Além de aumentar a massa magra e dessa forma acelerar o metabolismo, a musculação tem a capacidade de fazer seu corpo gastar calorias muitas horas após o treino, elevando o Gasto Energético Diário (GED). Tudo depende da forma como é organizado o treino. E para isso, você deve ter sempre ao seu lado um Professor de Educação Física!
Sobre o Gasto Energético Diário - O gasto energético diário pode ser dividido em três componentes:
TMR (taxa metabólica de repouso), efeito térmico do alimento
e gasto energético associado com a atividade física. A atividade
física promove aumento do gasto energético total tanto de forma aguda (durante a atividade) quanto de forma crônica (pelas alterações provocadas por ela).
A primeira condição refere-se ao
próprio gasto energético durante a realização do exercício e durante
a fase de recuperação; já a segunda refere-se às alterações
da taxa metabólica de repouso – TMR.
No que diz respeito ao efeito agudo, está bem estabelecido que,
após o término do exercício, o consumo de O2 (oxigênio) não retorna aos
valores de repouso imediatamente. Essa demanda energética durante
o período de recuperação após o exercício é conhecida como
consumo excessivo de oxigênio após o exercício, ou ainda, excess
posterxercise oxygen consumption – EPOC.
E ainda que o excesso de consumo de oxigênio após o exercício consiste
em um componente rápido e um componente prolongado.
O componente
rápido do EPOC ocorre dentro de 1h. Embora a causa
precisa dessas respostas não esteja bem esclarecida, é provável
que esses fatores contribuam para: a ressíntese de ATP/CP, redistribuição
comportamental dos íons (aumento na atividade da bomba
de sódio e potássio), remoção do lactato, restauração do dano
tecidual, assim como restauração do aumento da FC e do aumento
da temperatura corporal.
Durante o componente prolongado,
processos para o retorno da homeostase (ou Alostase) fisiológica ocorrem
continuamente, porém em um nível mais baixo. Esses processos
podem incluir o ciclo de Krebs com maior utilização de ácidos graxos
livres; efeitos de vários hormônios, como o cortisol, insulina,
ACTH, hormônios da tireóide e GH; ressíntese de hemoglobina
e mioglobina; aumento da atividade simpática; aumento
da respiração mitocondrial pelo aumento da concentração de norepinefrina;
ressíntese de glicogênio, aumento da temperatura.
Têm sido discrepantes ainda os resultados dos diversos estudos
no que diz respeito à magnitude e duração do EPOC. Contudo vários estudos demonstram que o EPOC pode permanecer por
horas.
Vários trabalhos têm analisado a contribuição do EPOC em programas
de emagrecimento, visto que este é o resultado de um
balanço energético diário negativo entre consumo e gasto energético.
Bahr et al. já haviam considerado o EPOC como um
importante fator no controle do peso, uma vez que o exercício
demanda uma energia extra além da prevista na atividade física.
Em corroboração, outros estudos relataram que a magnitude do
metabolismo elevado durante a recuperação tem implicação importante
na prescrição de programas de redução ponderal.
A redução ponderal também está relacionada às alterações crônicas da atividade física, ou seja, da taxa metabólica de repouso
(TMR).
A TMR é definida como o gasto energético necessário à
manutenção dos processos fisiológicos no estado pós-absortivo (alimentado),
chegando a compreender até 60-70% do gasto energético total,
dependendo do nível de atividade física.
Todo esse interesse na redução ponderal deve-se ao fato de a Obesidade, atualmente, ser considerada pela Organização Mundialde Saúde um problema de saúde pública.
Uma estimativa
considerando a prevalência de pessoas obesas atualmente ressalta
que, se essa proporção se mantiver, no ano de 2230, 100%
da população norte-americana será obesa.
Analisando a realidade
brasileira, Meirelles e Gomes mostraram que, no Rio de Janeiro,
44% dos homens e 33% das mulheres na faixa etária de 26
a 45 anos apresentam sobrepeso ou obesidade.
Embora a obesidade esteja relacionada a diversas causas, como
as genéticas, fisiológicas, metabólicas, ambientais, emocionais e
culturais, toda a atenção dada no sentido de aumentar o gasto
energético diário total é de grande valia, uma vez que o balanço
energético é determinado, de um lado, pelo consumo e, de outro,
pelo dispêndio de energia, sendo que um desequilíbrio energético
positivo pode levar ao acúmulo excessivo de energia armazenada
como gordura corporal.
Diferentes estudos têm sugeridos que o exercício de maior
intensidade produz elevação mais prolongada no EPOC do que
exercícios de intensidades menores (quando possuem volume
equivalente), devido ao fato de este causar maior estresse metabólico,
sendo necessário, então, maior dispêndio de energia para
retornar à condição de homeostase.
Além disso, maior nível
de atividade do sistema nervoso simpático (estimulado pelas catecolaminas)
também pode contribuir para elevar a taxa metabólica
pós-exercício, visto que a epinefrina e a norepinefrina estimulam
a respiração mitocondrial e a função celular, facilitando a
passagem de sódio e potássio através da membrana celular, aumentando
a produção de ATP e o uso de oxigênio.
Existe aumento de 20 a 35% na responsividade (capacidade de resposta) lipolítica no
adipócito após o exercício. Contudo, a taxa de oxidação de lipídios ainda é maior após exercício de alta intensidade, uma vez
que a síntese de glicogênio é aumentada para repor o glicogênio
utilizado. A oxidação de lipídios também está associada com o
aumento do turnover (síntese e degradação) dos ácidos graxos livres; concomitantemente,
o aumento do turnover de proteína também pode contribuir
para maior EPOC.
Além desses fatores, o exercício de maior
intensidade está associado com maior ressíntese de hemoglobina
e mioglobina e parece estar associado também de forma
inversa com as taxas de obesidade.
Alguns trabalhos analisaram o EPOC e o gasto energético comparando
protocolos de exercício contínuo e intervalado submáximos e exercício contínuo submáximo e intervalado supramáximo.
Todos esses estudos demonstraram maior gasto energético
para os exercícios mais intensos.
Imagem meramente ilustrativa, não é sugestão de treino!
ATENÇÃO: Para elaboração de um treinamento adequado às suas reais necessidades, objetivos e possíveis limitações... Converse sempre com um Profissional Capacitado!
Partindo-se do princípio de que
é possível realizar mais minutos a alta intensidade com o exercício intermitente se comparado com o exercício contínuo, pessoas
com sobrepeso podem exercitar-se por tempo menor a uma
intensidade que produza um EPOC maior, visto que na maioria
das vezes essas pessoas, além de descondicionadas, têm aversão
à atividade física.
Tem sido proposto,
ainda, que para as pessoas que querem emagrecer, a magnitude
do EPOC (custo energético) é mais importante que a duração dele.
Existem muitos mecanismos potentes pelos quais o exercício
regular de maior intensidade pode facilitar a manutenção ou redução do peso corporal,
o que inclui: o aumento do gasto energético diário total, redução do apetite, aumento da TMR, aumento da massa magra livre de gordura,
aumento do efeito térmico da refeição, aumento do consumo
excessivo de oxigênio após o exercício e aumento da taxa de mobilização
e oxidação de gordura.
Importante salientar que a TMR é o maior componente do gasto energético diário, podendo ser modificada ainda por diversos fatores como: hora do dia, temperatura,
ingestão de alimentos, ingestão de cafeína, tipo de exercício e estresse. A TMR diminui com a idade e redução da massa
corporal; isso deve-se, em parte, à diminuição na massa magra e
da atividade do sistema nervoso simpático.
IMPORTANTE: Não se sabe ainda, qual a combinação ideal de volume e intensidade, mas o desenvolvimento
de programas de treinamento que MAXIMIZAM o EPOC definitivamente é um importante fator para a redução ponderal. Embora
o custo energético do EPOC em apenas uma sessão de treinamento se
mostre relativamente pequeno, seu efeito cumulativo poderá ter um impacto
positivo no quadro da obesidade. O mesmo raciocínio é válido para
a TMR.
Nota 10 para esta matéria!
ResponderExcluirMuitas dicas e informações importantes e relevantes para quem quer ter mais saúde e qualidade de vida.
Parabéns!