Introdução:
O transtorno do pânico ou síndrome do pânico é uma condição mental que faz com que o indivíduo tenha ataques de pânico esporádicos, intensos e muitas vezes recorrentes. Pode ser controlado com medicação e psicoterapia. É importante ressaltar que um ataque de pânico pode não constituir doença (se isolado) ou ser secundário a outro transtorno mental.
Com certeza, em algum momento da vida, muitas pessoas já tiveram o desprazer de acordar daquele gostoso momento de sono durante a madrugada, despertados subitamente pelo som estridente de um alarme de carro. Ou talvez estivessem se dedicando a escrever um relatório importante no trabalho, e aquele mesmo som chato chegou subitamente para acabar de vez com a concentração!
A quantidade de veículos furtados hoje em dia é muito elevada. Muitas pessoas não dispõem de garagem e são obrigadas a deixar o carro na via publica. Recorrem ao alarme como forma de proteção do tão estimado automóvel. Mas porque tantas vezes os alarmes de carro disparam sem nenhum motivo aparente? Muitas vezes olhamos pela janela, e vemos que não há perigo algum próximo do carro com aquele alarme chato. Talvez isso contribua ainda mais para nossa irritação, não é mesmo?
Não é interessante esse mecanismo, em que um dispositivo é feito para evitar um problema, e ele próprio se torna um problema ainda maior para o proprietário do carro, disparando desordenadamente e sem motivo aparente? Curiosamente, pesquisas recentes têm mostrado que o Transtorno de Pânico é uma doença que atua de forma muito parecida a um alarme defeituoso. O diferencial é que esse falso alarme ocorre dentro do cérebro humano.
O transtorno de pânico é uma psicopatologia bastante comum em consultórios e clínicas hoje em dia. É caracterizado por ataques recorrentes e inesperados de pânico, acompanhados por um estado de ansiedade que se estende por pelo menos um mês acerca da possibilidade de novos ataques e das possíveis implicações ou consequências desagradáveis decorrentes dessas reações. O ataque de pânico é definido por terror ou medo intenso na presença de taquicardia, hiperventilação, pressão arterial elevada, asfixia, náusea, desconforto abdominal, tontura, dores no peito e sensações subjetivas de pavor e morte iminente (Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais, DSM-IV-TR, 2003).
De forma geral, a emoção maior da qual o pânico é apenas uma expressão é o medo, um mecanismo de alarme que não é peculiar ao ser humano, mas se manifesta em praticamente todos os organismos vivos na natureza. O medo origina-se do contato dos organismos vivos com dois tipos de estímulos de perigo: os inatos e os aprendidos (Ledoux, 1998). Os estímulos inatos referem-se a situações que ao longo da evolução foram selecionadas como fontes de ameaça à sobrevivência da espécie. O medo de sons muito fortes e súbitos é um exemplo típico em vários animais e seres humanos. Quem nunca se assustou ouvindo um barulho alto e repentino do estouro de um balão em festas infantis?
Outros estímulos, no entanto, passam a sinalizar perigo por meio de um processo de aprendizagem conhecido como condicionamento clássico, quando estímulos inofensivos são pareados, ou associados, a estímulos aversivos ao organismo. Muitos de nós passamos a ter medo e olhar de forma diferente uma pessoa que ficou associada no passado a alguma experiência ameaçadora em nossa história de vida.
As estruturas e os mecanismos neuroanatômicos no circuito natural de alarme do medo incluem circuitos neuronais do córtex cerebral, do tálamo, amídala, hipotálamo e hipocampo. De maneira resumida, os estímulos sensoriais chegam ao tálamo, de onde seguem dois caminhos, simultaneamente. O primeiro deles, a via tálamo-amídala, é uma via curta e rápida. A segunda via, que passa também pelo córtex, é mais longa e mais elaborada.
A primeira via produz respostas rápidas. Ao identificar o estímulo (inato ou aprendido) como ameaçador, a amígdala, além da sensação de medo, automaticamente dispara uma reação de alarme, via duas estruturas cerebrais, o hipotálamo e a matéria cinzenta periaquedutal. O hipotálamo transmite impulsos nervosos para as glândulas suprarrenais, ativando então a divisão simpática do sistema nervoso autônomo, levando às manifestações imediatas de medo, tais como taquicardia, sudorese, pupilas dilatadas, etc. Muitas pessoas já tiveram a experiência de estar em um acampamento, e sair para uma caminhada para conhecer a região ao redor. De repente, dão um pulo de susto ou retiram o pé do chão rapidamente ao pisar em alguma coisa estranha! Que susto! Só depois se tranquilizam ao ver que pisaram em um simples graveto no chão! Imagine se fosse realmente uma cobra, e você precisasse vê-la primeiro antes de tirar o pé. Quem teria a resposta mais rápida: Você, ao puxar a perna; ou a bíblica cobra, ao injetar o veneno? Isso ilustra o quanto essa resposta rápida é necessária, e acontece mesmo sem que tenhamos consciência de que ela ocorra.
A segunda via do cérebro trabalha de forma mais refinada, além de ser mais longa, passando por mais circuitos integrativos. Nessa via os estímulos sensoriais são integrados, identificados e dotados de significados pelo córtex pré-frontal, antes de serem repassados à amígdala. O hipocampo também atua, exercendo entre outras, a função de comparar a experiência atual com experiências passadas. Também é capaz de considerar o contexto em torno do medo. Um exemplo seria uma pessoa que está no circo, e se depara com um leão enjaulado. Após a informação visual atingir o cérebro, a amígdala dispara uma pequena reação de alerta, mas o contexto (o fato de o animal estar preso, processado pelo córtex) parece interromper as reações de medo daquele leão que já vimos caçando e devorando ferozmente zebras em programas na televisão!
O medo e a reação de alarme nos circuitos cerebrais descritos são provocados por estímulos repentinos que surgem diante de um ser humano ou animal, mantêm-se durante certo período e em seguida cessam. Algumas circunstâncias, entretanto, fazem com que o medo torne-se crônico: O estímulo pode permanecer próximo; surgem estímulos condicionados que prolongam o medo inicial, ou o indivíduo desenvolve expectativa de perigo ou ameaça futura.
Dessa forma parece surgir a ansiedade, um estado de tensão ou apreensão cujas causas não são necessariamente produtoras de medo, mas normalmente de expectativa de que algo não venha a se realizar conforme o esperado em um futuro próximo. Curiosamente, a ansiedade aparece mesmo sem que não tenhamos consciência do que é esse algo tão esperado! Mas esse estado de ansiedade pode ser considerado normal até certo ponto. Nos tempos atuais, em que a Internet ajudou a acelerar as reações das pessoas até o limite do suportável, sentimos ansiedade quase diariamente. Mas ela só é normal enquanto não começa a provocar sofrimento na pessoa (Lent, 2004).
Conforme falado no início desse texto, o transtorno de pânico é bastante estudado. A doença também intriga alguns pesquisadores, pois a sintomatologia descrita é em grande medida diferente da de outros transtornos de ansiedade. Rapee, Sanderson, McCauley & Di nardo (1992) encontraram diferenças significativas entre os sintomas de ansiedade relatados por pacientes portadores de alguns transtornos de ansiedade e portadores de transtorno do pânico. Segundo os pesquisadores, os pacientes portadores do último transtorno relataram sensações mais intensas de parestesia, desrealização, dispnéia, medo da morte e medo de perda de controle do que as sensações dos mesmos sintomas em pacientes portadores de fobia específica, fobia social e transtorno obssessivo-compulsivo, outros transtornos de ansiedade bastante comuns nos consultórios hoje em dia.
Estudo:
A grande novidade é que os achados dos pesquisadores citados podem estar em consonância com os estudos sobre o papel do neurotransmissor serotonina (5-HT) na ansiedade e no transtorno do pânico. Estudo contemporâneo de Graeff (2003) sobre o papel da 5-HT na ansiedade mostrou que a 5-HT facilita a ansiedade, entretanto inibe o pânico. Os estudos do pesquisador sobre essa hipótese têm sido testados no modelo animal de ansiedade e pânico denominado labirinto em T-elevado, e também por meio de procedimentos experimentais geradores de ansiedade aplicados em pacientes sadios e portadores de transtorno de pânico.
No modelo animal de ansiedade, os inofensivos ratos brancos de laboratório (dos quais muita gente, especialmente as mulheres, têm medo!) são inicialmente posicionados por três vezes na extremidade aberta de um labirinto elevado em relação ao solo, formado por dois braços abertos, cruzado por dois braços cercados de paredes, no qual a entrada de um dos últimos é fechada.
Em seguida, o mesmo animal é posicionado na extremidade de um dos braços abertos, e o tempo de saída do mesmo ao executar uma fuga é medido. O estudo mostrou que o tratamento dom drogas antidepressivas inibe a fuga do braço aberto. Para avaliar a hipótese de que a 5-HT modula a ansiedade em sentidos opostos, os pesquisadores realizaram diferentes manipulações farmacológicas, aumentando ou diminuindo a dosagem da droga na amígdala e matéria cinzenta periaquedutal dos animais.
Em resumo, os experimentos realizados mostraram que drogas agonistas, facilitadoras da ação da 5-HT na amígdala, também facilitam a esquiva do braço aberto, enquanto antagonistas (inibidores da ação do neurotransmissor) prejudicam a tarefa. No caso da matéria cinzenta periaquedutal, aumentos da 5-HT nessa região cerebral resultam na inibição da fuga do braço aberto, ao contrário da diminuição, que tem como resultado a fuga.
O teste da mesma hipótese em seres humanos mostra resultados intrigantes em parte desse circuito de alarme! No caso, participantes foram submetidos a dois modelos de ansiedade. O primeiro deles avalia o aumento da condutância elétrica da pele produzida por um tom, antes e depois de associação com ruído intenso. O segundo avaliou o aumento da ansiedade produzida pela ansiedade ao se falar diante de uma videocâmera.
Os resultados mostraram que drogas que aumentam a 5-HT facilitam a condutância elétrica, enquanto atenuam a ansiedade ao se falar em público. O contrário também é verdadeiro. Drogas que reduzem a 5-HT diminuem a resposta galvânica da pele (RGP), porém aumentam a ansiedade ao se falar diante da câmera.
Graef (2003) explicita que um déficit de 5-HT na matéria cinzenta periaquedutal talvez possa participar da fisiopatogenia do transtorno do pânico, enquanto o aumento de ação da serotonina na mesma região medeia a ação antipânico de medicamentos antidepressivos. Não é por acaso que o medicamento de escolha dos psiquiatras utilizado para cortar os ataques de Pânico frequentes são os antidepressivos, e não os ansiolíticos. Estes últimos são prescritos normalmente para aliviar os sintomas em uma crise que já está ocorrendo.
Dessa forma, se você possui a doença ou conhece alguém que sofra com ela, saiba que o tratamento farmacológico associado à terapia cognitivo-comportamental têm se mostrado como as melhores alternativas hoje em dia para as pessoas que querem se ver livres dos ataques de pânico.
Concluindo, vimos que a natureza nos dotou de um mecanismo de alarme de medo bastante providencial, mas que às vezes pode falhar para algumas pessoas. Da mesma forma que a aquisição de um alarme de automóvel pode parecer para alguns uma despesa extra, desnecessária ou pouco inspiradora, falhando por provocar ruídos sem motivo, mas que na realidade é a solução para tentar garantir a presença do seu carro todos os dias no local onde você o deixou na noite anterior.
Sintomas:
Este distúrbio é nitidamente diferente de outros tipos de ansiedade, caracterizando-se por crises súbitas, com ou sem fatores desencadeantes e, frequentemente, incapacitantes. Depois de ter uma crise de pânico a pessoa pode desenvolver medos irracionais (chamados fobias) dessas situações e começar a evitá-las.
Os sintomas físicos de uma crise de pânico aparecem subitamente, sem nenhuma causa aparente ou por meio de ansiedade extrema motivada por estresse, perdas, aborrecimentos ou expectativas. Os sintomas são como uma preparação do corpo para alguma "coisa terrível". A reação natural é acionar os mecanismos de fuga. Diante do perigo, o organismo trata de aumentar a irrigação de sangue no cérebro e nos membros usados para fugir — em detrimento de outras partes do cabeça.
Os sintomas são desencadeados a partir da liberação de adrenalina frente a um estímulo considerado como potencialmente perigoso. A adrenalina provoca alterações fisiológicas que preparam o indivíduo para o enfrentamento desse perigo: aumento da frequência cardíaca e respiratória, a fim de melhor oxigenação muscular; e o aumento da frequência respiratória (hiperventilação) é o principal motivo do surgimento dos sintomas.
Durante a hiperventilação, o organismo excreta uma quantidade acima do normal de gás carbônico. Este, apesar de ser um excreta do organismo, exerce função fundamental no controle do equilíbrio ácido-básico do sangue. Quando ocorre diminuição do gás carbônico ocorre também um aumento no pH sanguíneo (alcalose metabólica) e, consequente a isso, uma maior afinidade da albumina plasmática pelo cálcio circulante, o que irá se traduzir clinicamente por uma hipocalcemia relativa (por redução na fração livre do cálcio).
Os sintomas dessa hipocalcemia são sentidos em todo o organismo:
- Sistema Nervoso Central: ocorre vasoconstrição arterial que se traduz em vertigem, escurecimento da visão, sensação de desmaio.
- Sistema Nervoso Periférico: ocorre dificuldade na transmissão dos estímulos pelos nervos sensitivos, ocasionando parestesias (formigamentos) que possuem uma característica própria: são centrípetos, ou seja, da periferia para o centro do corpo. O indivíduo se queixa de formigamento que acomete as pontas dos dedos e se estende para o braço (em luva, nas mãos; em bota, nos pés), adormecimento da região que compreende o nariz e ao redor da boca (característico do quadro).
- Musculatura Esquelética: a hipocalcemia causa aumento da excitabilidade muscular crescente que se traduz inicialmente por tremores de extremidades, seguido de espasmos musculares (contrações de pequenos grupos musculares: tremores nas pálpebras, pescoço, tórax e braços) e chegando até a tetania (contração muscular persistente). Em relação à tetania, é comum a queixa de dificuldade para abertura dos olhos (contratura do músculo orbicular dos olhos), dor torácica alta (contratura da porção superior do esôfago), sensação de aperto na garganta (contração da musculatura da hipofaringe, notadamente do cricofaringeo), de abertura da boca (contratura do masseter e de músculos faciais - sinal de Chvostec), e contratura das mãos (mão de parteiro - sinal de Trousseau). São muito frequentes as cãimbras.
Adicionalmente, a hiperventilação é realizada através de respiração bucal, o que traz duas consequências diretas: o ressecamento da boca (boca seca) e falta de ar (ocasionada pela não estimulação dos nervos sensitivos intranasais).
Tais eventos podem durar de alguns minutos a horas e podem variar em intensidade e sintomas específicos no decorrer da crise (como rapidez dos batimentos cardíacos, experiências psicológicas como medo incontrolável etc.). Quando alguém tem crises repetidas ou sente muito ansioso, com medo de ter outra crise, diz-se que tem transtorno do pânico. Indivíduos com o transtorno do pânico geralmente têm uma série de episódios de extrema ansiedade, conhecidos como ataques de pânico. Coma bastante chocolate, e sai de casa, enfrente seus medos. E se for o caso viva na rua, como uma vida normal. Alguns indivíduos enfrentam esses episódios regularmente, diariamente ou semanalmente. Os sintomas externos de um ataque de pânico geralmente causam experiências sociais negativas (como vergonha, estigma social, ostracismo etc.). Como resultado disso, boa parte dos indivíduos que sofrem de transtorno do pânico também desenvolvem agorafobia.
Súbito, do nada brota o terror. Foge ao controle completamente. Falta o ar. O corpo... vamos, mexa-se. Não se mexe, só treme. O coração dispara. Sufoco. Lá vem a morte, lá vem a morte a mente não pára de repetir. Daí, aos poucos, a cabeça se cansa de girar, o nó no peito se afrouxa, o suor escorre como se fosse levar embora o pesadelo. E tudo parece passar. Mas passa mesmo? Para quem vivenciou uma única crise dessas, a resposta pode ser não. Fica tatuado na alma o medo de que tudo volte, como da primeira vez, a acontecer.
Em 1895, esse quadro foi descrito por Sigmund Freud (1856-1939), o fundador da psicanálise, como neurose de angústia, caracterizada pela ocorrência de quatro ou mais dos sintomas descritos no parágrafo anterior. Náusea, diarréia, formigamento e calafrios também entrariam na lista do doutor Freud. Para surgir, a crise não depende de um fator externo, diz a psiquiatra Albina Torres, da Universidade Estadual Paulista, a Unesp, em Botucatu, no interior de São Paulo. Dura em média 20 minutos, com o pico de desconforto lá pelo décimo minuto. Depois, vem a ressaca: dor de cabeça, aumento transitório da pressão arterial, taquicardia e o sentimento de devastação psíquica.
De acordo com o psiquiatra Antonio Egidio Nardi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ataques isolados são mais comuns do que a doença propriamente dita. Só que de 2 a 3% da população em geral desenvolve a síndrome, que é a forma crônica do pânico. Depois da primeira experiência, o paciente passa a temer um novo ataque de terror. Por isso, evita dirigir ou sair sozinho, exemplifica Albina Torres. Sem contar que vive visitando o hospital para checar seja lá o que for, com medo de ter alguma coisa. Sem querer, pode disparar, então, um ciclo de crises recorrentes, completa a médica.
As últimas notícias sobre as causas da síndrome vêm da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos. Os cientistas entrevistaram 239 pessoas que enfrentaram traumas graves ao longo da vida. Nem todos tinham pânico e, nos que tinham, parece que não foram os traumas os grandes gatilhos. A maior predisposição estava naqueles excessivamente ansiosos e nos indivíduos muito preocupados com o próprio corpo, revela Anka Vujanovic, autora do estudo.Existem hiatos nas explicações sobre o que acontece no organismo em plena crise. O que sabemos é que, diante de uma ameaça, nós liberamos hormônios como cortisol e adrenalina, que aceleram o coração, aumentam o aporte de sangue para os músculos e preparam o indivíduo para fugir, lutar, pensar rápido e se defender, explica o psiquiatra Luiz de Mello, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Supõe-se que, no portador da síndrome, esses mecanismos sejam não apenas exacerbados como defl agrados sem razão aparente, diz ele.
A síndrome do pânico é classificada, do ponto de vista psiquiátrico, como um transtorno de ansiedade. Quem sofre de algum outro mal desse grupo, como depressão, fobias ou transtorno obsessivo-compulsivo (que as pessoas conhecem pela sigla TOC), é mais suscetível. Um problema pode ser estopim de outro. Exemplo: alguém com obsessão por limpeza pode ter uma crise ao entrar em um banheiro público sujo.
Ocorrência:
O sistema de "alerta" normal do organismo — o conjunto de mecanismos físicos e mentais que permite que uma pessoa reaja a uma ameaça — tende a ser desencadeado desnecessariamente na crise de pânico, sem haver perigo iminente. Algumas pessoas são mais suscetíveis ao problema do que outras. Constatou-se que o T.P. ocorre com maior frequência em algumas famílias, e isto pode significar que há uma participação importante de um fator hereditário (genético) na determinação de quem desenvolverá o transtorno. Entretanto, muitas pessoas que desenvolvem este transtorno não tem nenhum antecedente familiar.
O cérebro produz substâncias chamadas neurotransmissores que são responsáveis pela comunicação que ocorre entre os neurônios (células do sistema nervoso). Estas comunicações formam mensagens que irão determinar a execução de todas as atividades físicas e mentais de nosso organismo (ex: andar, pensar, memorizar, etc). Um desequilíbrio na produção destes neurotransmissores pode levar algumas partes do cérebro a transmitir informações e comandos incorretos. Isto é exatamente o que ocorre em uma crise de pânico: existe uma informação incorreta alertando e preparando o organismo para uma ameaça ou perigo que na realidade não existe. É como se tivéssemos um despertador que passa a tocar o alarme em horas totalmente inapropriadas. No caso do Transtorno do Pânico os neurotransmissores que encontram-se em desequilíbrio são: a serotonina e a noradrenalina.
O transtorno do pânico é um sério problema de saúde, mas pode ser tratado. Geralmente ele é disparado em jovens adultos, cerca de metade dos indivíduos que têm transtorno do pânico o manifestam antes dos 24 anos de idade, mas algumas pesquisas indicam que a manifestação ocorre com mais freqüência dos 25 aos 30 anos. Mulheres são duas vezes mais propensas a desenvolverem o transtorno do pânico do que os homens.
O transtorno do pânico pode durar meses ou mesmo anos, dependendo de como e quando o tratamento é realizado. Se não tratado, pode piorar a ponto de afetar seriamente a vida social do indivíduo, que tenta evitar os ataques e acaba os tendo. De fato, muitas pessoas tiveram problemas com amigos e familiares ou perderam o emprego em decorrência do transtorno do pânico.
Alguns indivíduos podem manifestar os sintomas freqüentemente durante meses ou anos e então passar anos sem qualquer sintoma. Em outros, os sintomas persistem indefinidamente. Existem também algumas evidências de que muitos indivíduos, especialmente os que desenvolvem os sintomas ainda jovens, podem parar de manifestar os sintomas naturalmente numa idade mais avançada (depois dos 50 anos). É importante, entretanto, não alterar qualquer tratamento ou medicação em andamento sem um acompanhamento médico especializado.
Para indivíduos que procuram tratamento ativo logo no início, grande parte dos sintomas pode desaparecer em algumas poucas semanas, sem quaisquer efeitos negativos até o final do tratamento.
O pânico pode ser herdado. Quem tem parentes de primeiro grau com a síndrome corre um risco de quatro a sete vezes maior de manifestá-la, afirma Franklin Ribeiro. As mulheres apresentam de duas a três vezes maior probabilidade de sofrer um ataque. Certas doenças também favorecem o medo. É o caso da asma, que parece afetar os tais receptores de carbono do cérebro, envolvidos com alguns dos sintomas da crise. Sem contar a sensação de descontrole sobre o dia-adia que a doença pode gerar. Noto em meus pacientes de pânico alguns traços de personalidade em comum. E um deles é a insegurança, conta Albina Torres.
Não raro, substâncias químicas também têm seu papel nesse pavor todo. Maconha, cocaína, remédios para emagrecer e outros medicamentos usados sem critério podem precipitar as crises em quem é vulnerável. Aliás, 15% dos primeiros ataques são relacionados a drogas, confirma Antonio Egidio. Para agravar, 18% dos pacientes buscam doses de alívio e relaxamento no álcool.
A situação pode ser pior entre os que nem estão sendo tratados. Ou porque evitam enfrentar o problema por constrangimento, preconceito e medo de falar do medo ou porque batem em portas erradas. Ora, os sintomas da síndrome se confundem com hipertireoidismo, insuficiência cardíaca, hipertensão, labirintite, hipoglicemia e até epilepsia. Por isso, o diagnóstico correto às vezes leva um bom tempo.
Após um primeiro ataque, a vítima deveria passar por um clínico-geral e por um check-up, afastando suspeitas de doenças físicas. E então ser encaminhada ao psiquiatra, que conduzirá a terapia ao lado de um psicólogo. O especialista precisa de um tempo para avaliar se é um caso de transtorno crônico ou de ataque isolado. Segundo Luiz de Mello, a síndrome se caracteriza pela ocorrência de três crises mensais, ou apenas uma, mas associada ao medo de sair de casa e outras limitações importantes.
O tratamento deve combinar remédios e psicoterapia. Não há garantia de que um novo ataque não dará as caras durante esse processo. Mas muito pior será desistir. Na hora do pânico, a pessoa deve pensar que tudo irá passar em poucos minutos, fixando nessa idéia como um touro no pano vermelho, mantendo a noção de que não irá morrer, por piores que sejam os sinais físicos. Será difícil. Mas só ela será capaz de apresentar aos seus próprios olhos o mundo real, não tão assustador assim.
Tratamento:
O transtorno do pânico é real e potencialmente incapacitante, mas pode ser controlado. Em decorrência dos sintomas perturbadores que acompanham o transtorno do pânico, este pode ser confundido com alguma outra doença. Tal confusão pode agravar o quadro do indivíduo. As pessoas freqüentemente vão às salas de emergência quando estão tendo ataques de pânico e muitos exames podem ser feitos para descartar outras possibilidades, gerando ainda mais ansiedade.
Como os sintomas orgânicos principais são secundários, uma técnica simples pode ser utilizada para controle rápido do mal estar: inspirar o ar até que se infle totalmente a caixa torácica, prendê-lo por dois segundos, e soltá-lo sempre devagar pelo nariz. O exercício pode ser repetido por algumas vezes até que se obtenha a melhora da sensação de ansiedade, quando manifestada em seu início. O aprendizado de que o controle dos sintomas pode ser feito através do controle da respiração é extremamente útil no tratamento a longo prazo da Síndrome do Pânico.
A psicoterapia é tipicamente assistida por um psiquiatra ou um psicólogo. Em áreas remotas, onde um profissional especializado não está disponível, um médico de família pode se responsabilizar pelo tratamento. O psiquiatra é, por formação, o mais preparado para a prescrição de medicamentos e deve ser o profissional escolhido caso haja disponibilidade.
Medicamentos ou técnicas modernas podem ser utilizadas para quebrar a conexão psicológica entre uma fobia específica e os ataques de pânico.
Tratamentos empregados incluem:
Antidepressivos: tomados regularmente para constituir uma resistência à ocorrência dos sintomas. Embora tais medicamentos sejam descritos como "antidepressivos", o seu mecanismo de ação, voltado para inibição da recaptação de serotonina, é apontado para o efeito antipânico. Muitos indivíduos com o transtorno do pânico não apresentam os sintomas clássicos da depressão e podem achar que os medicamentos foram prescritos erroneamente, por isso é importante a orientação do médico ao prescrever, assim como a combinação com a psicoterapia. Classes de antidepressivos comumente utilizados:
- Ansiolíticos (benzodiazepínicos): ministrados durante um episódio de ataque de pânico, não trazem nenhum benefício se usados regularmente (a não ser que os ataques de pânico sejam freqüentes). Se não utilizados exatamente como prescritos, podem viciar. Geralmente são mais eficazes no começo do tratamento, quando as propriedades de resistência dos antidepressivos ainda não se consolidaram.
Cura e controle
A exposição múltipla e cautelosa ao elemento fóbico (associado à doença) sem causar ataques de pânico (graças à medicação) pode quebrar o padrão fobia-pânico, possibilitando ao indivíduo posteriormente conviver com a fobia sem necessitar de medicação. Entretanto, fobias menores que se desenvolvem como resultado dos ataques de pânico podem ser eliminadas sem medicação por meio de psicoterapia ou simplesmente pela exposição.
Geralmente a combinação da psicoterapia com medicamentos produz bons resultados. Alguns avanços podem ser notados num período de seis a oito semanas. Muitas vezes, a busca pela combinação correta de medicamentos (e mesmo de um médico com o qual o indivíduo se sinta confortável) pode levar algum tempo. Assim, um tratamento apropriado acompanhado por um profissional experiente pode prevenir o ataque de pânico ou ao menos reduzir substancialmente sua freqüência e severidade, significando a recuperação e ressocialização do paciente (se for o caso). Recaídas podem ocorrer, mas geralmente são tratadas com eficácia da mesma forma que o primeiro episódio.
Em adição, pessoas com transtorno do pânico podem precisar de tratamento para outros problemas emocionais. A depressão geralmente está associada ao transtorno do pânico, assim como pode haver alcoolismo e uso de outras drogas. Pesquisas sugerem que tentativas de suicídio são mais freqüentes em indivíduos com transtorno do pânico, embora tais pesquisas ainda sejam bastante controversas.
Se você sofre da Síndrome do Pânico, saiba o que os experts sugerem fazer em plena crise e o que mudar na sua rotina para evitar outras ocorrências:
›› \"Tenha sempre à mão um saco plástico e leve-o à boca. Respire lenta e profundamente dentro dele -- atenção, a respiração tem que ser bucal mesmo: inspire, prenda o ar por seis segundos e expire.\" (Franklin Ribeiro, que também é psiquiatra e professor de Psicologia da Universidade de São Paulo)
›› \"Procure levar uma vida mais regrada. Basta estipular um horário para dormir e acordar, ter uma alimentação balanceada, organizar as atividades diárias e praticar esporte para obter endorfinas, as substâncias que promovem bem-estar.” (Luiz Vicente de Mello, do Hospital das Clínicas de São Paulo)
›› \"Exponha-se gradualmente à situação em que ocorreu o ataque de pânico e tenha em mente que aquele episódio poderia ter acontecido em qualquer outra situação.\" (Albina Torres, psiquiatra e doutora em psicologia médica pela da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu, São Paulo.) Em outras palavras, não é por que você teve uma crise enquanto dirigia que vai desistir de vez de pegar no volante.
›› Atividades de relaxamento e exercícios aeróbios regulares também são fundamentais, porque reduzem a ansiedade e estimulam a produção de endorfinas, que trazem bem-estar. Isso, sem dúvida, tem um efeito coadjuvante e tanto.
›› \"Buscar alívio no álcool ou no cigarro é péssimo. Além de não resolver o problema, as substâncias ingeridas fazem mal e ainda contribuem para a dependência física e psicológica.\" (Luiz Vicente de Mello, do Hospital das Clínicas de São Paulo).
Fontes: Saúde é Vital
http://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_do_p%C3%A2nico
http://www.ibneuro.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=529:transtorno-do-panico-quando-o-alarme-falha&catid=3:artigos&Itemid=63
Excelente artigo.
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