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Profissional especializado em Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida. Sérgio Nunes e sua empresa QualiFis, pretendem desenvolver junto aos seus alunos e clientes a ideia da verdadeira Saúde, que obviamente não é apenas a ausência de doença, mas também o Encantamento com a Vida, dotando-os de um entendimento adequado de se Priorizar, de compreender que vale a pena Investir no seu Potencial de Ser, através do investimento na melhoria da Qualidade de Vida, aprimorando a saúde e usando como meio, a Atividade Física, em suas mais diferentes possibilidades.

“As informações, dicas e sugestões contidas nesse blog têm caráter meramente informativo, e não substituem o aconselhamento individual e o acompanhamento de médicos, nutricionistas, psicólogos e profissionais de educação física.”

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quinta-feira, 24 de maio de 2012

COMO FUNCIONA A MEMÓRIA?



memória é a capacidade de adquirir (aquisição), armazenar (consolidação) e recuperar (evocarinformações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória biológica), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial).
A memória focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade. É um processo que conecta pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas idéias, ajudando a tomar decisões diárias.
Os neurocientistas (psiquiatras, psicólogos e neurologistas) distinguem memória declarativa de memória não-declarativa. A memória declarativa, grosso modo, armazena o saber que algo se deu, e a memória não-declarativa o como isto se deu.
A memória declarativa, como o nome sugere, é aquela que pode ser declarada (fatos, nomes, acontecimentos, etc.) e é mais facilmente adquirida, mas também mais rapidamente esquecida. Para abranger os outros animais (que não falam e logo não declaram, mas obviamente lembram), essa memória também é chamada explícita. Memórias explicitas chegam ao nível consciente. Esse sistema de memória está associado com estruturas no lobo temporal medial (ex: hipocampo, amígdala).
Psicólogos distinguem dois tipos de memória declarativa, a memória episódica e amemória semântica. São instâncias da memória episódica as lembranças de acontecimentos específicos. São instâncias da memória semântica as lembranças de aspectos gerais.
Já a memória não-declarativa, também chamada de implícita ou procedural, inclui procedimentos motores (como andar de bicicleta, desenhar com precisão ou quando nos distraímos e vamos no "piloto automático" quando dirigimos). Essa memória depende dos gânglios basais (incluindo o corpo estriado) e não atinge o nível de consciência. Ela em geral requer mais tempo para ser adquirida, mas é bastante duradoura.
Memória, segundo diversos estudiosos, é a base do conhecimento. Como tal, deve ser trabalhada e estimulada. É através dela que damos significado ao cotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida.

Quanto mais se sabe sobre a memória, melhor se compreende como melhorá-la. Neste artigo você terá uma visão geral básica de como sua memória funciona e de que maneira os efeitos do envelhecimento afetam sua capacidade de lembrar.
O primeiro choro de seu filho, o gosto dos biscoitos de polvilho da sua avó, o cheiro da brisa do oceano. São esse tipos de memórias que formam a experiência contínua de sua vida - elas oferecem uma percepção de personalidade. São elas que fazem você se sentir confortável com pessoas e lugares familiares, conectam seu passado com seu presente e oferecem uma estrutura para o futuro. De certa maneira, é nosso conjunto de memórias coletivas - nossa "memória" como um todo - que nos torna quem somos.
A maioria das pessoas fala sobre a memória como se ela fosse parte de seu corpo. Mas a memória não existe da mesma forma que o corpo - não é algo que se pode tocar. É um conceito que se refere a um processo de lembranças.
No passado, muitos especialistas ficavam satisfeitos em descrever a memória como um tipo de pequeno gabinete de arquivo para pastas de memórias individuais em que as informações eram armazenadas. Outros relacionavam a memória a um supercomputador neural preso ao couro cabeludo humano. Porém, atualmente, os especialistas acreditam que a memória é muito mais complexa e difícil de se compreender - e que ela não está localizada em um determinado local do cérebro por ser um processo que ocorre em todo o cérebro.
Você se lembra do que comeu no café da manhã de hoje? Se a imagem de um grande dejejum surgiu na sua mente, você não a pescou de algum corredor neural fora de rumo. Em vez disso, essa memória foi o resultado de um poder construtivo incrivelmente complexo (um poder que cada um de nós possui) que remontou impressões de memória dispersas a partir de um padrão de células distribuídas em todo o cérebro parecido com uma rede. Sua memória é realmente formada por um grupo de sistemas em que cada um tem um papel diferente na criação, no armazenamento e na lembrança dessas memórias. Quando o cérebro processa as informações normalmente, todos esses sistemas diferentes trabalham perfeitamente em conjunto para fornecer um pensamento coeso.
O que parece ser uma única memória é, na verdade, uma construção complexa. Se pensar em um objeto - digamos, uma caneta - o cérebro lembra do nome do objeto, seu formato, sua função, o som que faz quando desliza sobre o papel. Cada parte da memória do que é uma "caneta" vem de uma região diferente do cérebro. A imagem inteira dessa uma caneta é ativamente reconstruída pelo cérebro a partir de muitas áreas diferentes. Os neurologistas estão apenas começando a entender como as partes são remontadas em uma peça coerente.
Se você estiver andando de bicicleta, a memória de como operar a bicicleta surge a partir de um conjunto de células cerebrais. A memória de como ir de um lugar a outro vem de outro bloco, a memória de regras de segurança ao se andar de bicicleta vêm de outro e aquele sentimento de apreensão que se tem quando um carro faz uma curva perigosamente perto de você, vem de um outro bloco. Ainda assim, você nunca está consciente dessas experiências mentais separadas, nem que elas estão todas vindo de partes diferentes de seu cérebro porque elas trabalham harmoniosamente juntas. Na verdade, os especialistas nos dizem que não há uma distinção sólida entre como você lembra e como você pensa.
Isso não significa que os cientistas descobriram exatamente como o sistema funciona. Eles ainda não compreendem exatamente como você se lembra ou o que ocorre durante a lembrança. A pesquisa sobre como o cérebro organiza as memórias e onde essas memórias são adquiridas e armazenadas tem sido, por décadas, uma busca interminável entre os pesquisadores. Ainda assim, há informações suficientes para fazer algumas suposições. O processo da memória começa com a codificação, em seguida, passa para o armazenamento e, eventualmente, pela recuperação.

A maneira como nosso cérebro armazena, mantém e acessa a memória é um processo fascinante. Apenas recentemente é que neurocientistas e pesquisadores acadêmicos começaram a realmente entender como esse processo complicado funciona. As informações que chegam até nós são processadas de três formas primárias:
  • Memória Sensorial – A memória sensorial é usada para descrever nossa habilidade de reter impressões de informações que chegam através dos nossos cinco sentidos. Uma memória sensorial pode existir para qualquer desses canais sensoriais:
    • Memória visual | visão
    • Memória auditiva | audição
    • Memória tátil | tato
    • Memória olfativa | olfato
    • Memória gustativa | paladar
Cada um desses tipos de memória é importante e deficiências em qualquer um deles pode tornar certas tarefas mais difíceis. Por exemplo, deficiências na memória visual podem afetar sua habilidade de ler e escrever. Deficiências na memória auditiva podem afetar sua habilidade de compreender palavras ou lembrar informações que foram apresentadas verbalmente.
Um dos maiores fatores que separa a memória sensorial dos outros tipos de memória é que esse tipo de memória é geralmente armazenado no seu cérebro por menos de dois segundos. Essa breve janela de tempo nos dá tempo suficiente para processar, analisar e interpretar a mensagem que chega. Se julgarmos a informação importante o suficiente, nós a movemos para o próximo tipo de armazenamento.

Memória de Curto Prazo / Memória de Trabalho – Quando a informação é julgada importante, nós a movemos da memória sensorial para nossa memória de curto prazo. Através da memória de curto prazo, a maioria dos seres humanos pode lidar com aproximadamente 7 informações durante uns 30 segundos. Podemos estender esse período “ensaiando” a informação, repetindo os pensamentos em nossa mente, o que ajuda a movê-la para a memória de longo prazo. A maioria das informações é perdida (esquecida) na memória de curto prazo. Os limites da memória de curto prazo tornam impossível para qualquer um lembrar tudo que experimentam. Até pessoas com “memória fotográfica” não conseguem se lembrar de tudo, ao contrário da crença popular.
Lucy Whitmore (Drew Barrymore), por quem Henry (Adam Sandler) se apaixona perdidamente. Porém há um problema: Lucy sofre de falta de memória de curto prazo, o que faz com que ela rapidamente se esqueça de fatos que acabaram de acontecer. Com isso Henry é obrigado a conquistá-la, dia após dia, para ficar ao seu lado.
  • Memória de Longo Prazo – Se a informação tiver sorte o suficiente de sobreviver os primeiros dois estágios, ela terá a chance de ser processada e encontrar um lugar em sua memória de longo prazo. Uma metáfora comum é que a memória de longo prazo é a biblioteca do cérebro. Como uma biblioteca tradicional, a informação na memória de longo prazo é classificada, arquivada e indexada de diversas formas. Porque somos criaturas espaciais, e na maior parte organizamos nossas vidas baseadas no tempo, nossas memórias de longo prazo são organizadas por data e hora cronologicamente. O sistema de catalogação de longo prazo do nosso cérebro é complexo, mas é composto por três componentes chave:
    • Memória semântica: A parcela da memória de longo prazo que cuida de formular nossas ideias, significados e conceitos.
    • Memória processual: A parcela da memória de longo prazo que nos ajuda a lembrar como fazer as coisas.
    • Memória episódica: A parcela da memória de longo prazo que se refere à nossa habilidade de resgatar experiências pessoais do nosso passado.


Fatores relacionados com a perda de memória:


Amnésia -


Amnésia é a perda parcial ou total da capacidade de reter e evocar informações. Qualquer processo que prejudique a formação de uma memória a curto prazo ou a sua fixação em memória a longo prazo pode resultar em amnésia.
As amnésias podem ser classificadas em amnésia orgânica causada por distúrbios no funcionamento das células nervosas, através de alterações químicas, traumatismos ou transformações degenerativas que interferem nos processos associativos acarretando uma diminuição na capacidade de registrar e reter informações, ou amnésia psicogênica resultante de fatores psicológicos que inibem a recordação de certos fatos ou experiências vividas. Em linhas gerais, a amnésia psicogênica atua para reprimir da consciênciaexperiências que causam sofrimento, deixando a memória para informações neutras intacta. Neste caso, pode-se afirmar que a pessoa decide inconscientemente esquecer o que a fazer sofrer ou reviver um sofrimento. Em casos severos, quando as lembranças são intoleráveis, o indivíduo pode vivenciar a perda da memória tanto de fatos passados quanto da sua própria identidade.
As amnésias podem ainda ser divididas em termos cronológicos, em amnésia retrógrada e amnésia anterógrada. A amnésia retrógrada é a incapacidade de recordar os acontecimentos ocorridos antes do surgimento do problema, enquanto a amnésia anterógrada é à incapacidade de armazenar novas informações a longo prazo .
depressão é a causa mais comum, porém a menos grave. Denomina-se depressão uma doença psiquiátrica, que inclui perda do ânimo e tristeza profunda superior ao mal causado pelas circunstâncias da vida.

Doença de Alzheimer -

Uma porção significativa da população acima dos 50 anos sofre de alguma forma de demência. A mais comum é a doença de Alzheimer, na qual predomina a perda gradativa da memória, pois ocorrem lesões inicialmente nas áreas cerebrais responsáveis pela memória declarativa, seguidas de outras partes do cérebro.


Outros fatores - 

A doença de Parkinson, nos estágios mais severos, o alcoolismo grave, uso abusivo da cocaína ou de outras drogas, lesões vasculares do cérebro (derrames), o traumatismo craniano repetido e outras doenças mais raras também causam quadros de perda de memória.

A memória e o olfato - 

As memórias que incluem lembrança de odores têm tendência para serem mais intensas e emocionalmente mais fortes. Um odor que tenha sido encontrado só uma vez na vida pode ficar associado a uma única experiência e então a sua memória pode ser evocada automaticamente quando voltamos a reencontrar esse odor. E a primeira associação feita com um odor parece interferir com a formação de associações subsequentes (existe uma interferência proactiva). É o caso da aversão a um tipo de comida. A aversão pode ter sido causada por um mal estar que ocorreu num determinado momento apenas por coincidência, nada tendo a ver com o odor em si; e, no entanto, será muito difícil que ela não volte sempre a aparecer no futuro associada a esse odor.
No caso das associações visuais ou verbais, há uma interferência retroactiva. Estas podem ser facilmente perdidas quando uma nova associação surge (por exemplo, depois de memorizarmos o novo número do nosso celular, torna-se mais difícil lembrarmo-nos do antigo).


Temos que admitir, esse é um resumo muito breve do que compõe nossa memória e de forma alguma é exaustivo. Além disso, existem definições especiais dentro da memória que fogem da esfera dessa progressão de três estágios. Por exemplo, existe um aspecto da memória que descreve o aumento de sensibilidade da nossa mente subconsciente a certa informação quando nós somos expostos a ela diversas vezes ao longo de um período de tempo. Um exemplo do mundo real é nossa habilidade crescente de lembrar melhor o nome de um colega de trabalho depois que você o ouviu pela quinta vez, ao invés de quando ouviu pela primeira vez.
Estudos mostram que nossa memória melhora com a prática e fazer jogos de memória é uma ótima maneira de se conseguir justamente isso, e de se proteger do declínio cognitivo.  Experimente e você rapidamente estará na direção de melhorar sua memória.

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Fontes:

domingo, 20 de maio de 2012

QUALIDADE DE VIDA E ENVELHECIMENTO



Simone de Beauvoir em seu livro, "A Velhice", escreve: "Morrer prematuramente ou envelhecer: não há outra alternativa"...  

O envelhecimento é um processo natural e inevitável, sendo assim, a velhice é uma fase que, como a infância, a adolescência e a juventude, faz parte do ciclo biológico e natural da vida. No entanto, trata-se de uma construção social e histórica devido às variadas formas pelas quais o processo de envelhecimento é entendido e vivido nas diferentes sociedades.

Na França do século XlX por exemplo, a velhice passou a ser tratada como um problema social, isto porque, mais da metade da população com idade acima de 65 anos vivia em precárias condições de vida. O crescimento rápido da classe operária, a expansão do sistema capitalista do trabalho e o conjunto de procedimentos que passaram a orientar a ordem social vigente, foram as causas principais do agravamento da situação do idoso, que não possuía salário ou pensão e vivia sob a dependência dos filhos ou de instituições assistenciais. Nessa época foram criados os primeiros asilos construídos com recursos de fundos privados, doações de famílias de banqueiros e industriais. Pesquisas apontam que 40% dos asilos na França foram construídos no século XlX. (Lenoir,1996:82)

Como vemos a velhice enquanto representação social, vem atrelada, à participação do indivíduo no sistema produtivo. Freqüentemente, o grau de respeito e de reconhecimento social das pessoas idosas está relacionado à produtividade.
O tratamento dado à questão da velhice na França se constituiu na formulação de políticas sociais, resultando numa mudança da estrutura social na década de 60 do século XX, traduzida em prestígio aos aposentados e transformação da imagem das pessoas envelhecidas em sujeitos respeitados.

No Brasil, o processo de mudança da imagem da velhice, teve início no final da década de 60 e as leis voltadas para a proteção da pessoa idosa datam de 1973 com a concessão pelo Ministério do Trabalho e o INPS a aposentadoria –velhice para homens a partir dos 60 anos e mulheres com idade acima dos 60 anos.
A Renda Mensal Vitalícia foi instituída em 1973, oferecendo 60% do salário mínimo para pessoas com mais de 70 anos.
A Constituição Federal de 1988 por meio de sua Política de Assistência Social, conferiu ao idoso e a pessoa portadora de deficiência a possibilidade de uma renda de sobrevivência. Trata-se de um salário para os não contribuintes e está previsto na Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, (Lei no 8742/93 artigos 20 e 21), como benefício de prestação continuada. Este benefício veio a substituir a Renda Mensal Vitalícia em 1996.

Na década de 60 surgiram no Brasil os primeiros programas institucionais para atender o idoso. Porém, tiveram maior desenvolvimento nos anos 80, devido ao crescimento real desta faixa da população, mas sobretudo, pela construção de uma imagem do idoso e do envelhecer diferente da idéia tradicional. A imagem veiculada, em geral, identificava a pessoa idosa apenas por suas fragilidades físicas, intelectuais decorrentes do avanço da idade e principalmente a falta de produtividade relacionada ao trabalho remunerado, contribuindo para a marginalização do idoso e privando-o de ocupar um espaço na sociedade.

Em 1985, a cidade de São Paulo viu surgir, a partir da organização do segmento, o Conselho Municipal da Condição do Idoso, sendo reconhecido pelo poder público como categoria social merecedora de atenção e espaço na cidade. Em 1989 foi criado o Grande Conselho Municipal do Idoso, dando continuidade ao processo de participação e lutas, na reivindicação de políticas para efetivarem os direitos concedidos e garantir ações que propiciem a melhoria da qualidade de vida de todos.

Não é difícil para qualquer um de nós constatarmos que a aposentadoria, principal benefício previdenciário e relacionado diretamente à velhice, representa a retirada da vida produtiva e a diminuição de rendimentos. Significa, quase sempre, o empobrecimento e a redução de satisfações outras que não as indispensáveis para a sobrevivência. Isto ocorre justamente numa fase da vida, na qual o cidadão que dedicou a vida ao trabalho, poderia utilizar o tempo disponível para a realização de desejos e novos projetos de vida. Assim, se vê obrigado a adiar para um futuro cada vez mais inatingível, a possibilidade de concretizar alguns sonhos acalentados ao longo da vida.

Sabemos que já existem algumas leis com o objetivo de corrigir injustiças e amenizar o cenário atual da velhice e dos aposentados.
Um exemplo é a legislação em vigor que permite aos maiores de 65 anos e portadores de deficiência a concessão de meia entrada em eventos culturais, artísticos e esportivos promovidos pelo município, ou órgão da administração indireta. Esta concessão vem inserir a população idosa nos espaços culturais e sociais da cidade e, além de tira-lo do isolamento involuntário no qual é colocado, também fazem parte dos padrões de vida digno do cidadão. Essas iniciativas devem ser apoiadas e divulgadas para o conjunto da sociedade, a fim de que alcance o idoso que não possui renda suficiente para patrocinar seus momentos de lazer.

Outra questão importante é se garantir em leis a eliminação de barreiras arquitetônicas que prejudicam o direito de ir e vir, não somente dos idosos, mas também dos portadores de deficiência. A poucos dias observamos que o Centro Cultural Vergueiro, espaço de inúmeros e interessantes eventos culturais da cidade, não possui rampas de acessos adequados à portadores de deficiência física em ao menos um de seus auditórios.

A isenção de encargos e tarifas públicas como o IPTU para os aposentados e pensionistas que ganham até três salários mínimos, veio a beneficiar inúmeros idosos que sentiam-se angustiados por ocasião da efetivação desses pagamentos, precisando muitas vezes recorrer com grande constrangimento ao auxílio dos filhos ou familiares.

A utilização gratuita nos transportes coletivos a partir dos 65 anos, bem como assentos reservados para idosos e portadores de deficiência, constituiu-se em uma resposta positiva do poder público para o segmento idoso. Porém, esta conquista ainda necessita ser entendida por motoristas, cobradores, população em geral, e pelas próprias empresas de ônibus como um direito a ser respeitado, a começar pelo pequeno espaço reservado para a permanência dos mais velhos.

É grande a queixa dos idosos sobre os maus tratos a que são submetidos por alguns motoristas representados por freadas bruscas, arrancadas violentas no veículo, sem contar a falta de paciência ou má vontade para aguardar a subida ou descida das pessoas que já estão apresentando algumas dificuldades, como o equilíbrio por exemplo, comuns nesta fase da vida.

Na verdade, juntamente com as leis de proteção à pessoa idosa há a necessidade de se adequar a cidade e os recursos públicos para enfrentar essa nova realidade. É se suma importância a promoção de campanhas educativas que sensibilizem toda a sociedade para tratar os mais velhos com respeito e dignidade.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, o idoso tem dificuldade em caminhar nas calçadas descuidadas e em atravessar avenidas ou ruas. Os semáforos, cronometrados e sincronizados para atender a necessidade do escoamento do trânsito de veículos, estão calculados para o andar ágil dos jovens, desorientando os pedestres que já não acompanham o ritmo acelerada da metrópole. E esta é uma situação recorrente nas maiorias das grandes cidades brasileiras, infelizmente! 

A situação ideal seria a de que, ao envelhecer, o cidadão pudesse desfrutar de uma Previdência Social, cujos recursos fossem suficientes para lhe oferecer uma velhice tranqüila e que o direito ao atendimento à saúde lhe fosse assegurado com qualidade.
Uma vez que ninguém deseja morrer prematuramente, só nos resta a alternativa envelhecer. Como?

Dentro de um processo onde toda a sociedade colabore para:

1) a transformação da imagem social da velhice, a começar dos idosos da nossa própria família, respeitando e enxergando os mais velhos como cidadãos com direitos e deveres;
2) a criação de políticas públicas apropriadas para dar a necessária proteção à pessoa idosa, não na perspectiva da compensação, mas entendida como um direito;
3) resgatar no idoso a condição de sujeito para assumir sua própria vontade, fazer as coisas que gosta, realizar os seus próprios desejos, viver e exercer a sua cidadania.


Envelhecimento e Qualidade de Vida: dois aspectos que antes pareciam tão distantes um do outro, hoje se tornaram cada vez mais próximos. Até meados do século passado havia uma certa idéia corrrente de que a chegada da 3ª idade era sinônimo de muitas perdas e o início de um processo de abandono e finitude. Mas hoje, com os avanços nas áreas ligadas à saúde, as pessoas estão conseguindo viver mais e melhor.
Será que isto é verdadeiro para todas as pessoas? Poderíamos viver mais e melhor do que estamos realmente vivendo hoje em dia?
Este início do século XXI mostra uma preocupação grande com a questão da Qualidade de Vida. Observamos um aumento considerável de artigos sobre pesquisas em qualidade de vida, principalmente em relação aos idosos.
Qualidade de vida tem a ver com a nossa percepção de como estamos envelhecendo.
As pesquisas mostram que o processo de envelhecer de forma saudável é dependente em 50% de nosso estilo de vida, sendo o restante relativo ao meio ambiente e a carga genética. Isto mostra que, pelo menos, metade dele depende do que nós fazemos com nossa própria vida ou do que deixamos de fazer.

Mais da metade da qualidade de vida que você tem depende de você mesmo. 


A população mundial está ficando cada vez mais velha, tanto que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (2007), por volta de 2025 pela primeira vez na história haverá mais idosos do que crianças no planeta. Os dados indicam também o período de 1975 a 2075 como a Era do Envelhecimento.
    "O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é um fenômeno mundial e está ocorrendo a um nível sem precedentes. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas depois, este contingente alcançava 579 milhões de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de pessoas idosas por ano. As projeções indicam que, em 2050, a população idosa será de 1.900 milhões de pessoas, montante equivalente à população infantil de 0 a 14 anos de idade. Uma das explicações para esse fenômeno é o aumento, verificado desde 1950, de 19 anos na esperança de vida ao nascer em todo o mundo. (IBGE, 2007)."
    Os números mostram que, atualmente, de acordo com dados do IBGE (2007), uma em cada dez pessoas tem sessenta anos de idade ou mais e, para 2050, estima-se que a relação será de uma para cinco em todo o mundo e de uma para três nos países desenvolvidos. No mundo, em 2050, um quinto da população será de idosos.
    Ainda segundo as projeções do IBGE (2007), o número de pessoas com cem anos de idade ou mais aumentará 15 vezes, passando de 145000 em 1999 para 2,2 milhões em 2050. Os centenários, no Brasil, somavam 13.865 em 1991 e, em 2000, chegaram a 24.576, ou seja, houve um aumento de 77%. São Paulo tem o maior número de pessoas com cem anos ou mais (4.457), seguido pela Bahia (2 808), Minas Gerais (2.765) e Rio de Janeiro (2 029).


    O processo de envelhecimento demográfico é um fato que repercute nas diferentes esferas da estrutura social, econômica, política e cultural da sociedade, uma vez que os idosos, da mesma forma que os demais segmentos etários (crianças, jovens e adultos), possuem demandas específicas para a obtenção de adequadas condições de vida. Tais demandas fizeram da velhice tema privilegiado de investigação nas distintas áreas de conhecimento, elevando substancialmente o volume de obras publicadas nos últimos tempos.
    O aumento da população idosa e da expectativa de vida tem gerado importantíssimas repercussões nos campos sociais e econômicos, provocando uma intensificação do interesse por estudos empíricos e teóricos sobre a velhice e envelhecimento, bem como a criação de alternativas de promoção do envelhecimento saudável e da preocupação com o atendimento da população idosa nas áreas social, médica e educacional.
    Segundo Paschoal (2002), a longevidade cada vez maior do ser humano acarreta uma situação ambígua, vivenciada por muitas pessoas, mesmo pelas ainda não idosas: “O desejo de viver cada vez mais e, ao mesmo tempo, o temor de viver em meio a incapacidades e a dependência.”
    Numa sociedade ativa e competitiva como aquela em que vivemos, o esperado é que o idoso fique afastado do meio social ativo, por se apresentar fora do ritmo dos acontecimentos e improdutivo aos olhos do dinamismo social. Essa falta de utilidade, juntamente com a perda do papel social, desencadeia na sociedade o preconceito relacionado à idade.
    O desafio que se propõe aos indivíduos e às sociedades hoje é obter uma sobrevida cada vez maior, com uma qualidade de vida cada vez melhor.
    "O fenômeno qualidade de vida tem múltiplas dimensões, como por exemplo, a física, a psicológica e a social, cada uma comportando vários aspectos. Entre eles a saúde percebida e a capacidade funcional são variáveis importantes que devem ser avaliadas, assim como o bem estar subjetivo, indicadas por satisfação. (PASCHOAL, 2002, p. 80)."
     A qualidade de vida é um fator diretamente ligado a esse contexto, sendo um dos responsáveis pelo aumento ou pelo decréscimo na longevidade da população (MATSUDO, 2001). A preocupação em manter hábitos que garantam uma velhice saudável, marca uma nova etapa de conscientização. Para Acosta (2004, p. 140), "muito das 'perdas' e 'efeitos do envelhecimento' apresentados são decorrentes do estilo de vida que leva o idoso".

    A Organização Mundial da Saúde (2007) fundamenta o conceito de qualidade de vida em três aspectos fundamentais, identificados por um grupo de expertsde diferentes culturas: subjetividade, multidimensionalidade e presença de dimensões positivas (exemplo: mobilidade) e negativas (exemplo: dor). Esses aspectos devem ser capazes de medir a qualidade de vida em qualquer lugar do planeta. A definição de qualidade de vida seguindo esses aspectos pode ser enunciada como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações".

    O reconhecimento da multidimensionalidade da qualidade de vida refletiu-se na estrutura do instrumento, baseada em seis domínios: físico, domínio psicológico, nível de independência, relações sociais, com o meio ambiente e de espiritualidade / religião / crenças pessoais. A qualidade de vida, contudo, é uma questão que envolve valores e, como tal, está cheia de subjetividade, de reflexões pessoais e juízos familiares. A população em geral tem consciência do que é melhor para sua saúde, mas nem sempre o que é melhor para a sua saúde se reflete no que é melhor para a pessoa. Como a forma de mensuração, pelo que podemos notar, depende muito da interpretação de cada pessoa, que identifica o grau de melhora, piora ou, até mesmo, a manutenção da qualidade de vida dos indivíduos; esta se torna uma avaliação que atua no campo perceptivo sobre os níveis do "envelhecimento bem-sucedido".

    Becker Júnior., Gonçalves e Pol (2006) afirmam que as condições de saúde certamente influenciam a qualidade de vida, mas não são as únicas determinantes. Segundo esses autores, a sugestão é que, então, quando for abordado o tema qualidade de vida, seja utilizada a expressão como ligada à saúde – “qualidade de vida ligada à saúde” (QVLS).

    Teixeira et al. (2006) afirmam que a expressão “qualidade de vida” envolve múltiplos significados (conhecimentos, experiências, valores individuais e coletivos). As definições “restritas ou específicas”, tais como as utilizadas nas áreas econômicas e de saúde, são limitadas, por envolverem somente a aquisição de bens materiais e capacidade funcional pós-doenças. Os autores destacam ainda que a qualidade de vida é uma construção social que abrange referências históricas, culturais e de estratificações ou classes sociais.

    As atividades físicas são importantes para que se atinja o padrão desejado em certos aspectos da qualidade de vida. É claro que um estilo de vida ativa tem papel fundamental na promoção da saúde e da qualidade de vida durante o processo de envelhecimento, não importando quando, quanto e como o indivíduo seja fisicamente ativo (MATSUDO, 2001,p. 166).

    A reestruturação de um autoconceito positivo propicia uma conscientização do papel social a partir de uma ênfase no eu, estimulada pelo envolvimento com as atividades de movimento. Este autoconceito positivo é fortemente relacionado com a sensação de auto-eficiência (possibilitada pelas atividades). Assim, as pessoas, apoiadas na sua auto-estima, combatem o estigma negativo do envelhecimento.
    A qualidade de vida não é uma questão emocional, epistemológica, mas ética; ela não se constrói sobre conhecimentos, mas sobre valores e decisões, e a avaliação da qualidade de vida passa pela experiência de vida dos sujeitos, não só como um ato racional, mas que também envolve os sentimentos. Por isso, valores não materiais, tais como amor, liberdade, solidariedade, inserção social, realização pessoal e felicidade, também deveriam ser avaliados, pois compõem sua concepção (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000).

    Néri (2000) enfatiza que a avaliação de qualidade de vida deve envolver vários critérios, comparando as condições disponíveis com as desejáveis, cujos resultados são expressos por índices de desenvolvimento, bem-estar, satisfação, desejabilidade ou prazer.

    De acordo com Teixeira et al. (2006), os instrumentos de qualidade de vida utilizados podem ser agrupados em genéricos ou específicos. Os primeiros propõem-se a avaliar os aspectos amplos de qualidade de vida, utilizando questionários de base populacional, ao passo que os específicos geralmente são direcionados a grupos de indivíduos que sofrem ou sofreram algum tipo de patologia aguda ou crônica. Acreditamos, portanto, que o conceito de qualidade de vida é inerente a cada pessoa e varia ao longo do ciclo da vida, envolvendo múltiplos fatores, como registra Paschoal:
    "Duas outras características podem ser acrescentadas: complexidade e mutabilidade. Por ser multidimensional, bipolar e subjetivo, o conceito torna-se complexo e difícil de avaliar. Pr outro lado, a avaliação da qualidade de vida muda com o tempo, pessoa, lugar e contexto cultural; para uma mesma pessoa, muda conforme o seu estado de humor, o que muitas vezes dificulta a avaliação. (2002, p. 81)."
    A Organização Mundial da Saúde elaborou a definição de qualidade de vida que é atualmente uma das mais utilizadas e aceitas: “Qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores em que vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. (OMS, 2007)

    Os eventos subjetivos mostram maior associação com qualidade de vida do que objetivos, tais como renda, arranjo de moradia e saúde física, havendo uma forte relação entre ter medo de ficar velho, solidão e isolamento, senso de desamparo e de incompetência comportamental, como depressão, baixa saúde percebida e insatisfação com a vida. Sabe-se também que as doenças e incapacidades que determinam restrições nas oportunidades de acesso à estimulação prazerosa e ao envolvimento social relacionam-se com a depressão e com afetos negativos. Os idosos têm vida emocional menos intensa do que a dos adultos, possivelmente como resposta adaptativa aos limites da velhice, ou como reflexo de um processo de seleção de interesses.

Algumas considerações:
    Conceituar e avaliar qualidade de vida não é tarefa das mais fáceis, dada à quantidade e a complexidade das variáveis envolvidas. Atualmente, muitas disciplinas e profissões têm se ocupado dessa tarefa.
    O assunto começou a chamar a atenção, primeiro, de cientistas sociais e de políticos; depois, do pessoal do campo da saúde e, afinal e literalmente, de todas as áreas da atividade humana. Em virtude da importância do tema, tanto para a avaliação dos resultados, condutas, tratamentos e políticas, quanto para a avaliação de atendimento e serviços, há vários conceitos e instrumentos, alguns gerais e outros específicos, para sua avaliação; poucos, porém, foram desenvolvidos tendo como alvo a população idosa.

    Portanto, acreditamos que o conceito de qualidade de vida é inerente a cada ser humano e varia ao longo de sua vida, envolvendo uma multiplicidade de fatores.
    Os pesquisadores que desejam trabalhar com este tema, não podem deixar de considerar esse dado, pois os resultados das pesquisas irão refletir a fase e o momento da vida em que os indivíduos se encontram.
    Além disso, não se pode deixar de enfatizar sobre sua característica dinâmica, em virtude das possibilidades de mudança ao longo da vida. A consciência de si, baseada no reconhecimento da própria imagem, incluindo seus aspectos fisiológicos, sociais e afetivos, pode ser um caminho para a transformação do corpo-objeto num corpo-sujeito no contexto de um envelhecer mais significativo e prazeroso.
    Espera-se continuar a trilhar por novos caminhos na busca de mais qualidade de vida e saúde e educação para a população idosa, como também viabilizar ações de maior abrangência, no intuito de incentivar os profissionais das mais diversas áreas a buscar novas formas de adequação para o atendimento às pessoas idosas, frente às perspectivas e desafios que norteiam as estatísticas no que se referem aos elevados índices e parâmetros de crescimento da população idosa em nível mundial.

    Atender com eficiência, qualidade, profissionalismo e segurança àqueles que chegaram antes de nós, e que criaram raízes, adubaram a terra e plantaram nossas sementes é um compromisso de todos nós!

Lembrem-se: seu Futuro depende muito do que você fizer Agora!

Referências:
  • ACOSTA M. A. F. Educação física, biogerontologia e a interface da qualidade de vida. Tese (Doutorado) - UFSM, Santa Maria, 2004.
  • GONÇALVES, C.; BECKER, Jr. B.; POL, D. Atividade física, a corporeidade e as ciências do esporte: uma trama epistemológica transdisciplinar. In: BECKER Jr., B; GONÇALVES, José dos Santos. Fronteiras em ciências da atividade física e do esporte. Porto Alegre: Nova Prova, 2006, p. 126-128.
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico. Disponível em: http://www.ibge.com.br.Acesso em: 5 set. 2007.
  • MATSUDO, S. M. M. Envelhecimento & atividade física. Londrina: Midiograf, 2001.
  • MINAYO, M. C. S.; HARTZ, Z. M. A.; BUSS, P. M. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência e Saúde Coletiva, v. 5, n. 1, p. 23-46, 2000.
  • NERI, A. Qualidade de vida na idade madura. Campinas: Papirus, 2000.
  • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Disponível em: http://www.opas.org.br> Acesso em: 15 ago. 2007.
  • PASCHOAL, S. Qualidade de vida na velhice. In: FREITAS, E. et al. (Org.). Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
  • TEIXEIRA, A. et al. Qualidade de vida: uma visão geral. In: BECKER Jr. B.; GONÇALVES, J. S. Fronteiras em ciências da atividade física e do esporte.Porto Alegre: Nova Prova, 2006.


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PROTEJA-SE DA GRIPE!




12 milhões já tomaram vacina da gripe, mas


grávidas aderem menos!



Número corresponde a 41% da cobertura nacional, quando meta é de 80%.
Cobertura das gestantes chegou a 37% e dos índios a 27% até essa quinta.


Pelo menos 12,2 milhões de pessoas já tomaram a vacina contra a gripe em todo o país, número que corresponde a  41% de toda a cobertura vacinal, segundo balanço parcial da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe. No entanto, grávidas, profissionais de saúde e indígenas têm índice de adesão menor do que a média nacional: 37% e 27%. Os números foram atualizados até a manhã desta quinta-feira (17). A meta do Ministério da Saúde é vacinar 24,1 milhões de pessoas, ou seja, 80% do público alvo, até a próxima sexta-feira (25/05), último dia da campanha.

A vacinação é indicada para pessoas com mais de 60 anos de idade, trabalhadores de saúde, crianças entre seis meses e menores de dois anos, gestantes e povos indígenas. Neste ano, a campanha também vai chegar à penitenciárias, onde imunizará mais de 500 detentos.
Quem se encaixa no perfil do público-alvo e ainda não se vacinou, pode procurar um dos postos de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). A vacina protege contra a gripe sazonal e a gripe A (H1N1), popularmente conhecida como “gripe suína”, e está disponível nos postos desde o dia 5 de maio. A dose é considerada segura pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Crianças e idosos aderem mais - 
As crianças são as que apresentam maior percentual de cobertura até o momento, segundo o balanço. Mais de 2 milhões foram vacinadas, valor que corresponde a 48% da meta de 4,3 milhões. Crianças vacinadas pela primeira vez deverão tomar duas doses da vacina, com intervalo de 30 dias. Já crianças que receberam uma ou duas doses da vacina em 2011 deverão tomar apenas uma dose neste ano.

Em relação aos idosos, 8,3 milhões já foram aos postos tomar a vacina, número que representa 40% de cobertura vacinal. Este público chega a 20,5 milhões de pessoas.
A adesão está mais baixa entre os profissionais de saúde, gestantes e população indígena.
Ao todo 947,2 mil profissionais de saúde se vacinaram nesse período, número correspondente a 38% dos mais de 2,4 milhões de profissionais que atuam no atendimento aos doentes nas unidades de referências para o agravo. A ideia é preservar essa força de trabalho e evitar a propagação da doença para a população de alto risco.
Desde o começo da campanha, 808,7 mil gestantes tomaram a vacina, o que indica 37% de cobertura vacinal em relação ao público-alvo de 2,1 milhões de futuras mães.
Já a população indígena recebeu 159,9 mil doses da vacina. Neste grupo a cobertura vacinal atingiu 27% em relação à população total de 586,6 mil, no período.
Segundo o Ministério da Saúde, como essa população recebe a vacina nas aldeias onde vivem - algumas de difícil acesso - os dados são colocados no sistema apenas quando as equipes retornam. Diferente das outras populações cuja atualização é diária.
Vacinação por regiões - 
A região Sul concentra, proporcionalmente, a maior quantidade de pessoas que se vacinaram contra a gripe nas vésperas da chegada do inverno. Foram aplicadas 2,1 milhão de doses na região, número correspondente a 47% do público-alvo, que soma mais de 4,4 milhões.

Em seguida, aparece a região Centro-Oeste onde 854,4 mil pessoas foram vacinadas, alcançando cobertura de 43% do público-alvo de 2 milhões. Na região Nordeste, 3,2 milhões de pessoas foram vacinadas, ou seja, 40% do total de 8,1 milhões.
Já no Sudeste, 5,1 milhões receberam a dose da vacina contra a gripe, o que representa 39% de cobertura. A soma do público-alvo na região chega a 13,2 milhões de pessoas.
Na região Norte, 851,4 mil pessoas receberam a vacina. O número corresponde a 38% do público-alvo, que é de 2,2 milhões de pessoas.
Semelhante à campanha do ano passado, devem se vacinar nesse prazo idosos, crianças de seis meses a menos de dois anos, grávidas, indígenas e profissionais de saúde.
Sobre a Vacina - 
A dose trivalente imuniza contra  gripes sazonais e a influenza A (H1N1), popularmente conhecida como "gripe suína".
Este ano, a vacina protege contra três tipos do vírus Influenza - H1N1, H3N2 e influenza B.
"É uma vacina diferente das outras, feita exclusivamente para uso em campanha com base nos tipos de gripe de maior transmissão no ano anterior".


H1N1 - 
Em 2011, o Ministério da Saúde registrou redução de 64,1% no número de mortes (53) causadas pelo agravamento da gripe do tipo H1N1 na comparação com o ano anterior, quando 148 pessoas morreram. Já o s casos  graves notificados diminuíram de 9.383 para 5.230, o que equivale a uma queda de 44%.

"A gripe H1N1 não é mais considerada pandêmica pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mas é um tipo de vírus que ainda circula. Se a população se proteger ao se vacinar e se os profissionais de saúde prescreverem corretamente a população, nós podemos reduzir cada vez mais os óbitos nesses casos", disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.


A novidade deste ano é que cerca de 500 mil detentos também tomarão a vacina. A medida visa a evitar a proliferação da doença entre a população que vive aglomerada, já que o vírus da gripe é de fácil transmissão.

Doentes crônicos e imunodeprimidos, como portadores do HIV, também poderão ser vacinados mediante apresentação de receita médica em qualquer posto de saúde.

A mesma vacina também pode ser encontrada em laboratórios particulares, onde podem recorrer as pessoas fora do grupo priorizado pela campanha. Nestes locais, a vacina pode ter grande variação de preço, de R$ 50 a R$ 119.

"Qualquer indivíduo maior que seis meses pode receber a vacina contra a gripe, a não ser que já tenha apresentado uma reação alérgica grave à vacina ou algum de seus componentes. Deve-se evitar também a vacinação em pessoas que estão com doenças agudas febris moderadas ou graves, nestes casos recomenda-se adiar a vacinação até a melhora do quadro", afirmou Claudia Figueiredo Mello, infectologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, localizado em São Paulo.


Prevenção -
O Ministério da Saúde recomenda como medida de prevenção para evitar a gripe que se mantenham cuidados básicos de higiene. Entre eles está a lavagem frequente das mãos com água e sabão.



O Ministério também sugere que se evite tocar olhos, boca e nariz depois de contato com superfície e que não se compartilhe objetos de uso pessoal. Ao tossir ou espirrar, a boca e o nariz devem ser cobertos com um lenço.

Abaixo, tire suas dúvidas sobre a vacina e sobre gripe com informações do Ministério da Saúde e da coordenadora de imunizações da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Helena Sato.
1) Contra quais gripes a vacina protege?
Para 2012, a vacina influenza é trivalente. Isto é, composta por três vírus inativados: vírus similar ao vírus influenza A (H1N1), vírus similar ao vírus influenza A (H3N2) e vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane. Ela protege contra as formas mais comuns da gripe nesta temporada e contra o vírus da gripe A (conhecida popularmente como "gripe suína").

2) Quem deve tomar a vacina?
Na Campanha Nacional de Vacinação de 2012, a vacina contra gripe estará disponível gratuitamente para:

- pessoas acima de 60 anos;
- crianças de 6 meses a menores de 2 anos;
- gestantes;
- trabalhadores das unidades de saúde que fazem atendimento aos pacientes com o vírus da gripe;
- indígenas;
- detentos;
- pacientes com doenças crônicas e imunodeprimidos que apresentarem receita médica em qualquer posto de saúde.



3) Por que o Ministério da Saúde priorizou esses grupos?
Estudos indicam que alguns grupos da população, principalmente idosos, grávidas e crianças pequenas, correm mais risco de ter complicações em decorrência da gripe, como uma pneumonia, e morrer pela doença.


4) Onde será realizada a vacinação?
Em 65 mil postos de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS) espalhados pelo país. Estes postos estão situados em Unidades Básicas de Saúde.

5) Quem se vacinou no ano passado, precisa se vacinar de novo?
Sim, já que a imunidade contra a gripe dura até um ano após tomar a vacina. E também porque a sua composição é feita conforme os vírus que circularam no ano anterior.

6) O que é influenza?
A "influenza" é o nome científico do vírus da gripe. É uma infecção viral aguda que afeta o sistema respiratório. É de alta transmissão, com tendência a se disseminar facilmente em epidemias sazonais, comuns no outono e inverno.

7) Gripe e resfriado são a mesma coisa?
Não. A gripe é uma doença grave, contagiosa, causada pelos vírus Influenza (tipos A, B e C). O resfriado é menos agressivo e de menor duração, causado pelo Rhinovírus (com seus vários tipos), sendo que a transmissão entre as pessoas se dá através das vias respiratórias.

Os sintomas da gripe muitas vezes são semelhantes aos do resfriado, que se caracterizam pelo comprometimento das vias aéreas superiores, com congestão nasal, coriza, tosse, rouquidão, febre variável, mal-estar, dor no corpo e na cabeça. Mas, enquanto a gripe deixa a pessoa de cama, geralmente o resfriado não passa de tosse e coriza. A vacina não protege contra resfriados.
8) Quais os meios de transmissão dos vírus da gripe e do resfriado?
A transmissão ocorre quando as secreções das vias respiratórias de uma pessoa contaminada são transmitidas para outra por meio da fala, da tosse, do espirro ou pelo toque, levando o agente infeccioso direto à boca, olhos e nariz do receptor.

9) A vacina contra gripe imuniza contra resfriado? 
Não. A vacina influenza protege contra os vírus da Influenza que estão circulando no país e pode mudar a cada ano.

10) A vacina tem alguma contraindicação?
A vacina não é recomendada para quem tem alergia à proteína do ovo, isto é, entre aqueles que já apresentaram forte reação alérgica pelo menos duas horas depois de comer ovo. Esse tipo de alergia é bastante rara. A vacina também é contraindicada a quem já teve reações adversas a doses anteriores a um dos componentes da vacina. Nestas situações recomenda-se passar por avaliação médica para saber se pode ou não tomar a vacina.

11) Posso ficar gripado (a) depois de me vacinar?
Não, isso é um mito. A vacina contra a influenza contém vírus mortos ou apenas pedaços dele que não conseguem causar gripe.

Na época em que a vacina é aplicada, circulam diversos vírus respiratórios diferentes, que podem não ser o da gripe em questão, e as pessoas podem acabar infectadas por não estarem ainda imunizadas.
A pessoa pode também pegar um resfriado, já que a vacina não protege contra resfriados.
12) Quanto tempo leva para a vacina fazer efeito?
Em adultos saudáveis, a detecção de anticorpos protetores se dá entre duas a três semanas após a vacinação e apresenta, geralmente, duração de seis a 12 meses.

13) Fora do período da campanha é possível me vacinar?
Não pelo SUS. Após a campanha só serão vacinadas a população prisional e pessoas que apresentem condições clínicas específicas.

14) A vacina contra a gripe tem o mesmo efeito que um antigripal?
Não. A vacina previne contra a gripe e o antigripal é um medicamento usado para reduzir os efeitos causados pela doença. Mas clínicas as privadas poderão disponibilizar a vacina a toda população – inclusive para quem não faz parte do grupo prioritário – desde que as doses compradas estejam registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

15) Pessoas com doenças crônicas podem se vacinar?
Sim, mas com apresentação de receita médica. Em alguns casos, como os de pacientes com doenças neurológicas, é aconselhável a busca de avaliação médica antes de efetuar a vacinação.

16) É obrigatório apresentar a caderneta de vacinação?
Não é obrigatório, mas é necessário para atualização de outras vacinas do calendário de vacinação. Para quem não apresentá-la no momento da vacinação, será feito outro cartão para o registro, que deve ser guardado para comprovar o histórico vacinal.

17) Pessoas que usam corticoide podem ser vacinadas?
Sim, o uso não impede a vacinação.

18) Quanto tempo após a vacinação eu posso doar sangue?
Uma portaria do Ministério da Saúde de 2011 declarou que o doador fica inapto para fazer a doação pelo período de um mês a partir da data que foi vacinado contra a Influenza. Depois do prazo, pode fazê-la.
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