Na cotidianidade das práticas educativas, e neste caso, físicas, duas posturas modulares podem ser encontradas naqueles que as conduzem:
1) os que assumem o predomínio das características do papel de Professores Instrutores e
2) os que se comprometem primordialmente com os propósitos de Professores Educadores.
Penso ser bastante relevantes e demarcadoras as diferenças entre as duas posturas. Os que “vestem a camisa” de Professores Instrutores assumem os encargos do papel de treinadores que viabilizam a “performance” dos indivíduos mediante os conteúdos periodizados e técnicas estabelecidas de cunho funcional e pragmático. Desse modo, o que é prioritário é a instrução para o mínimo conhecimento do movimento, do gesto, para o domínio dos saberes técnicos e instrumentais que tendem a conformar e adaptar esses indivíduos com carências diversas e diferentes, aos padrões mínimos socialmente e cientificamente instituídos...E só!!
Agora... os que abraçam a árdua e desgastante, porém gratificante e prazerosa tarefa de Professores Educadores nas práticas educativas do movimento e salutares, as realizam como experiências de natureza teórico-vivencial que se nutrem com os saberes instituídos, mas procuram, cotidianamente, recriá-los e ressignificá-los contextualmente, buscando atingir os caminhos mais vastos da práxis, do conhecimento e da sabedoria.
Desse modo, as práticas educativas do movimento, vislumbram muito mais que a mera instrução para os aprimoramentos das capacidades físicas e melhorias de parâmetros físicos, fisiológicos e metabólicos; elas conduzem os indivíduos para a formação da globalidade do ser, entrelaçando razão/ciência e intuição/momento, corpo/emoção e mente/espírito. Atingindo, na orientação, o Ser Humano por completo!! Na sua “Inteireza”!! E verdadeiramente TRANSFORMANDO!!
Tarefa muito mais trabalhosa e complexa! Definitivamente não é para Todos!
O aprimoramento técnico e teórico/científico deve fazer parte constante da vida do Profissional Sério, Compromissado e Dedicado com a sua Profissão, com os seus Pares, com a Sociedade e com os seus Alunos.
Ter um diploma e uma carteira no órgão profissional competente não nos torna CAPAZ!
Capacidade não está vinculada com qualificação acadêmica e um registro... Está relacionada especialmente com o VALOR POTENCIAL de CONTER ALGO! Ou SER ALGO! O verdadeiro EDUCADOR sempre vai além... Procura sempre SER MAIS...
O SER MAIS está relacionado com o esforço que nós dedicamos em nossa graduação, nas aulas, nos estudos, nos cursos de especialização, nos aprimoramentos, nas atualizações, no trabalho, em NÓS mesmos, com nossos alunos e com todos os que fazem parte da nossa vida! Inclusive com aqueles que não fazem!!
O SER MAIS está no esforço que realizamos para oferecer, especialmente aos que confiam em nós, o MELHOR QUE PODEMOS SER!! Em TODOS OS SENTIDOS!!
É o que minimamente se espera de um Professor Educador!
"O professor instrutor cumpre obrigações.
O Professor Educador celebra paixões."
O professor instrutor repete sempre os mesmos cacoetes e recursos metodológicos na cadência decadente das rotinas emboloradas e do desencantamento. Levando seus alunos muitas vezes ao cansaço das repetições e falta de inovação. O Professor Educador reinventa permanentemente seus procedimentos, métodos, recursos e conhecimentos, renovando-se e reencantando-se com o aprendizado vigoroso de cada ensinamento e experiência vivida. Sem perder o objetivo, o foco e a eficácia com segurança.
O professor instrutor considera-se detentor do saber, pretensamente pronto e acabado. É estático seu desempenho! Não constrói! O Professor Educador percebe-se constantemente como um aprendiz inacabado, buscando através de experiências técnicas/práticas, intelectuais/acadêmicas e sobretudo reflexivas dos estímulos/ações decorrentes dos fluxos do cotidiano, o seu aprimoramento como SER!! Possui um desempenho dinâmico. Ao construir a si mesmo... Desenvolve mudanças ao redor!!
O professor instrutor circunscreve-se aleatoriamente na geometria de tempo determinado, linear e sequencial, do Chronos (Deus do tempo de natureza quantitativa). Já o Professor Educador descortina-se em momento indeterminado, mas adequado (momento especial), pelas curvas do tempo dinâmico do Kairós (O tempo de Deus; natureza qualitativa). Transformando esta experiência em momento único!
O professor instrutor executa aulas/orientações previsíveis, repetitivas, insípidas e frias. Nada muda! Ele é monótono e passivo. O Professor Educador constrói aulas imprevisíveis, abertas ao fluxo dos desbravamentos, mastigando o saber (ciência/práxis) com tempero/sabor (instigando a vida), convertendo-as em vivências únicas e de encantamentos; em constantes ritos de iniciação e de renovação de pensamentos e sentimentos/sensações. O Professor Educador surpreende! É agente, enérgico, atuante e vivaz!
O professor instrutor percorre os caminhos já construídos do ordinário, trilhado e sinalizado, mais fáceis e cômodos. Sem desafios, sem surpresas! Sem paixão!
O Professor Educador constrói novos caminhos, ousa nas veredas ainda não trilhadas, mais desafiantes e difíceis, retirando e solucionando obstáculos, inaugurando caminhos novos e quase sempre extraordinários. Por todo o percurso, após um obstáculo, uma surpresa! Uma viagem apaixonante!
O professor instrutor tende a reduzir as suas salas de aula em "celas de aula", aprisionantes e cinzentas, onde reinam a tristeza e o desprazer; e a vida, os sonhos são reprimidos e mortificados. Existe apenas uma única realidade ou possibilidade. O Professor Educador converte as salas de atividades em espaços abertos e multicoloridos, participativos, em que borbulham a alegria e o prazer; e a vida e os sonhos são vicejados – em espaços de celebração da existência humana. As possibilidades são plurais e a realidade desejada está aberta em diferentes possibilidades.
O professor instrutor vomita saberes. O Professor Educador mastiga saberes e sorve sabedorias.
O professor instrutor assenta suas práticas pedagógicas com lógicas monológicas, rígidas (metálicas), alheias e excludentes. Enquanto o Professor Educador fundamenta-se com lógicas dialógicas, flexíveis, participativas e includentes.
O professor
instrutor transmite conteúdos para que os alunos copiem e assimilem de modo
reflexo. O Professor Educador problematiza
as ações para que os alunos reflitam e compreendam criticamente.
O professor
instrutor encampa modelos uniformes lastreados em certezas fixas. O Professor Educador articula múltiplas
referências fundadas em possibilidades abertas, em incertezas.
O professor
instrutor privilegia o Logos (razão), a cognição, o corpo. O Professor Educador entrelaça Logos e Eros (amor), cognição e
intuição, corpo e mente.
O professor
instrutor reduz-se aos muros/muralhas da atividade, do ambiente local. O Professor Educador transpõe esses
limites trespassando os horizontes expansivos do cotidiano movente da vida.
O
professor instrutor professa voto de fidelidade às alianças cultuadoras das
burocracias que tendem à domesticação e à subjugação. O Professor Educador concebe a necessidade mínima de burocracia,
sendo esta, mero instrumento que deve estar a serviço dos direitos e liberdades
fundamentais do ser humano.
O professor
instrutor busca as competências técnica e teórica, a inteligência
cognitiva. O Professor Educador
busca as competências técnica e teórica, mas, principalmente, as competências
éticas e estéticas, as inteligências cognitiva, intuitiva e emocional.
O
professor instrutor tende à intolerância e até ao abuso de poder, fala muito e
quase não escuta. O Professor Educador
prima pelos princípios da tolerância, da ética da solidariedade e da escuta
sensível.
O professor
instrutor prima pelos vãos do ter. O
Professor Educador prima pelos desvãos do Ser.
O professor instrutor busca a reluzência das performances
externas dos indivíduos. O Professor Educador passa pela exterioridade como caminho que conduz às dimensões mais
profundas da interioridade do ser, ao
aperfeiçoamento, desenvolvimento completo do ser, ao autoconhecimento.
O professor
instrutor acomoda-se nas linhas retas e regulares das planícies conhecidas. O Professor Educador aventura-se pelas
curvas e acidentalidades das montanhas mais desconhecidas.
O professor
instrutor habitua-se à rotina das tartarugas e das galinhas que rastejam e
ciscam a superfície da terra (sem preconceitos à estas criaturas). O Professor Educador, como a águia, nutre-se das energias da terra, mas alça
seus voos altivos e bailantes pelos ermos do desconhecido e incomensurável.
O professor
instrutor privilegia o desenvolvimento das dimensões mais instintivas que
traduzem os aspectos mais materialistas do ser humano, as quais, isoladas,
fomentam o espírito de competição e de arrogância que desembocam em brutalização
e barbárie. O Professor Educador
assume as múltiplas dimensões do ser humano, passando pelo instinto e atingindo
o coração e o espírito de fineza fomentando a solidariedade e a amorosidade.
O professor
instrutor confina o humano apenas à esfera do material/físico, do imediato e do
visível (pedagogia do São Tomé... “Ver para crer!”). O Professor Educador educa para a imanência (a força divina que
está em nós mesmos) e para a transcendência, para o invisível, para os valores
humanos – e a espiritualidade.
Como vimos, existem diferenças gritantes entre a figura do professor e do educador. Ao professor cabe a função única de transmitir o seu conhecimento, enquanto o educador é comprometido com a formação integral do ser humano e com a sua interação entre a família e a sociedade. Enquanto o professor sai de casa para mais um dia de aula, o educador busca formas para promover a transformação/evolução do seu aluno. O professor enxerga no ato falho do aluno apenas um erro enquanto o educador o vê como fase de transição e ultrapassagem no processo amplo da aprendizagem. O professor pela lógica da sua formação impõe seus ideais como centro do conhecimento, enquanto o educador é um mediador e sinalizador da relação ensino-aprendizagem.
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Por fim, nesta transcendência da figura do professor para a persona do educador são necessários ingredientes básicos e indispensáveis como: humildade, discernimento, atenção, relacionamento, continuidade, perseverança, conhecimento, atitude e compromisso. Dessa forma, os educadores terão o apoio sólido e necessário para o exercício não apenas de uma profissão, mas a realização de um ideal de vida.
Depende
somente de nós o que queremos ser... Instrutor? Ou Educador?
ATIVIDADE FÍSICA... FAÇA A COISA CERTA!
ORIENTE-SE COM O SEU PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA!
EXCELENTES ATIVIDADES FÍSICAS E ATÉ A PRÓXIMA!
CONTINUE LENDO... MAIS INFORMAÇÕES ABAIXO!
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