MISSÃO:

Profissional especializado em Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida. Sérgio Nunes e sua empresa QualiFis, pretendem desenvolver junto aos seus alunos e clientes a ideia da verdadeira Saúde, que obviamente não é apenas a ausência de doença, mas também o Encantamento com a Vida, dotando-os de um entendimento adequado de se Priorizar, de compreender que vale a pena Investir no seu Potencial de Ser, através do investimento na melhoria da Qualidade de Vida, aprimorando a saúde e usando como meio, a Atividade Física, em suas mais diferentes possibilidades.

“As informações, dicas e sugestões contidas nesse blog têm caráter meramente informativo, e não substituem o aconselhamento individual e o acompanhamento de médicos, nutricionistas, psicólogos e profissionais de educação física.”

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sábado, 22 de dezembro de 2012

SÍNDROME DO OVERREACHING, OVERTRAINING OU OVERUSE








A Atividade Física está cada vez mais, ganhando novos adeptos, em suas mais diferentes possibilidades e isso é Excelente!
Contudo, uma exposição maciça de corpos "perfeitos", competitividade natural e até exacerbada e rendimentos exclusivos de atleta de alto rendimento, parece estar influenciando pessoas "NORMAIS", e quero dizer aqui, NÃO ATLETAS, a  ultrapassarem seus limites a cada atividade, exercício ou prova, na busca pelo máximo  desempenho.
Essa  busca  encontra  fundamento no  processo  de  treinamento  os estímulos geradores do processo de adaptação do organismo mediante aplicação de cargas  que rompem  o  equilíbrio  interno  do  mesmo  e,  assim,  proporcionam adaptações para a melhoria do rendimento atlético.
O estímulo provocado pelas cargas de treino pode gerar adaptações positivas e  negativas,  as  adaptações  negativas  ocorrem  quando  há  um  desequilíbrio  na relação estresse/recuperação ultrapassando a capacidade do indivíduo em se adaptar à demanda imposta, ocasionando redução do desempenho por um período curto de até  duas  semanas  ou,  prolongado  por  vários  meses,  os  quais  caracterizam respectivamente, o overreaching e o overtraining.
Na tentativa de se controlar a carga de treino, vários parâmetros têm sido investigados, já que, o estresse provocado pelos treinamentos acarreta alterações nos mesmos, alguns estudos têm sido desenvolvidos com a utilização de variáveis fisiológicas, bioquímicas, psicológicas, hematológicas e imunológicas na verificação dos efeitos a curto e longo prazo da carga de treino. No entanto, poucos estudos fizeram tais mensurações em esportes coletivos e nem sempre monitoraram, nestes casos, os atletas, de forma sistemática, durante uma fase da periodização.

Overtraining ou super-treinamento é uma síndrome que acomete pessoas que praticam esportes ou treinamentos com altos níveis de exigência para obtenção um determinado objetivo e ocorre quando o organismo é submetido a uma sobrecarga exagerada sem que haja um descanso adequado. Geralmente, se dá por um conjunto de múltiplos fatores de estresse (emocionais, comportamentais e/ou ligados à condição física), aliados há um desequilíbrio entre a carga de treinamento e a falta de recuperação.
Fisiologicamente, a  síndrome  do  overtraining,  é  um  distúrbio  neuroendócrino (hipotálamohipofisário-adrenal - HHA) que resulta do desequilíbrio entre a demanda do exercício e a possibilidade de assimilação do treinamento acarretando falha no controle dos efeitos do estresse do treinamento (PETIBOIS et al., 2003; SILVA, 2004; ROHLFS et al., 2005; BUDGETT, 2009).


REVISÃO: 

A  busca  pela  melhoria  no  desempenho esportivo encontra  no  treinamento  os  estímulos  geradores  do  processo  de adaptação do organismo. A base para que essas adaptações sejam realizadas está na aplicação da ciência do treinamento desportivo (BORÍN et al., 2007a; ALEXIOU; COUTTS, 2008; HAYES; QUINN, 2009) o qual se caracteriza como um processo ativo, complexo, regular, planificado e orientado para melhora do desempenho do atleta (WEINECK, 1999). Portanto, é consenso que a meta final do  treinamento  desportivo  consiste  na  aplicação  de  cargas  que  provocarão melhora do rendimento na competição ou prova (BOMPA, 2001; SILVA, 2004; BORÍN et al., 2007b; MEEUSEN et al., 2007; MEEUSEN et al., 2008; HAYES;  QUINN, 2009).
O processo de treinamento pode ser baseado na teoria da Síndrome da Adaptação Geral (SAG) de Hans Seyle (1956) que considera o estresse como um fenômeno intimamente ligado às adaptações ao treinamento sofridas pelo organismo  (KENTTÄ;  HASSMÉN,  1998;  FARTO,  2002;  GARET  et  al.,  2004; ACSM., 2009).
Para que essas adaptações ocorram, as noções chave do processo de treinamento  que  devem  ser  respeitadas  são:  a  fadiga,  a  homeostase,  a recuperação e a supercompensação  (STEINACKER et al., 2004),  sendo que a carga de treino designa o estímulo ou o estresse que é imposto a um atleta ou indivíduo (BORÍN  et  al.,  2007a). Estes  estímulos,  de  forma  objetiva  e  intencional procuram induzir estados de fadiga controlada orientados para a obtenção de adaptações específicas (ACSM, 2009). Os níveis de fadiga e os processos de recuperação subsequentes são determinados pelas características  dos estímulos aplicados (MIRANDA; BARA FILHO, 2008).

Os estímulos estressores, portanto, são parte essencial do processo de treinamento (SILVA, 1990; MASO et al., 2004) por promoverem um desequilíbrio da homeostasia por meio do aumento progressivo das cargas de treinamento (MIRANDA; BARA FILHO, 2008).

Uma das condições primordiais para um treinamento de qualidade é o contínuo  e  adequado  rompimento  do  equilíbrio  interno  do  organismo (Homeostasia)  mediante  a  aplicação  de  um  estressor  que  irá  gerar  uma
resposta adaptativa positiva (eustresse) a fim de tentar recuperar esse equilíbrio (FREITAS; MIRANDA; BARA FILHO, 2009). Isso é considerado uma resposta normal do treinamento e o aumento progressivo na carga de treino seguido de recuperação suficiente resulta em melhoria do desempenho, sendo essa, a base de  um  programa  eficiente  (HALSON;  JEIKENDRUP,  2004).  Desta  forma,  o organismo  se  desorganiza  e  se  organiza,  sucessivamente,  promovendo adaptações em seus sistemas para que se torne mais eficiente,  complexo  e sofisticado,  apresentando  adaptações  positivas  ao estresse (carga  de  treino) que foi imposto.
As  cargas  de  treino  são  fundamentais  no  processo  de  treinamento  e podem ser entendidas  como  estresse  psicofisiológico induzido  pelo  exercício determinado pela combinação da intensidade com a duração e a freqüência do treinamento (SMITH, 2003; TAHA; THOMAS, 2003), assim como, o conjunto de estímulos  de  natureza diversa  administrado  no  processo de  treinamento  que solicita  um  ou  vários  sistemas  orgânicos,  rompendo  o  equilíbrio  interno  do organismo  (BONETE  SUAY,  2003).  A  progressão  das  cargas  é  fundamental para estimular constantes adaptações anatômicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas  que  irão  melhorar  o  desempenho  do  atleta  (IMPELLIZERI; RAMPININI; COUTTS, 2004; BORRESEN; LAMBERT, 2008).

Uma dificuldade relacionada ao treinamento está em estabelecer a taxa de  aumento  da  sobrecarga  (intensidade  e  volume)  para  cada  atleta  nas diferentes fases do Treinamento (macrociclo). A inadequação do volume e da intensidade nas sessões  ou  nos  períodos  de  pausa  pode  exceder  à  tolerância  individual,  ao exercício e a capacidade de recuperação do atleta ou do praticante, promovendo um desgaste desnecessário (MEEUSEN et al., 2007; BUDGETT et al., 2008). 
Atletas de elite freqüentemente  desafiam  o equilíbrio do  treinamento,  por assumirem  possuir alta  tolerância  ao  estresse  de  treino  permitindo  acúmulo  de  altas  cargas  de treino em um determinado período (DEGORCES et al., 2007).

A  intensidade  e  o  volume  de  treinamento,  assim  como,  o  tempo  de recuperação entre os treinos tem sido uma grande preocupação para técnicos, professores, preparadores físicos, fisiologistas e cientistas do esporte, pois existe uma linha tênue  entre  os  resultados  positivos  (aprimoramento  da  condição  física)  e negativos (efeitos deletérios) proporcionados pelo estresse da carga de treino (MIRANDA; BARA FILHO, 2008; FREITAS; MIRANDA; BARA FILHO, 2009).

A carga é, então, o elemento central do processo de treino e compreende o processo de confronto do desportista com as exigências físicas, psíquicas e intelectuais  que  lhe  são  apresentadas  durante  o  treino,  com  o  objetivo  de aperfeiçoar  o  rendimento  desportivo  (VERKHOSHANSKY,  2002),  ou  seja,  o treinamento  é,  em  termos  gerais,  um  processo  permanente  de  adaptação  à carga de trabalho. Portanto, a quantificação dos efeitos positivos e negativos da dose de resposta da carga de treino permitiria adaptações ao treinamento para melhora  do  rendimento  que  poderia  levar  ao  melhor  entendimento  de  como aperfeiçoar  a  periodização  do  treinamento  (ACSM,  2009;  HAYES;  QUINN, 2009).
Ao  considerar  a  importância  do  controle  da  carga  no  processo  de treinamento,  Miranda  e  Bara  Filho  (2008)  pontuam  que  se  os  treinadores controlarem  adequadamente  essas  cargas  estarão  dando  um  importante  e significativo  passo  para  o  sucesso  de  seu  programa  de  treino.  Assim,  a habilidade de se avaliar e monitorar a carga de treino pode oferecer informações importantes para a prescrição individualizada dos programas de treino (FOSTER et al., 1995; ALEXIOU; COUTTS, 2008; BORRENSEN; LAMBERT, 2008).

Apesar do controle da carga de treino ter uma importância fundamental no processo de treinamento, infelizmente não existe um parâmetro universal que
pode  ser  utilizado  para  vários  estímulos  de  treino  (PETIBOIS;  CAZORLA;
DÉLERIS,  2003),  o  que  sugere  a  pouca  atenção  oferecida  ao  processo  de quantificação  da  carga.  O  fato  de  não  se  ter  um  método  de  quantificação desenvolvido para vários tipos de exercício, mostra que a importante influência da carga de treino, na resposta do exercício, seja raramente levada em conta (DEGORCES et al., 2007; HAYES; QUINN, 2009). Além disso, o controle da carga  é  muito  mais  complexo  do  que  pode  parecer  (BORIN  et  al.,  2007a).
Alguns autores descrevem esse processo como crítico (FOSTER et al., 2001).
Há muito tempo, os cientistas têm dedicado esforços na procura de meios para quantificação da carga de treino. Existem diferentes fatores para qualificá-la como: volume, intensidade, freqüência, densidade entre outros. Normalmente, não  há  dificuldade  em  se  quantificar  algumas  grandezas  externas,  mas  são poucos os instrumentos fidedignos para estimativa do impacto dessas cargas, efetivamente, sobre o organismo dos atletas ou dos praticantes (PETIBOIS; CAZORLA; DÉLERIS,2003; BORÍN et al., 2007a).

Apesar dos avanços nas pesquisas com as cargas de treinamento, ainda não foi identificado um marcador confiável, simples e específico para monitorar regularmente a resposta do atleta à carga de treinamento (LEHMANN, 1993; KENTTÄ; HASSMÉN, 1998) e para diagnosticar o overreaching e o overtraining nos  estágios  iniciais  (GLEESON,  2002;  VARLET-MARIE  et  al.,  2003; MARGONIS  et  al.,  2007),  pois  nenhum  parâmetro  isolado  é  suficiente  para avaliá-los e predizê-los (HARTMANN; MESTER, 2000). Assim, o monitoramento do treinamento deveria envolver uma avaliação multivariada para mensurar a adaptação às cargas de treino (ALVES et al., 2006; PURGE et al., 2006).

O  constante  planejado  rompimento  do  estado  de  equilíbrio  interno (homeostático) é utilizado por treinadores e atletas para alcançar evoluções específicas  nos  sistemas  responsáveis  por  uma  melhora  no  desempenho esportivo  (KENTTÄ;  HASSMÉN,  1998;  WEINBERG;  GOULD,  2001;  SILVA, 1990; GARET et al., 2004; ROHLFS et al., 2005).
Desta forma, o estresse, não pode ser considerado um fator negativo já que ele é um  elemento  real  e  funcional  absolutamente  necessário  para  que  as respostas  adaptativas  positivas  ao  treinamento  ocorram  em  ambientes  de esporte competitivo (SILVA, 1990; MIRANDA; BARA FILHO, 2008; FREITAS; MIRANDA; BARA FILHO, 2009). Kelmann (2001) considera, por exemplo, que enfrentar e resolver efetivamente um problema são capacidades resultantes de uma adaptação positiva  às demandas psicológicas.  Se um determinado atleta nunca é exposto ao estresse competitivo é improvável que o mesmo desenvolva  adaptações  para  responder  aos  estressores  quando  eles aparecerem  durante  um  jogo  competitivo  (SILVA,  1990;  MIRANDA;  BARA FILHO, 2008).


Normalmente,  em  reposta  a  um  determinado  estímulo  estressor,  o resultado pode ser o eustresse (respostas positiva com evolução das funções e evolução no treinamento), distresse (reações negativas, prejuízo na função e  decréscimo  no  rendimento  ou  uma  associação  entre  as  duas  respostas) (SILVA, 1990; ROHLFS et al., 2005; MIRANDA; BARA FILHO, 2008). 

Como nem todo processo de treinamento é realizado com equilíbrio entre a  demanda  imposta  e  a  recuperação  necessária  para  que  o  organismo  se reajuste e se adapte a tal demanda positivamente, as adaptações negativas podem ocorrer.
As  adaptações  negativas  do  treinamento  são  inevitáveis  quando  se negligência a recuperação como parte fundamental e integrante do processo de  treinamento,  dando-se  importância  somente  ao  estresse  de  treino propriamente dito levando à respostas negativas como queda no desempenho do atleta. (SMITH, 2003; KELMAN, 2001). Segundo Heldelin et al. (2000), a principal  causa  das  adaptações  negativas  é  a  incorreta  condução  do treinamento em termos de volume ou intensidade ou pausa de recuperação.
Apesar  do  foco  no  estresse  do  treinamento,  pesquisas  têm demonstrado  que  estressores  adicionais  ao  exercício  como  (psicológicos: expectativas  do  treinador  e  dos  familiares,  estresse  competitivo, comportamento  social,  relação  com  família  e  amigos,  monotonia  no treinamento,  problemas  pessoais  e  emocionais,  demandas  de  trabalho (PELUSO,  2003; ROHLFS  et  al., 2005;  MEEUSEN et al.,  2007) ou mesmo trabalho,  viagens  e  nutrição  inadequada)  (FOSTER;  LEHMAN,  1997; MEEUSEN et al., 2006) parecem predispor os atletas a adaptações negativas por  aumentarem  ainda  mais  a  demanda  imposta  ao  organismo (JEUKENDRUP et al., 1992; STEINACKER et al., 2000; HALSON et al., 2002; URHAUSEN; KINDERMAN, 2002; HALSON et al., 2003).

O  treinamento,  portanto,  é um processo  que depende  do  equilíbrio entre estresse e recuperação, sendo que uma resposta adaptativa positiva a sobrecarga imposta dependerá do ajuste fino entre a demanda geradora total desencadeada pelos estímulos estressores físicos, psíquicos e sociais e o tempo e a capacidade de recuperação do atleta aos mesmos (LEHMANN et al., 1997, KENTTÄ; HASSMÉN, 1998; STEINACKER et al., 2002; MEEHAN et al., 2004; ALVES, 2006), ou seja, o treinamento é um processo que possui dois fatores essenciais para o sucesso, (estresse∕recuperação) sendo que aperfeiçoar o processo de recuperação permite ao  atleta  tolerar  treinos  mais  freqüentes  e  mais  intensos  e  ainda  responder positivamente aumentando, assim, o limiar de adaptação do mesmo.
Quando o equilibrio é alcançado é sinal que foi respeitada a importância da recuperação  no  processo  de  treinamento  (SMITH,  1997;  KENTTÄ;  HASSMÉN, 1998). A partir daí alcança-se as adaptações positivas, as quais são de natureza temporária, ou seja, para manutenção dessas adaptações e, conseqüentemente, dos ganhos do treinamento o estímulo, muitas vezes, tem que ser reimposto em níveis semelhantes sendo que aumentos planejados e graduais no estímulo também resultam na possibilidade de ganhos mais adiante (MANSO, 2005).
Caso o equilíbrio estresse-recuperação seja rompido, ocorre uma inadaptação ou  mesmo  uma  adaptação  negativa  chamada  por  muitos  de  overreaching (MEEUSEN et al., 2006).

Pode-se dizer que o overreaching é um momento chave no processo de treinamento,  pois  marca  o início  de  uma  falha  do  organismo  em  se  adaptar  a sobrecarga (demanda) imposta (KENTTÄ; HASSMÉN, 1998).  Kreider et al. (1998) definiu  o  “Overreaching  como  um  acúmulo  de  estresse  de  treinamento  e  não treinamento, resultando num decréscimo do desempenho em curto prazo com ou sem sinais e sintomas psicológicos e fisiológicos, sendo que, a restauração das capacidades normais se dá de alguns dias a algumas semanas”.

Conhecer  e  identificar  o  overreaching é  essencial,  para  que  o  treinador manipule  as  variáveis  do  treinamento,  afim  de  proteger  seu  atleta  contra  as adaptações negativas, já que, o overreaching pode se tornar uma fase positiva, se for  planejado  previamente  (BUDGETT,  1990;  HALSON;  JEIKENDRUP,  2004; HALSON et al., 2002).

Portanto, quando o overreaching ocorre, o mesmo pode tomar duas direções distintas: positiva ou negativa denominados por Meeusen (2006) por  overreaching funcional e overreaching não funcional, respectivamente.
A direção positiva pode ser alcançada quando o treinamento permite ao atleta
recuperação adequada. Proporcionando uma supercompensação e um desempenho superior (GARET et al., 2004; ACSM, 2009). Outra hipótese é a utilização planejada deste  período  de  desequilíbrio-equilíbrio  para  obter  ganhos  significativos  em momentos  bem  específicos  do  ciclo  de  treinamento.  Ou  seja,  o  que  se  faz  é manipular  as  respostas  do  organismo  em  benefício  do  atleta,  em  um  período específico do treinamento, sabendo-se que o organismo sempre tentará manter o equilíbrio e que sua resposta será sempre superior ao estímulo oferecido desde que
a recuperação oferecida seja suficiente.
A  direção  negativa  é  atingida  quando  o  overreaching é  alcançado aleatoriamente,  sem  planejamento.  E  pode  ocorrer  devido  a  um  equívoco  na distribuição e evolução das cargas de treino ao longo do ciclo de treinamento, o que desencadeará um padrão de respostas negativas intitulado por Meeusen (2006) de overreaching não funcional.


Se altos níveis de treinamento persistem ou aumentam com recuperação insuficiente um estado mais sério se desenvolverá, o  overtraining (URHAUSEN; KINDERMANN, 2002; ROGERO et al., 2005; CUNHA et al., 2006). Além disso, outros estressores que não o de treino como: freqüência de competições, monotonia do treinamento, estressores psicossociais e excesso de viagens podem levar  a evolução da síndrome (KENTTÄ; HASSMÉN, 1998; KELLMAN, 2002). 

Kreider  et  al.  (1998)  definiu  o  overtraining  como  “um  decréscimo  do desempenho  em  longo  prazo  com  ou  sem  sinais  e  sintomas  psicológicos  e fisiológicos, em que a restauração das capacidades normais pode levar de semanas a meses”.
Várias  denominações  são  dadas  a  esse  fenômeno  na  literatura:  trabalho excessivo “overwork”, fadiga  crônica  ou  persistente  “overfatigue”,  uso  excessivo “overuse” (termo utilizado também para lesões esportivas), fadiga a curto prazo “overreaching”,  estafa  “staleness”,  exaustão  emocional  “burnout”,  overtraining a longo e curto prazo e outros (BUDGETT, 1998; KREIDER et al., 1998).

Recentemente, Budgett et al. (2000), Robsonn, (2003), Budgett et al. (2009) redefiniram a síndrome do overtraining como “síndrome da redução inexplicada dodesempenho  concordada  por  atleta  e  treinador  apesar  de  duas  semanas  de repouso”.
Apesar dessas definições citadas, os cientistas precisam de uma mais clara para  avançar  nos  conhecimentos  da  síndrome  (KENTTÄ;  HASSMÉN,  1998).
Segundo Silva (1990), é difícil de descrever explicar e predizer um fenômeno que não tenha definição claramente definida.
A variabilidade nos sintomas e a falta de testes diagnósticos ajudam a explicar as contradições nas pesquisas em relação à síndrome da queda inexplicável do desempenho  (URHAUSEN;  KINDERMAN,  2002).  Como  não  há  ferramentas diagnósticas  para  detectar  o  overtraining além  do  declínio  do  desempenho, sensação  de  fadiga  e  distúrbio  do  humor,  tal  diagnóstico  é  realizado  mediante exclusão de outras variáveis que influenciam as mudanças no desempenho e no humor. (UUSITALO et al., 2001; HALSON; JEIKENDRUP, 2004; MEEUSEN et al., 2006; NEDEHORF et al., 2008).
Além disso, a maioria das pesquisas nessa área tem investigado atletas em overreaching e não em overtraining, já que, não é ético induzir o overtraning em um indivíduo (HALSON; JEIKENDRUP, 2004).
Pouco se avançou, nos últimos anos, quanto às ferramentas para diagnóstico do  overtraining,  apesar  de  vários  marcadores  bioquímicos,  fisiológicos, imunológicos, e psicológicos pesquisados (URHAUSEN; KINDERMANN, 2002). A
falta de estudos bem controlados que incluam avaliação apropriada do desempenho, assim como, níveis basais e períodos de recuperação prejudicam o entendimento dessa síndrome (HALSON; JEIKENDRUP, 2004).

Embora não haja um parâmetro confiável para ser um indicador independente da  síndrome  do  overtraining,  o  monitoramento  do  desempenho,  os  parâmetros fisiológicos,  bioquímicos,  imunológicos  e  psicológicos,  podem  ser  a  melhor estratégia  em  identificar  atletas  que  falham  em  adaptar-se  ao  estresse  do treinamento. (MEEUSEN, 2007).
Atletas experimentam fadiga e redução no desempenho como conseqüência de um processo normal de treinamento. Como visto, quando o equilíbrio entre o estresse de treino e a recuperação é desproporcional pode ocorrer os estados de overreaching e overtraining (HALSON; JEIKENDRUP, 2004).
Várias tentativas têm sido realizadas com o intuito de definir, cuidadosamente, as respostas negativas para o estresse de treinamento. Já que ambos, overreaching e  overtraining,  envolvem  respostas  psicofisiológicas  semelhantes,  a  maior preocupação é a diferenciação dos conceitos de tais estados de treinamento.
O ponto de partida é reconhecer que os termos, overtraining e overreaching, são  considerados  produto  ou  resultado  do  processo  de  treinamento  (HALSON; JEIKENDRUP,  2004),  nos  quais  o  atleta  apresenta  uma  queda  no  rendimento esportivo, além de alterações moleculares, bioquímicas, psicológicas, imunológicas e hematológicas (MEEUSEN, 2007) decorrentes de um desequilíbrio entre estresse e recuperação.

Devido às semelhanças, o overreaching pode ser denominado por Staleness (SILVA, 1990) overreaching funcional (MEEUSEN, 2006; NEDERHOF et al., 2006), overtraining de curto prazo (KREIDER, 1998) ou  overtraining positivo  (KENTTÄ; HASSMÉN,  1998).  Neste  processo,  o  indivíduo  se  recupera  totalmente  em  no máximo duas semanas de recuperação, enquanto que no overtraining, o período de recuperação  pode  levar  de  algumas  semanas  a  meses  (BUDGETT,  1990; GLEESON, 2002; HALSON et al., 2002). Essas diferenças sugerem que a diferença entre o  overtraining e o  overreaching se relaciona com a quantidade de tempo necessário para restauração do desempenho e não com o tipo e a duração do estresse  ou  o grau  de  prejuízo  (ROWBOTTOM  et  al.,  1998;  UUSITALO,  2001; MEEUSEN, 2006; MIRANDA; BARA FILHO, 2008).

O overreaching ocorre devido ao acúmulo do estresse do treinamento e de outros  fatores,  sociais  e  psicológicos,  que  resultam  em  uma  diminuição  da capacidade de rendimento, a qual é restaurada em alguns dias ou duas semanas após  o  afastamento  dos  treinamentos  ou  diminuição  das  cargas  de  treino (KENTTÄ; HASSMÉN, 1998; SMITH, 2003; BAUMERT et al., 2006; PURGE et al., 2006).  Esta  condição  está  provavelmente  associada  a  uma  recuperação metabólica insuficiente, o que acarreta uma queda nos níveis de Trifosfato deAdenosina (ATP) (VARLET-MARIE et al., 2003). 
Para Kenttä e Hassmén, (1998) o estado de overreaching é o ponto de partida do continuum do overtraining e é também o ponto, no qual a má adaptação pode ocorrer se o atleta não for bem monitorado.
O  overreaching  pode  ainda  ser  entendido  como  parte  do  processo  da supercompensação do organismo (HALSON; JEIKENDRUP, 2004; PURGE et al., 2006; ACSM, 2009) sendo, frequentemente, utilizado pelos atletas durante um
ciclo especifico de treino para melhora do desempenho e, portanto, considerado parte vital para o aumento do desempenho, desde que seja ajustado o tempo de recuperação  para  a  supercompensação  (BUDGETT,  1990;  URHAUSEN; KINDERMANN, 2002).
Em  vista  disso,  de  acordo  com  a  definição  do  overreaching,  se  a recuperação do desempenho se dá em até duas semanas, o mesmo pode ser considerado  uma  condição  normal  ou  um  estágio  inofensivo  do  processo  de treinamento. (URHAUSEN; KINDERMANN, 2002; HALSON; JEIKENDRUP, 2004) sendo denominado por (MEEUSEN et al., 2006) como overreaching funcional.
O  overtraining  representa  a  mais  temida  complicação  em  atletas competitivos  (URHAUSEN;  KINDERMANN,  2002),  sendo  uma  desordem caracterizada  por  um  decréscimo  persistente  do  desempenho  atlético (GLEESON,  2002;  URHAUSEN;  KINDERMANN,  2002) que  afeta  um  grande número  de  atletas  (MARGONIS  et  al.,  2007),  é  considerado  uma  síndrome complexa, na qual há um desequilíbrio entre o estresse do treinamento bem como de outros fatores e a recuperação (HALSON et al., 2003; BAUMERT et al., 2006; ALVES,  2006),  ou  ainda,  uma  condição,  na  qual  o  atleta  está  treinando, excessivamente,  com  uma  baixa  qualidade  de  recuperação  e  sente-se mentalmente  fadigado,  apresentando  uma  deterioração  do  desempenho (HARTMANN; MESTER, 2000; HEDELIN et al., 2000; SMITH, 2000; VARLETMARIE et al., 2003; MARGONIS et al., 2007) que pode levar meses (MEEUSEN, 2007; NEDERHOF et al., 2008).
Essa  síndrome  pode  ser  atribuída  a  um  distúrbio  neuroendócrino (hipotálamo-hipofisário-adrenal) que resulta do desequilíbrio entre a demanda do exercício e a possibilidade de assimilação do treinamento acarretando  falha no controle dos efeitos do estresse do treinamento  (PETIBOIS et al., 2003;  SILVA, 2004; ROHLFS et al., 2005; BUDGETT, 2008).

Apesar da queda do desempenho ser considerada um marcador confiável, nenhum consenso foi ainda alcançado a respeito do nível e proporção dessa diminuição  do  desempenho  em  diferentes  momentos  do  supertreinamento (RAGLIN, 1993; HOOPER, 1995; O’CONNOR, 1998).
Atletas em todos os níveis de desempenho podem desenvolver a síndrome de overtraining e um relevante número de sinais e sintomas tem sido associado à
mesma, (COSTA; SAMULSKI, 2005; ROGERO et al., 2005; ALVES et al., 2006).
Além  da  dificuldade  em  manter  os  regimes  de  treinamento  com conseqüente queda no desempenho, os atletas podem apresentar infecção do trato  respiratório  superior,  imunossupressão,  percepção  de  pernas  pesadas, fadiga generalizada, aumento da percepção subjetiva do esforço, alterações da freqüência  cardíaca  e  concentração  de  hemoglobina,  disfunções  no  sistema nervoso  autônomo,  distúrbios  do  sono  e  do  apetite,  alterações  de  humor, depressão, diminuição dos estoques de glicogênio entre outros (BUDGETT, 1998; KENTTÄ; HASSMÉN, 1998; HARTMANN; MESTER, 2000; WEINBERG; GOULD, 2001; GLEESON, 2002;  BRUN, 2003; GAUDARD et al., 2003; HALSON et al., 2003;  SMITH,  2003;  VARLET-MARIE  et  al.,  2003; ATLAOUI  et  al.,  2004; HALSON; JEUKENDRUP, 2004; JEFFREYS, 2004; MASO et al., 2004; MOUROT et  al.,  2004;  VARLET-MARIE  et  al.,  2004;  COSTA;  SAMULSKI,  2005; O’CONNOR; PUETZ, 2005; ROGERO et al., 2005; ALVES et al., 2006, CUNHA et al., 2006).

Fatores como monotonia dos treinamentos  (ex: falha em incluir variações no treinamento como, dias fáceis entre dias de treino difíceis), aspectos sociais, educacionais,  ocupacionais,  econômicos,  nutricionais,  viagens  (sem  a possibilidade  de  escolha  do  atleta, o  excesso  de  pressão  e  de  competições podem  contribuir  para  o  overtraining (FOSTER,  1998;  COSTA,  2003),  mas  o principal fator  causal dessa  síndrome é a recuperação inadequada  (KENTTÄ; HASSMÉN, 1998; KELLMAN, 2002).

Desta maneira, tantos atletas profissionais como amadores, independente do nível de treinamento, estão sujeitos a desenvolver essa síndrome, principalmente quando atingem uma estagnação no avanço dos resultados, conhecida como platô. Em resposta a esse platô, o atleta profissional ou amador, vitima da desinformação ou da falta de um planejamento adequado, treina cada vez mais e mais.
Estudos realizados constataram que 50% dos jogadores semi-profissionais, 65% dos corredores de longa distância e 21% dos nadador entraram em estado de super-treinamento em algum momento de sua carreira (Gastmanm e Lehmanm, 1998), tornando-o o número um em lesões de esportes sem contato (corrida, natação, musculação, por exemplo).

Os sintomas de overtraining são os mais variados, e não podemos eleger um único para diagnóstico. Confira seus principais sintomas:
  • Fadiga Persistente;
  • Mudança no Estado de Humor;
  • Queda no desempenho do treino;
  • Diminuição da Força Muscular;
  • Dores Musculares;
  • Insônia;
  • Fatores de estresse psíquicos e sociais;
  • Alimentação inadequada;
  • Aumento da incidência de lesões;
  • Sistema imunológico afetado;
  • Aumento do hormônio Cortisol (catabolismo);
  • Baixos níveis de testosterona;
  • Perda da motivação.
Caso você se enquadre em alguns do sintomas acima, procure o profissional de educação física que lhe assiste e converse a respeito. Um profissional qualificado adequará as sessões de treino de acordo com a sua realidade, alimentação, demais atividades e objetivos. O melhor tratamento do overtraining é o repouso e pode variar entre 1 e 8 semanas,  dependendo de cada caso. Além do repouso outras medidas podem ser tomadas. São elas:
  • Redução das cargas de treino;
  • Pausar a atividade atual e procurar uma atividade que lhe proporcione mais prazer;
  • Promover uma recuperação passiva e ativa, que consiste em pequenos jogos, corridas leves, treinos regenerativos;
  • Avaliação individual meticulosa dos fatores de estresses psíquicos e sociais, aliado a informações detalhadas sobre treinamento, competição e alimentação.
CONCLUSÃO: 


Existe uma dificuldade em se conduzir pesquisas com atletas em overtraining por não se saber o momento exato em que o mesmo ocorre. A falta de padronização na definição dos termos dificulta a comparação entre as pesquisas. Assim, estudos que  sugeriram  ter  induzido  o  desenvolvimento  do  overtraining para  pesquisa, provavelmente, induziram o estado de overreaching e interpretaram tais resultados equivocadamente.
Os  mecanismos  do  overtraining são  difíceis  de  avaliar  em  detalhes,
possivelmente, porque o estresse causado pela carga excessiva de treinamento, juntamente com outros estressores, podem afetar diferentes mecanismos corporais nos  mais  variados  sistemas  tais  como:  imunológicos,  hematológicos, neuroendócrinos,  psicológicos  e  outros  sistemas  fisiológicos  que  se  interagem, portanto, apontar um único indicador para o overtraining pode ser equivocado.

A melhor estratégia para se evitar o overtraining é a prevenção. Essa pode ser realizada mediante um controle adequado sistemático das cargas de treinamento para  que  se garanta o  equilíbrio  estrese/recuperação  ao  longo do  processo.  O overreaching é um momento chave no desenvolvimento da Síndrome do Estresse de Treinamento, já que, marca o início da falha dos mecanismos corporais em se adaptar ás demandas impostas pelos estressores de treinamento e não treinamento, portanto, mais importância deve ser dada ao controle da carga de treinamento a curto prazo, para se identificar e entender o momento no qual a má adaptação ocorre, afim de revertê-la em uma adaptação positiva e supercompensatória.
Porém, para que isso ocorra é preciso que atletas e treinadores conheçam a síndrome,  seus  sinais  e  sintomas  e  se  preocupem  em  controlar  a  carga  de treinamento em curto prazo. Enquanto nenhum marcador pode ser considerado como um indicador independente de  overtraining, o monitoramento da carga de treinamento,  por  meio  da  combinação  de  vários  parâmetros  hematológicos, imunológicos, enzimáticos, endócrinos e psicológicos, deve ser a melhor estratégia para identificar atletas que falham em adaptar-se ao treinamento.
Acredita-se  que  as  pesquisas  devem  ser  direcionadas,  no  intuito  de  se entender  os  processos  fisiológicos  e  psicológicos  envolvidos  na  adaptação  do organismo dos atletas aos estímulos a que são submetidos a cada fase de um macrociclo de treinamento, enfatizando, dessa forma, o controle a curto prazo parase  identificar  o  momento  exato  no  qual  a má  adaptação  pode  ocorrer  e quais parâmetros respondem à carga de treinamento indicando uma má adaptação aguda que poderá se tornar crônica. Assim, outras pesquisas precisam ser realizadas com o  monitoramento  regular,  talvez  semanal,  dos  parâmetros  imunológicos, hematológicos, enzimáticos e psicológicos, durante um macrociclo de treinamento.
Dessa forma, o equilíbrio estresse/recuperação pode ser mantido, evitando uma resposta negativa do atleta e minimizando o risco do mesmo vir a desenvolver a síndrome do overtraining.

É comprovado que treinos intensos são melhores em diversos aspectos, mas estes devem ter uma supervisão adequada. Não copie treinos de outras pessoas ou atletas, nem siga o treino da moda a revelia! 
A individualidade, os limites de intensidade/volume do treino  e repouso devem ser respeitados para obtenção do sucesso.

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Fontes:
http://www.ufjf.br/pgedufisica/files/2012/12/Disserta%C3%A7%C3%A3o-Rog%C3%A9rio-Tasca-Nunes.pdf

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