MISSÃO:

Profissional especializado em Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida. Sérgio Nunes e sua empresa QualiFis, pretendem desenvolver junto aos seus alunos e clientes a ideia da verdadeira Saúde, que obviamente não é apenas a ausência de doença, mas também o Encantamento com a Vida, dotando-os de um entendimento adequado de se Priorizar, de compreender que vale a pena Investir no seu Potencial de Ser, através do investimento na melhoria da Qualidade de Vida, aprimorando a saúde e usando como meio, a Atividade Física, em suas mais diferentes possibilidades.

“As informações, dicas e sugestões contidas nesse blog têm caráter meramente informativo, e não substituem o aconselhamento individual e o acompanhamento de médicos, nutricionistas, psicólogos e profissionais de educação física.”

EM DESTAQUE AGORA NO BLOG....

EM DESTAQUE AGORA! É SÓ CLICAR PARA SE INFORMAR!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

EXERCÍCIO E CÂNCER (PARTE III)





Exercício e câncer – Parte III






Imagem Google



Exercício no tratamento do câncer



Estudos com sobreviventes do câncer demonstraram que indivíduos engajados em atividades recreacionais equivalentes a 2 a 3 vezes por semana de caminhada vigorosa após diagnóstico,  tem um menor risco de recorrência da doença e de todas as causas de  mortalidade quando comparadas a indivíduos inativos.

Recomendações para a prescrição de 

atividade física


Adotar um estilo de vida fisicamente ativo é a recomendação geral para fins de prevenção do câncer. De fato, existem muitas questões não respondidas sobre qual a intensidade, duração e freqüência ótimas de atividade física necessárias para reduzir o risco da doença, contudo, a evidência atual sugere que há uma redução significativa neste risco para alguns tipos de câncer simplesmente por não ser sedentário.


A sociedade americana do câncer preconiza que adultos devem engajar-se em pelo menos 30 minutos ou mais de atividade física moderada, cinco ou mais vezes por semana para obter os benefícios preventivos proporcionados pelo exercício, e que atividade moderada a intensa por 45 ou mais minutos, em cinco ou mais dias por semana, pode reduzir ainda mais o risco de câncer de mama e de cólon, bem como diversos outros tipos de câncer, incluindo renal, endometrial e esofágico.
Existe pouca evidência se a atividade física é mais protetora quando praticada em uma única sessão, ou fracionada ao longo do dia. Contudo, parece razoável assumirmos que os benefícios podem ser acumulados com sessões separadas de 20 a 30 minutos cada, de atividades tanto ocupacionais, recreacionais quanto com exercícios programados. Os efeitos da atividade física na prevenção do câncer e de outras doenças crônicas provavelmente acumulam-se ao longo da vida, sendo facilitadas pelo estabelecimento de padrões de estilo de vida mais ativos desde a infância. Assim, a ACS preconiza que crianças e adolescentes devem praticar 60 minutos diários de atividade física moderada a vigorosa pelo menos cinco dias por semana já como fator auxiliar na prevenção futura de câncer .

Pirâmide da Atividade Física - Adaptado por Biologia da Saúde.
 Uma das grandes problemáticas no uso do exercício como terapia adjuvante contra câncer é o transporte das intensidades, freqüência e duração dos diferentes tipos de exercício testados em estudos usando animais para direta aplicação em humanos. Poucas informações existem sobre as recomendações para a prescrição de exercício com o objetivo de auxílio do tratamento de diferentes tipos de câncer tão pouco sobre a relação dose-resposta a diferentes tipos e cargas de treinamento nesta população. Dentro desta ótica, os profissionais que trabalham com esta parcela da população necessitando de atenção especial geralmente utilizam exercícios de intensidade baixa a moderada com controle cauteloso da adequação da atividade conforme as limitações decorrentes de cada sintoma ou co-morbidade ligada a particularidade do câncer no indivíduo em questão. De fato, a habilidade para a prática do exercício está modificada no paciente com câncer, especialmente durante períodos de tratamento, e pode variar em função do tipo de câncer, tipo de tratamento, idade do portador e presença de co-morbidades. Esta situação geralmente caracteriza a necessidade da formulação de planejamentos de atividade física personalizada e altamente controlada, o que em termos populacionais ainda confere limitações para a aplicação dessa intervenção no número crescente de casos de indivíduos com câncer. Contudo, a falta de informações consolidadas não deve ser colocada como justificativa ao não uso do exercício como terapia adjuvante para o câncer. Assim como para indivíduos saudáveis, podem existir contra indicações para prática de alguns tipos de atividade física conforme o quadro do paciente em diferentes estágios do tratamento, no entanto, mais uma vez é adequado citar que isso não significa que estes indivíduos, mesmo com limitações, não possam se favorecer de um programa de exercício bem controlado e supervisionado.

Nos últimos anos se mostrou bastante evidente existir uma ótima relação dose resposta entre o aumento da prática de atividade física por indivíduos com câncer e variáveis de qualidade de vida, saúde e capacidade funcional. 
A tabela apresenta modificações nesses parâmetros encontradas em indivíduos com vários tipos câncer após iniciar programas de treinamentos envolvendo diferentes modalidades de exercício.


Aumentada
Diminuída
Massa muscular
Força e potência muscular
Condicionamento cardiorrespiratório
Maximizar a distância de caminhada
Capacidade imunitária
Habilidade física funcional
Flexibilidade
Qualidade de vida
Hemoglobina
Náusea
Percentual de gordura
Fadiga
Sintomas gerais
Linfócitos e monócitos
Duração da hospitalização
Freqüência cardíaca
Pressão arterial sistólica de repouso
Estresse psicológico e emocional
Depressão e ansiedade


Resumo das mudanças em pacientes com câncer induzidas por exercício relatado por Galvão e Newton após revisar 26 artigos científicos.


Alguns autores recomendam o uso de protocolos de exercício com várias sessões diárias, com intensidade leve a moderada, enquanto sessões contínuas de exercício em intensidades mais elevadas devem ser evitadas. Outros têm utilizado modelos de treinamento intervalado para pacientes em preparação para cirurgia de câncer durante quimioterapia ou imediatamente após transplante de medula óssea como uma alternativa. Contudo, apanhados recentes, de vários estudos envolvendo diferentes protocolos de exercício em pacientes com tipos distintos de câncer, colocam que já é possível propor faixas de intensidade e freqüência mais específicas para diferentes tipos de atividades para indivíduos com câncer, visando auxiliar os profissionais da área nos direcionamentos das condutas de prescrição. O Colégio Americano de Medicina Esportiva propôs recentemente considerações específicas para prescrição de exercício para indivíduos durante e pós-tratamento de câncer, estas considerações estão resumidas na tabela a seguir:

Recomendações de atividade física
Durante o tratamento do câncer
Pós-tratamento do câncer
Considerações especiais
Atividade física para saúde
30min, 5 ou mais dias por semana
Permanecer o mais ativo possível durante o tratamento
Aumentar o volume de exercício através de repetidas sessões de 10 min de exercício
A doença pode diminuir a habilidade de caminhar e pode ser necessário praticar outras formas de exercício
Exercício para melhorar a capacidade aeróbia
Exercício de intensidade moderada (40-60% da FC de reserva) 20-45min, 3-5 dias/semana
Limitação por sintomas: modificar a carga de trabalho para ajustar aos dias de menor disposição. Considerar a fragmentação da sessão de treino para aqueles que incapazes de fazer exercício contínuo
Diminuir a progressão e aumentar o tempo de tratamento para idosos, sedentários ou sobreviventes mais descondicionados
Monitorar qualquer efeito colateral agudo ou crônico do tratamento
Exercício para melhorar força e endurance muscular
8-10 exercícios para os grandes grupos musculares, 10-15rep, 1-3 séries, 2-3dias por semana
Limitação por sintomas: podem ter dificuldade de manter o volume/progressão durante os estágios do tratamento. Considerar a adição de treinamento funcional
Podem precisar iniciar com exercício resistido de baixa intensidade (ex: 30% de 1RM) e progredir para a prescrição padrão (60-70% de 1RM)
Evitar a exaustão: monitorar sintomas de dor, fadiga, dor muscular tardia; reduzir/ajustar as cargas de trabalho se os sintomas piorarem com o exercício
Exercício para melhorar a flexibilidade
2-4 vezes para cada grande grupo muscular, cada vez por 10-30seg, 3-4 dias por semana
Pode ser necessário para prevenir déficits específicos de movimento ou constrição tecidual causada pelo tratamento
Podem necessitar aumentar a freqüência dos treinos para 5-7 dias por semana para melhorar a rigidez tecidual decorrente de cirurgia ou radioterapia
Evitar exercício de alongamento em regiões com reações agudas a terapia com radiação (ex: queimaduras graves/bolhas) na região.
Tabela – Considerações sobre prescrição de exercício para pacientes com câncer e sobreviventes de câncer. Adaptado de ACSM

Após o tratamento, a recomendação de continuidade na prática de atividade física é de grande importância, estando relacionada com melhora na qualidade de vida bem como na prevenção de reincidências.

CONCLUSÕES


A literatura corrente fornece evidências convincentes de que a atividade física pode prevenir o surgimento de diversos tipos de câncer, e também demonstra que, além de seguro e praticável, o exercício crônico melhorara o bem estar físico e a qualidade de vida, sendo importante fator adjuvante no tratamento do portador de câncer. A cura de indivíduos portadores de câncer, bem como sua sobrevida e qualidade de vida esta na dependência de uma interação complexa de diversos fatores. Assim, os efeitos de um programa de exercício durante a terapia do cancer devem ser balanceados com os riscos potenciais de se manter inativo, o que também acarreta riscos de curto e longo prazo a saúde, como redução na capacidade cardiorespiratória, redução na massa ossea, atrofia muscular, alterações no metabolismo da glicose, na sensibilidade a insulina, função digestiva e função imune. Levando-se ainda em consideração a crescente população de sobreviventes do cancer, existe a necessidade de se estabelecer a medida na qual a atividade física é apropriada durante e após o tratamento.
De fato, encorajar pacientes a manterem níveis balanceados de atividade física, com períodos eficientes de recuparação, é mais apropriado que a recomendação clássica de grande volume de repouso.
Tenha uma alimentação saudável e pratique atividade física.



REFERÊNCIAS:


Yu H, Rohan T. Role of the insulin-like growth factor family in cancer development and progression. J Natl Cancer Inst. 2000 Sep 20;92(18):1472-89.

Dorgan JF, Longcope C, Stephenson HE Jr, Falk RT, Miller R, Franz C, Kahle L, Campbell WS, Tangrea JA, Schatzkin A. Relation of prediagnostic serum estrogen and androgen levels to breast cancer risk. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 1996 Jul;5(7):533-9.

Toniolo, P. G. Endogenous estrogens and breast cancer risk: the case for prospective cohort studies. Environ. Health Perspect. (1997)  105(suppl. 3):587–592.

Cauley JA, Lucas FL, Kuller LH, Vogt MT, Browner WS, Cummings SR. Bone mineral density and risk of breast cancer in older women: the study of osteoporotic fractures. Study of Osteoporotic Fractures Research Group. JAMA. 1996 Nov 6;276(17):1404-8.

Gann PH, Hennekens CH, Ma J, Longcope C, Stampfer MJ. Prospective study of sex hormone levels and risk of prostate cancer. J Natl Cancer Inst. 1996 Aug 21;88(16):1118-26.

McCarty MF. Up-regulation of IGF binding protein-1 as an anticarcinogenic strategy: relevance to caloric restriction, exercise, and insulin sensitivity. Med Hypotheses. 1997 Apr;48(4):297-308.

Trayhurn P, Stuart I W Adipokines: inflammation and the pleiotropic role of hide adipose tissue. British Journal of Nutrition (2004), 92, 347–355.

Tilg H, Moschen AR. Adipocytokines: mediators linking adipose tissue, inflammation and immunity. Nat Rev Immunol. 2006 Oct;6(10):772-83. Epub 2006 Sep 22.

Surmacz E. Obesity hormone leptin: a new target in breast cancer? Breast Cancer Res. 2007;9(1):301.

Petersen AM, Pedersen BK. The anti-inflammatory effect of exercise. J Appl Physiol. 2005 Apr;98(4):1154-62.

Correa P, Bacterial Infections as a Cause of Cancer - Journal of the National Cancer Institute,  2003. 95, 6 ,

Rakoff-Nahoum S. Why cancer and inflammation? Yale J Biol Med. 2006 Dec;79(3-4):123-30.

Hauret KG, Bostick RM, Matthews CE, Hussey JR, Fina MF, Geisinger KR, Roufail WM. Physical activity and reduced risk of incident sporadic colorectal adenomas: observational support for mechanisms involving energy balance and inflammation modulation. Am J Epidemiol. 2004 May 15;159(10):983-92.

Colditz GA, Cannuscio CC, Frazier AL. Physical activity and reduced risk of colon cancer: implications for prevention. Cancer Causes Control. 1997 Jul;8(4):649-67.

de Lima C, Alves LE, Iagher F, Machado AF, Bonatto SJ, Kuczera D, de Souza CF, Pequito DC, Muritiba AL, Nunes EA, Fernandes LC. Anaerobic exercise reduces tumor growth, cancer cachexia and increases macrophage and lymphocyte response in Walker 256 tumor-bearing rats. Eur J Appl Physiol. 2008 Dec;104(6):957-64

Holmes MD, Chen WY, Feskanich D, Kroenke CH, Colditz GA. Physical activity and survival after breast cancer diagnosis. JAMA. 2005 May 25;293(20):2479-86.

Pierce, J. P. et al. Greater survival after breast câncer in physically active women with high vegetable-fruit intake regardless of obesity. J. Clin. Oncol. 2007. 25, 2345–2351

Nieman D. Cancer. in Meyers J, Nieman D. ACSM”s Resources for  clinical exercise physiology. Musculoskeletal, neuromuscular, neoplastic, immunologic, and hematologic conditions. Wolters Kluwer. 2009

Galvão DA, Newton RU, Review of exercise intervention studies in cancer patients. J Clin Oncol 2005, 23(4):899–909.

Jones LW, Peddle CJ, Eves ND. Effects of presurgical exercise training on cardiorespiratory fitness among patients undergoing thoracic surgery for malignant lung lesions. Cancer 2007; 110(3):590-8

Mock V, Burke MB, Sheehan P. A nursing rehabilitation program for woman with breast câncer receiving adjuvant chemotherapy. Oncol Nurs Forum 1994; 21(5):889-907

Dimeo FC, Stieglitz RD, Novelli-Fischer U, Fetscher S, Keul J. Effects of physical activity on the fatigue and psychologic status of cancer patients during chemotherapy. Cancer. 1999 May 15;85(10):2273-7

Thune, I. & Furberg, A. S. Physical activity and câncer risk: dose–response and cancer, all sites and sitespecific. Med. Sci. Sports Exerc. 2001 33, S530–S550

Um comentário:

  1. Parabéns por todo esse trabalho de revisão e por sua escrita. As informações sobre exercício e câncer são de excelente qualidade!

    ResponderExcluir