundo do papel da fáscia no treinamento, muda sua perspectiva, seu trabalho, suas palavras e seu efeito. Fáscia não é apenas um embrulho.

Isolamento Muscular x Integração da Fáscia
A maioria dos profissionais do fitness têm estudado a função muscular isolada. Essencialmente, a anatomia cinesiológica ocidental pergunta: Qual seria a ação muscular do bíceps braquial se este fosse o único músculo do esqueleto?
Por si só, o bíceps é um supinador da radioulnar, flexor do cotovelo e faz algum tipo de flexão diagonal fraca do ombro. Quando temos isto decorado, pensamos que sabemos tudo que faz o bíceps. Bem, esta é apenas uma forma de vermos a questão. Porém, não nos esqueçamos que o bíceps não trabalha de forma isolada. Isolar músculos para estudar sua função é o verdadeiro oposto de integração. Qual a diferença prática?
Estudar apenas o músculo deixa de fora 4 fatores essenciais da fáscia na função muscular diária:
1. O Efeito dos (e nos) Músculos Vizinhos, Mediais e Laterais:
O bíceps tem conexões fasciais de transmissão de força com o coracobraquial, o braquial, o supinador e até mesmo através do septo intermuscular do tríceps. Estas conexões fasciais afetam o funcionamento do bíceps e do braço (Huijing, 2007).
2. O Efeito dos (e nos) Músculos que estão Conectados Proximal e Distalmente.O bíceps tem conexões distalmente com a membrana interóssea e a fáscia ao redor do rádio, assim como a aponeurose bicipital nos flexores. Proximalmente ele tem conexões com o peitoral menor (através de sua porção curta) e com supraespinal (através de suas porção longa) e curta (Myers, 2001, 2009).
3. O Efeito que tem a Contração Muscular nos Ligamentos Locais.
A contração do bíceps exerce uma influência de estabilização nos ligamentos do ombro e do cotovelo. Nossa suposição de que os ligamentos têm um arranjo em paralelo com os músculos é incorreta. A maior parte dos ligamentos estão dinamicamente arranjados em série com os músculos, para que a contração muscular ajude os ligamentos a estabilizarem a articulação em todos os ângulos (Van der Wal, 2009).
4. O Fato de que cada Músculo tem de ser Suprido por Nervos e Vasos Sanguíneos.
Estes “fios e tubos” chegam envoltos em um revestimento de fáscia. Se o revestimento está torcido ou restrito, ou torna-se muito curto devido a má postura, a função muscular é afetada (Shacklock, 2005).
Os Trilhos Anatômicos mapeiam nossas conexões fasciais, que ligam músculos individuais, como o bíceps comentado acima, em conexões funcionais. 
Uma vez que você entenda o sistema fascial como um todo, ao invés de uma série de partes, o corpo se apresenta como uma versão animada de tensegridade (“tensão-integridade”) (Fuller, 1975). Os suportes, como os ossos, empurrando para fora, e a rede fascial, atuando como cordas, puxando para dentro.
A coisa toda atinge um equilíbrio o qual chamamos “forma”. Atualmente é evidente que nossos corpos trabalham desta maneira, celularmente, assim como em um macro nível (Ingber, 2008). Claro, nossa tensegridade humana é animada pelo sistema nervoso central e é muito ajustável através dos músculos, mas vale a pena explorar as propriedades destas estruturas de nossos corpos.
RESUMO -
Este artigo desvenda oito pontos chaves a respeito de fáscia:

1. Miofascia é uma matriz 3D -
Fáscia forma um arcabouço, uma matriz tridimensional contínua de apoio estrutural em torno de nossos órgãos, músculos, articulações, ossos e fibras nervosas. Este, arranjo fascial multidimensional multidirecional também nos permite mover-se em múltiplas direções (Myers 2001; Huijing 2003; Stecco 2009).

2. A fáscia é um transmissor de Força -
Você já assistiu a atletas de parkour saltar para baixo de um prédio de três andares, trocar de rápido para suave em uma corrida? Como as articulações não explodem com o impacto da queda?

A resposta é que a força interna (de músculo) e força externa (gravidade e reação do solo) são transmitidas e dispersas dentro do corpo essencialmente através da rede fascial (desde que a força não seja tão grande). Fáscia ajuda a evitar ou minimizar o estresse localizada em um determinado músculo, articulação ou osso, e isso ajuda a dureza dinâmica criada a partir das forças operacionais, principalmente por meio de suas propriedades viscoelásticas. Isto protege a integridade do corpo ao mesmo tempo minimizando a quantidade de combustível utilizado durante o movimento.

As linhas miofasciais representadas em Trilhos Anatômicos nos dão uma imagem mais clara de como a fáscia atenua o stress e força através do corpo, dependendo da direção e aplicação de força (Myers 2001; Huijing 2003; Sandercock & Maas 2009).




3. Repetição é bom e ruim -
A lei de Davis afirma que tecidos moles, uma forma de fáscia, vão remodelar-se (se tornando mais duro e mais denso) ao longo das linhas de estresse (Clark, Lucett & Corn 2008). Isso pode ter benefícios de curto prazo e consequências a longo prazo. Quando se praticar um movimento repetitivo, o tecido mole vai remodelar-se na direção do movimento desejado para que o tecido fique mais forte para lidar com as forças em uma direção particular. Repetição de longo prazo pode fazer fáscia ficar rígida ao longo da linha de tensão, mas mais fraca noutras direções, resultando numa possível maior frequência de "tears" (rupturas) na própria fáscia ou imobilidade nas articulações vizinhas quando se deslocam em sentidos diferentes. O mesmo pode ser dito de movimento estático, como sentado ou em pé, por longos períodos através de dias, meses e anos.

4. A fáscia pode se curar e hipertrofiar -
Um estudo realizado em 1995 demonstra que a tensão mecânica (exercício) pode induzir a hipertrofia de um ligamento, uma forma de fáscia (Fukuyama et al., 1995). Novos estudos demonstram a capacidade do sistema fascial para curar a si mesmo depois de ser lesionado. Alguns estudos encontraram algumas pessoas com Ligamento Cruzado Anterior (LCA) em "tears" e que foram capazes de retornar à função completa sem cirurgia (al. Matias et 2011). À medida que aprendemos mais, poderemos ver novos tipos de técnicas de recuperação, bem como alterações no que acreditamos ser a forma ideal para  aplicação de alguns exercícios ou gestos motores.

5. A fáscia pode contrair -
Os miofibroblastos, que permitem por eles ocorrer suaves contrações "pseudomusculares", têm sido encontrados na fáscia (Schleip et al., 2005). Numerosos mecanorreceptores (órgãos tendinosos de Golgi, terminações de Ruffini, terminações Paciniformes) também foram identificados dentro da matriz fascial; estes podem estar a contribuir para as suaves contrações das fáscias ("pseudomusculares") e que comunica com o sistema nervoso central em relação à quantidade de forças de corte no interior do tecido conjuntivo (Myers 2011). Teoriza-se que as contrações miofasciais ajudam na estabilização e gasto energético. Contudo, mais pesquisas serão necessárias para entender como fáscia e músculo contraem em conjunto com o outro, como essas contrações afetam o movimento global e o que eles significam para os profissionais de fitness.

6. A fáscia pode agir independentemente do Sistema Nervoso Central -
Fáscia está sempre sob tensão, desde que a gravidade esteja presente. Esta pré-tensão passiva tem sido chamado de tônus miofascial de repouso. Myers discute o uso do princípio de Tensegridade (Alfonse et al 2010;. Myers 2001). O Tônus miofascial de repouso fornece um componente de baixo nível de estabilização que ajuda na nossa postura e nos permite realizar movimentos como entrar e sair de um carro sem pensar sobre elas.

Por ter 10 vezes mais proprioceptores que o tecido muscular (Myers 2011), a matriz fascial nos ajuda a reagir ao nosso ambiente mais rápido do que a mente consciente pode responder, se estamos inesperadamente pisando fora do pedal do freio, reagindo a um jogador adversário em um esporte ou no reflexo de retirada da mão de um fogão quente.

Esta pré-tensão pode também dar-nos a capacidade de manter a postura com menos fadiga e tensão fascial, em comparação com a ativação muscular constante e gasto energético. 

7. Ambiente influencia as Fáscias -
Em seu livro The Endless Web: Fascial Anatomy and Physical Reality (North Atlantic 1996), Louis R. Shultz e Rosemary Feitis discutem como nossas emoções são armazenados dentro do corpo, inclusive no tecido conjuntivo.

"A resposta física às emoções é através do tecido mole", escrevem eles. "A fáscia é o corpo emocional. . . . Idealmente, os sentimentos são sentidos no corpo inteiro -emoções viajam através da teia fascial. Nós, então, interpretamos a sensação fisiológica como raiva, afeição, amor, interesse e assim por diante... A razão pela qual o seu pescoço não pode endireitar e alongar pode ser por causa do choque de ser continuamente intimidado na infância. O trabalho físico vai abrir apenas parcialmente esse problema, a menos que se reconheça que pode ser uma origem emocional."

Utilizando este conceito, o profissional de fitness pode desenvolver uma abordagem holística para a compreensão da postura e movimento de uma abordagem que pode vê-los, não apenas como física, mas como emocional e psicológica também. Fáscia pode tornar-se mais dura e menos complacente quando um cliente está deprimido, ansioso e com medo (Shultz & Feitis 1996; Lowe 1989). Personais percebem isso quando observam clientes após terem um dia miserável. O ambiente influencia bastante a postura, movimento e propriocepção. Talvez melhorar o humor possa melhorar o estado físico através da teia fascial.

8. A fáscia permite-nos treinar o corpo como um todo -
No trabalho de Myers, dissecções demonstraram que o tecido conjuntivo não só envolve músculos, ossos e órgãos, mas o faz de forma contínua através de muitas camadas (Myers 2001). Este link nos conecta de forma holística em movimento e função. Para os atletas ou outras pessoas que procuram melhorar ou maximizar a função, a teia fascial nos dá uma razão para incorporar movimentos de corpo inteiro em nossos regimes de treinamento.

CONCLUSÃO: Quanto mais aprendemos sobre o nosso tecido conjuntivo, mais descobrimos que podemos integrá-lo com os outros sistemas do corpo (muscular, nervoso, esquelético) e obter maior desempenho com o movimento e o próprio corpo humano. Usando linhas miofasciais em nosso treinamento pode nos dar uma perspectiva única sobre como maximizar a nossa capacidade de mitigar vigor, economizar energia e construir a resistência, melhorando a mobilidade multiarticular e força. Treinando o corpo como um todo em três dimensões, ao contrário de treinamento isolado, em partes segmentadas, pode ser um elo perdido nos programas de exercícios de pessoas à procura de manter ou melhorar a integridade de seus corpos.


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sexta-feira, 8 de julho de 2016

ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR LOMBO-PÉLVICA


Mas primeiro vou falar da INSTABILIDADE...  

A prevalência ao longo da vida de lombalgias mecânico-posturais é estimada em 60-70% em países industrializados. Um dos principais fatores para dor lombar é a instabilidade segmentar, e para manter a estabilidade é necessária a interação de três subsistemas: passivo, ativo e controle neural. Exercícios específicos que promovem a contração independente dos músculos profundos do tronco (transverso do abdômen e multífido) têm demonstrado ter efeitos benéficos em indivíduos que sofrem de dor lombar inespecífica, sugerindo a estimulação desses subsistemas. 

As lombalgias têm uma etiologia diversificada, podendo existir mais de 50 causas diferentes, como trauma, inflamação, artrite reumatoide, tumor, hérnia discal, mecânico-posturais, compressivas, relacionadas a desequilíbrios musculares, fraqueza muscular, aumento de fadiga e instabilidade de tronco (NECTOUX, 2010; MACEDO, 2011; JUNIOR, 2010). Sua investigação é bastante complexa por ser inespecífica (MACEDO, 2011), sendo frequentemente associadas a uma instabilidade dos músculos da coluna lombar e pelve (PEREIRA, 2010).


Se ficarmos atentos em qualquer sala de musculação vamos nos surpreender com a quantidade de movimentos/exercícios/gestos motores realizados por quase todos os praticantes sem uma ótima (quase sempre nem mínima!) estabilidade lombo-pélvica.
Que acaba, invariavelmente, se perpetuando ao longo de todo o corpo. Tanto nas posições DINÂMICAS E ESTÁTICAS, em pé ou sentadas. 

Esta instabilidade, ao longo de determinado tempo, maior ou menor, para uns e para outros, pode desencadear diferentes alterações e disfunções, especialmente algumas lombalgias.
Apesar de, em alguns casos, a dor lombopélvica ser oriunda de uma patologia específica, em 90% dos indivíduos a dor lombopélvica experienciada é INESPECÍFICA e pode acontece em todas as faixas etárias.

A instabilidade lombar é vista como fator significativo em pacientes com dor lombar.
Frymoyer definiu instabilidade segmentar como uma perda da rigidez do segmento espinhal quando uma força aplicada produz deslocamento de parte desse segmento excedendo magnitudes encontradas em uma coluna normal. A espondilolistese é a manifestação clínica mais comum de instabilidade. Essa patologia é caracterizada por um deslizamento de uma vértebra sobre a outra. 



Atualmente a dor lombar é causa frequente de morbidade e incapacidade, e o aumento de sua prevalência tem afetado a saúde pública, aumentando os orçamentos e gerando custos sociais altos, sendo que 5 a 8% dos pacientes se tornam crônicos, e estes são responsáveis por mais 75% dos gastos anuais, pois uma parte dos pacientes gera grandes despesas e perde a produção de atividades laborais (MACEDO, 2011; SANTOS, 2011; CAN, 2010).
A maior preocupação está em 5 a 10 % da população, que evolui com incapacidade e resulta em dor lombar crônica (SANTOS, 2011), sendo considerada a segunda maior causa de afastamento temporário no trabalho (FRANÇA, 2008). 


A dor lombar pode ser caracterizada por um quadro de desconforto e fadiga muscular localizada na região inferior da coluna vertebral. Dor lombar inespecífica é muitas vezes associada a lesões musculoesqueléticas e aos desequilíbrios na coluna lombar e estabilização dos músculos pélvicos.
A instabilidade segmentar ocorre quando há diminuição na capacidade do sistema estabilizador da coluna vertebral em manter a zona neutra dentro de limites fisiológicos. A zona neutra é uma região de movimentos intervertebrais onde pouca resistência é oferecida pela coluna vertebral passiva; a perda de controle da zona neutra no segmento vertebral está associada à lesão, doença degenerativa do disco e fraqueza muscular.
De acordo com Panjabi, a estabilidade da coluna consiste na interação de três subsistemas: 1) passivo (articulações, ligamentos e vértebras), 2) ativo (músculos e tendões) e 3) controle neural (nervos e SNC). As funções desses três subsistemas estão interligadas, e a reduzida função de um subsistema pode colocar exigências crescentes sobre os outros.
De acordo com este modelo, a instabilidade resultante da lesão de um componente do subsistema passivo (como uma lesão óssea ou ligamentar) poderia ser compensada, em parte, através da melhoria do desempenho dos sub-sistemas ativo e neural. 


Segundo a duração, a lombalgia pode ser aguda (início súbito e duração menor do que seis semanas), subaguda (duração de seis a 12 semanas), e crônica (duração maior do que 12 semanas. A dor lombar por desordem musculoesquelética pode ser de origem congênita, degenerativa, inflamatória, infecciosa, tumoral e mecânico-postural. A lombalgia pode ser classificada em mecânica, não mecânica e psicogênica. A lombalgia mecânica (a que nos interessa) pode ser específica ou inespecífica.
A lombalgia mecânica comum ou lombalgia inespecífica representa grande parte da dor referida pela população. 

O corpo humano tem centro gravitacional no qual mantém o equilíbrio entre músculos e ossos para manter a integridade das estruturas, protegendo-as contra traumatismos, independentemente da posição de pé, sentada ou deitada.
Na LOMBALGIA INESPECÍFICA geralmente ocorre desequilíbrio entre a carga funcional, que é o esforço requerido para atividades do trabalho e da vida diária, e a capacidade, que é o potencial de execução para essas atividades. Esse tipo de lombalgia caracteriza-se pela ausência de alteração estrutural, ou seja, não há redução do espaço do disco, compressão de raízes nervosas, lesão óssea ou articular, escoliose ou lordose acentuada que possam levar a dor na coluna. Somente 10% das lombalgias têm causa específica de doença determinada . 
Apesar da ausência de alteração estrutural na lombalgia inespecífica, essa pode causar limitação das atividades da vida diária (AVD) e incapacidade para o trabalho temporária ou permanente, sendo umas das principais causas de falta no trabalho no mundo ocidental. 
A incidência da lombalgia inespecífica é maior em trabalhadores submetidos a esforços físicos pesados, como levantamento de pesos, movimentos repetitivos e posturas estáticas frequentes. 

Na literatura, a prevalência da lombalgia inespecífica é maior no sexo feminino. Alguns autores acreditam que as mulheres apresentam riscos maiores do que os homens por causa de particularidades anatomofuncionais que, quando somadas, podem facilitar o surgimento de lombalgia. Elas apresentam menor estatura, massa muscular e densidade óssea, maior fragilidade articular e menor adaptação ao esforço físico. Além disso, a soma da carga imposta pela feitura das tarefas domésticas potencializa esse risco. Portanto, quase todos os indivíduos têm episódios de lombalgia inespecífica e toda população de todas as faixas etárias é considerada de risco.

Atitudes habituais ou profissionais (permanência na posição de pé ou sentada por tempo prolongado), obesidade, abdome em pêndulo, visceroptose (gordura abdominal acentuada), desvios de membros inferiores, encurtamentos severos e massas musculares insuficientemente desenvolvidas, e infelizmente até posições erroneamente sustentadas na MUSCULAÇÃO/ACADEMIA para a realização de algum gesto/exercício/movimento, são fatores que contribuem para as distorções posturais. 
O excesso de peso também produz maior pressão sobre as estruturas (discos intervertebrais, raízes nervosas, articulações interapofisárias e ligamentos intervertebrais) e causa dor. Outros fatores que contribuem para lombalgia no paciente obeso são a flacidez e a distensão da parede abdominal (CORE) que impede o suporte adequado para a coluna.
A LOMBALGIA INESPECÍFICA É CAUSADA, NA MAIORIA DAS VEZES, POR DESVIOS DA POSTURA NORMAL. 
ENTÃO... TEMOS QUE TOMAR MUITO CUIDADO COM ISSO! 
VOCÊ ESTÁ ORIENTADO QUANTO A ISSO? 

A instabilidade segmentar ocorre quando há diminuição na capacidade do sistema estabilizador da coluna vertebral em manter a zona neutra dentro de limites fisiológicos. A zona neutra é uma região de movimentos intervertebrais onde pouca resistência é oferecida pela coluna vertebral passiva; a perda de controle da zona neutra no segmento vertebral está associada à lesão, doença degenerativa do disco e fraqueza muscular.
De acordo com Panjabi, a estabilidade da coluna consiste na interação de três subsistemas: passivo (articulações, ligamentos e vértebras), ativo (músculos e tendões) e controle neural (nervos e SNC). As funções desses três subsistemas estão interligadas, e a reduzida função de um subsistema pode colocar exigências crescentes sobre os outros. E ASSIM, UM PROGRAMA DE TREINAMENTO, EFICAZ E SEGURO, DEVE ABORDAR EQUILIBRADAMENTE TODOS ESTES SISTEMAS.
O SEU SATISFAZ? 

Bergmak afirma que há dois sistemas musculares atuando sobre a estabilidade espinhal: o SISTEMA GLOBAL, que inclui o reto abdominal, oblíquo abdominal externo e a parte torácica lombar do iliocostal e proporciona a ESTABILIZAÇÃO GERAL DO TRONCO; e o SISTEMA LOCAL, que é composto pelo multífido lombar, transverso abdominal, diafragma, fibras posteriores do oblíquo interno e quadrado lombar, responsáveis por fornecer ESTABILIDADE SEGMENTAR e controlar diretamente os segmentos lombares.

Nas últimas décadas, o papel da musculatura estabilizadora da coluna e sua correlação com instabilidade lombar têm sido estudada com maior ênfase através de pesquisas sistematizadas. A estabilidade mecânica, tanto estática quanto dinâmica é necessária para se realizar funções fundamentais. O sistema ósseo-ligamentar é capaz de somente uma fração das cargas que a coluna é sujeitada durante as atividades de vida diária. Tendo em vista este fato, torna-se óbvio a necessidade de se trabalhar a musculatura estabilizadora da coluna e o seu controle. O treinamento dos músculos transverso do abdômen e do multífido da lombar, cuja principal função é a de prover estabilidade dinâmica tem sido demonstrada em vários estudos como uma intervenção eficaz em diminuir a dor e a incapacidade funcional em pacientes com dor lombar aguda e crônica.

Graças à orientação das fibras horizontais, a contração do transverso abdominal resulta em redução da circunferência abdominal com um aumento da tensão na fáscia tóraco-lombar e da pressão intra-abdominal (PIA). Este aumento da PIA faz com que o abdômen se transforme em um cilindro rígido.
Hides et al. demonstrou, por meio da ressonância magnética, que a contração do transverso do abdômen melhora a estabilização da região lombo-pélvica.
A contração do transverso do abdômen ocorre antes de um movimento e independe da direção do movimento realizado.
Segundo Richardson et al., a independente contração do transverso abdominal diminui a frouxidão da articulação sacroilíaca em maior grau do que o padrão geral de exercícios abdominal, confirmando que o uso de contrações independente deste músculo é MUITO ÚTIL nos tratamentos das lombalgias.

As fibras laminares profundas do músculo multífido lombar são também fundamentais para proteção articular e estabilidade, sendo que sua atrofia resulta em perda da estabilidade dinâmica da coluna lombar. De acordo com um estudo biomecânico in vitro, o multífido lombar contribui com 2/3 para o aumento da rigidez da coluna lombar.














Evidências encontradas em revisões sistemáticas sugerem que exercícios de estabilização segmentar que promovem co-contracão dos músculos transverso do abdômen e multífido são eficazes para reduzir a dor e a incapacidade em lombalgias crônicas e para aumentar o retorno às atividades diárias normais e ao trabalho. Exercícios de Estabilização Central parecem também ser mais eficazes do que o exercício de fortalecimento tradicional em dores lombares crônicas.
O'Sullivan, Twomey e Allison investigaram o efeito do exercício de estabilização segmentar, comparando-a com exercício geral. A dor e incapacidade funcional foram significativamente reduzidas no grupo de exercício de estabilização segmentar após dez semanas de programa.


Aquilo que hoje chamamos de Exercícios de Estabilização Central (core stabilization) teve sua origem a partir do trabalho de um grupo relativamente pequeno de autores. Em 1989, um pesquisador chamado Bergmark (já citado acima) publicou um estudo da estabilidade mecânica da coluna lombar. Este autor sugeriu a divisão dos músculos do tronco em dois grupos, denominados de músculos “estabilizadores globais” e “estabilizadores locais”. (também denominados de músculos profundos e superficiais, respectivamente. 

Basicamente os estabilizadores globais atuam sobre vários segmentos e transferem força entre a pelve e caixa torácica e incluem os eretores da coluna e o músculo reto abdominal. Já os estabilizadores locais, como os multífidus, possuem inserção nas vértebras lombares e tem a função de manter a estabilidade mecânica da coluna lombar. 


A estabilidade lombopélvica pode ser aumentada além de exercícios específicos das musculaturas envolvidas, também através de estratégias ativas tais como as manobras do "Stomach Vacuum" (vácuo abdominal) e a Manobra do "Bracing" abdominal. Que irei abordar em outro post...


ANTES DE REALIZAR QUALQUER MOVIMENTO, PRIMEIRO SE FAZ NECESSÁRIO UM ÓTIMO POSICIONAMENTO CORPORAL, NA POSTURA GERAL E NA ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR LOMBO-PÉLVICA.

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quarta-feira, 6 de julho de 2016

TREINAMENTO NEUROMIOFASCIAL - (Parte 1)

Por Thomas Myers
ADVERTÊNCIA: Só para quem gosta de ler... Rsrsrsrsrsrs

Já estamos falando em fáscia e treinamento dela por aqui já faz um tempo...
E agora, algumas pesquisas mais recentes mostram porque definir uma abordagem diferente para o exercício e o movimento é a onda do futuro.
Você sabia que:
1) Grande parte das lesões SÃO nos tecidos conectivos (fáscia), e não nos músculos?
2) Existem 10 vezes mais terminações nervosas sensoriais na fáscia do que nos músculos?
3) Os Livros texto técnicos tradicionais dos músculos e fáscia não são acurados o suficiente para estabelecer a relação íntima entre estes sistemas com todo o corpo, pois se baseiam na "(in)compreensão" isolada de cada um com o movimento específico e não em sua totalidade?
Podemos então elaborar alguns questionamentos mais aprofundados sobre cada uma daquelas: 
1) Então qual a melhor forma de treinar para prevenir e reparar danos, construindo elasticidade e resiliência no sistema fascial?
2) Como podemos direcionar a estimulação proprioceptiva para a fáscia assim como para os músculos?
3) De que maneira podemos trabalhar com a fáscia como um todo, não isoladamente mas como um “órgão sistêmico de estabilidade”?

Saiba que: Consciente ou inconscientemente, temos trabalhado com a fáscia por toda a nossa vida – é inevitável. Agora, no entanto, novas pesquisas estão reforçando a importância da fáscia e outros tecidos conectivos no treinamento funcional (Congresso da Fáscia, 2009). Fáscia é muito mais do que um “invólucro plástico ao redor dos músculos”. Fáscia é um órgão sistêmico de estabilidade e mecanoregulação. Entender isso pode revolucionar muitas das ideias de “fitness”. 
Pesquisas na rede de fáscia desafiam nossas crenças tradicionais e também algumas das novas crenças do mundo "fitness". Toda evidência aponta para uma nova consideração do condicionamento físico geral para a vida.


A Rede Neuromiofascial -

A fáscia é o "patinho feio" dos tecidos do corpo – sistematicamente ignorada, dissecada e jogada fora na lata do lixo, em pedaços rasgados (Schleip 2003). No entanto, a fáscia forma o "container" biológico e o conector de cada órgão (incluindo músculos). Na dissecação, a fáscia é literalmente uma bagunça gordurosa (não é como os livros nos mostram!!) e tão variável entre os indivíduos que na realidade sua arquitetura é difícil de delinear. Por muitas razões, a fáscia não tem sido vista como um sistema inteiro, quando muito uma extensão do músculo que rodeia; portanto, invariavelmente temos sido ignorantes do papel geral dela, especialmente na biomecânica.
Por sorte, e alguns estudiosos cientistas mais curiosos, a natureza mecânica e biológica da rede fascial tem se tornado mais clara. Descobrimos que na realidade existe somente uma rede, sem separação, da cabeça aos pés, da pele até o núcleo (“Núcleo”, tradução da palavra em língua inglesa “core”) ou do nascimento até a morte (Schultz e Feitis, 1996). Cada célula no corpo é ligada e responde ao ambiente tensional da fáscia (Ingber, 1998). Altere sua mecânica e as células podem mudar sua função (Horwitz, 1997). Esta é uma nova maneira radical de entendimento do treinamento personalizado – alongamento – fortalecimento e mudança da forma – tudo como parte da “medicina espacial” (Myers, 1998).
Dados os fatos, muitos prefeririam o termo Rede Neuromiofascial ao termo, que é um insulto à fáscia, sistema musculoesquelético (Schleip, 2003). Estamos acostumados a identificar estruturas individuais dentro da rede fascial, como: Fáscia plantar, tendão calcâneo, trato iliotibial, aponeurose toracolombar, ligamento nucal e assim por diante. Estes são apenas rótulos convenientes para áreas dentro dessa singular rede. Eles podem se qualificar como códigos postais, mas não são estruturas separadas. Assim como podemos identificar os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, mas que, na realidade, existe somente uma única massa de água que circula todo o globo, interconectando a Terra... Com a fáscia ocorre o mesmo. Também falamos a respeito de nervos individuais, mas sabemos que o sistema nervoso reage como um todo aos diferentes estímulos que recebemos.
Mas... De que modo a teia fascial funciona como um sistema?
Se fosse magicamente extraída como um todo, a rede fascial nos mostraria o formato do corpo, por dentro e por fora. Seria apenas uma grande rede com os músculos contorcendo-se nela, como peixes nadando. Órgãos estariam pendurados nela como águas vivas. Cada sistema, cada órgão e até mesmo cada célula viva incorporados dentro do mar da rede unitária fascial.
Este conceito é importante porque estamos fortemente inclinados a nomear estruturas individuais e pensar da velha maneira clínica: – “Ah, você rompeu o bíceps”, esqueça este “bíceps” em nossa concepção. Nossa nomenclatura científica nos dá uma falsa impressão, enquanto que uma crença de uma Nova Era é mais literalmente verdadeira: o corpo – e a rede fascial em particular – é uma única unidade conectada em que músculos e ossos flutuam.
Você pode romper essa rede em uma lesão, cortar com um bisturi de cirurgião, alimentá-la e hidratá-la bem ou entupi-la com xarope de milho com alta frutose. Não importa como você a trate, ela eventualmente irá perder sua elasticidade.
Nos seus olhos por exemplo, a rede enrijece de uma maneira bem regular, requerendo que você precise usar óculos de leitura por volta dos 50 anos. Na sua pele, a rede se desgasta e causa rugas. Elementos chave na cartilagem podem falhar antes que você morra e pode ser que você precise de uma prótese de joelho ou quadril. Mas quando finalmente você der seu último suspiro antes de morrer, sua rede fascial ainda será a mesma rede singular com a qual você iniciou a vida.

Não é de se admirar que este sistema, como os sistemas nervoso e circulatório, iria desenvolver complexos mecanismos de sinalização homeostáticos (Langevin et al. 2006). O que é de se admirar é que até agora não tínhamos analisado ou explorado as respostas do tecido conectivo.
Uma Definição de Termos:
Na medicina, o termo Fáscia designa tecidos com uma histologia e um arranjo específicos, como distinto de tendão, ligamento e outros tecidos específicos. Neste artigo, no entanto, estamos usando fáscia como um nome geral para esta rede sistêmica de tecidos conectivos, porque não existe um termo geral (Huijing e Langevin, 2009). Tecidos conectivos incluem o sangue e as células sanguíneas e outros elementos que não fazem parte da rede estrutural que estamos examinando. Talvez o termo mais perto seja matriz extracelular, que inclui tudo no corpo que não seja uma célula.
O termo Matriz Extracelular é aplicado à soma total da substância extracelular no tecido conjuntivo. Mecanicamente a matriz se desenvolveu para distribuir as tensões de movimento e das forças da gravidade enquanto, ao mesmo tempo, mantém a forma dos diferentes componentes do corpo. Também promove o ambiente fisicoquímico das células nela embutidas, promovendo um ambiente na qual aderem e sobre o qual podem mover-se, mantendo um meio poroso, hidratado, através do qual metabólitos e nutrientes podem se difundir livremente. (Myers, 2009).


A matriz extracelular tem 3 elementos principais:
1) Fibras: um trançado forte e flexível — consistindo primariamente de colágeno (existem mais de 12 tipos de colágeno) e seus primos elastina e reticulina — que separa os compartimentos e os mantém juntos também. A reticulina é uma fibra muito fina, um tipo de colágeno imaturo predominante no embrião, mas que que é largamente substituída por colágeno no adulto. A elastina, como indica seu nome, é empregada em áreas como a orelha, pele ou determinados ligamentos onde a elasticidade é necessária. (Myers, 2009).
2) Cola: Gels variáveis e coloidais como a heparina, fibronectina e ácido hialurônico que acomoda mudanças e fornecem o substrato para outras células como as nervosas e epiteliais.
3) Água: O fluído que cerca e permeia as células como um meio de troca de substâncias; mistura-se com a cola para fazer materiais de diferentes propriedades; e mantém as fibras molhadas e flexíveis.
Embora a matriz extracelular seja nosso tópico abaixo, o termo fáscia como o definimos também inclui fibroblastos e mastócitos, que dão origem às fibras e a cola e então as remodelam em resposta às demandas de lesões, treinamento e hábitos.

O principal elemento estrutural da matriz extracelular compreende as fibras de colágeno, elastina e reticulina. Colágeno de longe é o mais comum destes elementos e também de longe o mais forte. Esta é aquela coisa branca e forte na carne. A fibra de colágeno é uma tripla hélice; se tivesse meia polegada de espessura (1,75 cm) teria uma jarda de comprimento (0,91m) e pareceria com uma velha corda tripla trançada (Snyder, 1975). Fibras de colágeno podem ser arranjadas em linhas direcionais regulares, como nos tendões ou ligamentos (fibras densas e regulares) ou arranjadas de maneira entrecruzada e aleatória, como um feltro (fibras densas ou frouxas e irregulares).
As fibras de colágeno na realidade não ficam umas com as outras, mas são coladas juntas por outras proteínas chamadas glicosaminoglicanos, que são mucopolisacarídeos, ambas são palavras longas para não dizer que são como "ranho". Rsrsrsrsrs Somos mantidos juntos por muco, uma substância coloidal que pode variar levemente sua química, podendo exibir um surpreendente arranjo de propriedades, desde espessa e pegajosa à fluida e lubrificante. As moléculas mucosas se abrem para absorver água (elas são hidrofílicas) ou se fecham em si mesmas quando a água está ausente. Dependendo de sua química ou suas camadas se unem ou se permitem deslizar umas sobre as outras (Grinnell, 2008).
O fenômeno que chamamos “alongamento” (que os cientistas chamam “deformação” ou ainda de histerese) não é uma função do aumento de comprimento das fibras de colágeno mas de suas fibras deslizando umas sobre as outras na cola de glicosaminoglicanos hidratados (Sbriccoli et al. 2005). Tire água dos glicosaminoglicanos e o resultado é um tecido que é poderosamente relutante em alongar (Schleip 2003).
A Deformação é quando um tecido conjuntivo sofre uma deformação em virtude de uma carga atuando sobre ele por um tempo relativamente longo. Já a Histerese é a tendência de um material de manter suas propriedades na ausência do estímulo que as gerou. No caso do tecido conjuntivo, ele tende a apresentar um comportamento diferente durante a atuação e retirada da carga aplicada sobre o mesmo.

A maioria das lesões ocorrem quando o tecido conectivo é alongado mais rápido do que sua capacidade em responder. Quanto menos hidratado for, menor capacidade de resposta elástica ele terá.
Células do tecido conectivo produzem as fibras e os glicosaminoglicanos (Fibroblastos principalmente), estes materiais são alterados para formar uma incrível variedade de materiais de construção. Se você tentar recriar seu corpo estrutural com itens que poderia comprar, do que precisaria? Madeira ou canos de PVC para ossos, borracha de silicone para cartilagem, um monte de cordas, fios, tubos de borracha, folhas de plástico, faixas elásticas, algodão, redes, graxa e óleo – e a lista continua. Teríamos como construir um corpo sem fita adesiva?
O corpo manufatura todos estes materiais e muitos outros mais ao misturar juntas várias proporções das fibras da matriz extracelular e cola, ao alterar sua química de diferentes maneiras (Snyder, 1975). Nos ossos, a matriz de fibras está presente, muito parecida com couro, mas a substância fundamental (como uma mucosa) é sistematicamente substituída por sais minerais. A cartilagem tem o mesmo substrato do couro, mas a cola é secada para formar um “plástico” duro e flexível que permeia o couro fibroso. Em ligamentos e tendões, quase toda cola é espremida para fora. No sangue e no líquido sinovial, a fibra existe somente em uma forma líquida, até que é exposta ao ar, quando forma uma crosta. Esta manufatura no corpo é fascinante: a dentina nos dentes, as gengivas, as válvulas do coração, inclusive a córnea dos olhos — todos são formados da mesma maneira.

Remodelamento e Tensegridade -
Seus músculos podem determinar sua forma em uma ótica de treinamento, mas o tecido conectivo determina sua forma em uma ótica geral. Ele segura os ossos juntos, puxando um contra o outro quando eles empurram para fora (Tensegridade poderia ser resumido como o equilíbrio entres as forças de tensão e compressão atuando sobre um corpo).
A matriz extracelular é capaz de se remodelar em uma variedade de maneiras (Chen et. al 1997). Assim como os músculos se remodelam em resposta ao treinamento, a fáscia se remodela em resposta a um sinal direto das células (Langevin et al. 2010); lesões (Desmouli’ere, Chapponnier e Gabbiani, 2005); forças mecânicas sustentadas por muito tempo (Iatrides et al. 2003); padrões (incluindo emocionais); gravidade; e certas químicas dentro do corpo (Grinnell e Petroll, 2010). As complexidades do remodelamento estão sendo exploradas agora em laboratório e os detalhes deverão ser revelados ainda nesta década.
A ideia de tensegridade (tensão e integridade) e o fenômeno do remodelamento, são as bases para a terapia estrutural, incluindo ioga e as formas de terapia manual conhecidas como Rolfing® ou Integração Estrutural e seus parentes, incluindo autoliberação miofascial. Mude a demanda – como fazemos no trabalho corporal ou no treinamento personalizado – e os sistemas fasciais respondem a esta nova demanda. Este tema comum, aponta para um futuro onde terapia manual e treinamento de movimento se combinam para formar um poderoso método para:
- Restaurar ambientes naturais para postura e função;
- Administrar pequenos problemas antes que se desenvolvam e se tornem grandes problemas mais tarde;
- Diminuir as consequências de longo prazo de uma lesão;
- Estender movimentos funcionais cada vez mais longe na escala cronológica.
Um ambiente novo, pouco explorado e maravilhoso que se descortina para Profissionais da saúde e do movimento!

Continua... 

Leia a Parte 2: 

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